quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Já foste

Desta já nos safamos
O Natal já passou
Já nos podemos tratar como antes de…
Para o ano há mais
Haverá também votos de boas festas
Mais S M S a granel.
Que pena ter de ouvir…
Que bom, este Natal já passou, ou
Andamos numa correria
Para comer batatas com bacalhau…
Que pena este natal da mesa
Que triste o natal da barriga
Para quando o natal, Natal
O da consciência
O do coração
O Natal a sério
O natal de Jesus
O Natal do amor?

domingo, 23 de dezembro de 2012

Natal festa da família

Será? Onde e como?
Feliz Natal. Festas felizes.
Com tanta gente a dizer, o Natal bom tem que ser.
Com tanta boca a desejar, a festa vai ter que durar.
E o resto?
Ou melhor, o principal, a essência primeira?
Preparar a festa precisa-se
Ser família é necessário
De sangue só não basta
Também de amor
Que fazer para tal acontecer?

Dia um de Janeiro, dia dedicado à paz
Começar aí a preparar Dezembro
Pensar todo o ano que o Natal vai acontecer
Viver em paz para o Natal ser feliz
Semear o amor para haver festa da família
Antes da mesa preparar o coração
Dar guarida ao menino
Em algo mais asseado que um curral
Durante todo o ano
Para em Dezembro
Acontecer Natal.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Por ser Natal

Fazer antevisão nunca foi muito o meu forte (salvo raras excepções), por isso deixo essa “grande arte” para os analistas políticos, comentadores de futebol, ou videntes de fim-de-ano.
Aquilo que eu, mesmo desajeitadamente, gosto de fazer é falar de factos consumados.
E por que se calhar para muitos o Natal passa a correr é tempo de fazer balanço, do constatar das virtudes de mais uma festa que se pretende de alegria, mas que não é mais que consumismo e consumição.
De uma altura que se pretende de paz, mas que só traz alvoroço, desespero e frustração.
De uma época rica quando se busca o essencial, que robustece a vida e nos deveria impelir a uma contagiante alegria, e o que se vê são pessoas tristes, entediantes que mais parecem guarda-chuvas sem varetas.
Mas isto do Natal vai mudar, e porque mais fundo não pode bater, a tendência é para melhor, e para melhorar podemos começar por agradecer a Deus o termos vivido mais um ano, o olharmos à volta da mesa e podermos dizer: “felizmente continuamos todos”, e depois vivam as prendas, viva o preparar da mesa, viva tudo o que o Natal merece.
E porque o Natal é nascimento, para melhor o vivermos, deixemos nascer em nós a vontade e o compromisso de procurar o verdadeiro Natal onde ele está.
Começar por onde?
Pelas ruas iluminadas das cidades?
Nas luzinhas multicores dos beirais e varandas das nossas casas?
No “apinhamento” dos hipermercados? Nas filas intermináveis de trânsito que nos levam às compras? Não, se calhar por aí nunca encontraremos o Natal sério e verdadeiro.
Penso que sem andar muito o encontraria por certo no vizinho que precisa da minha ajuda, no doente que me custa a entender, no riso puro de uma criança, no bom ambiente que posso promover no meu lar, na minha família, nos grupos em que me insiro, no abrir da minha mão que tem pouco, mas que poderá repartir com aquele que tem menos.
Enfim, porque sei que isso se pode fazer, acredito que o Natal pode ser diferente daquilo que eu faço e vivo. Porque Deus colocou o Seu Filho no meu mundo, eu acredito que este mundo vai melhorar, por isso eu também, e só no assumir desta realidade o Natal pode ser vivido hoje, e amanhã continuar a ser Natal.
 PS: Vem aí um novo ano. Força gente!

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Carta para o amigo jardineiro

Olá caro amigo, como te vais dando por aí?
Cá no nosso jardim os jardineiros abundam, surgem aos magotes sempre prontos a substituir algum que abandona a jardinagem por não concordar com o jardineiro chefe.
Quem entra é de publicitada competência, mas de flores nada, a terra está cada vez mais nua.
Há quem diga ser culpa da seca, o que para mim soa a falso porque por aqui continua a haver muito quem regue, não no sistema de aspersão, mas que vai causando muita impressão lá isso vai.
Por aqui o Inverno vai-se aguentando, embora nem se dê por isso porque as coisas têm andando muito quentes, esperemos que no verão venha alguma chuva, será muito bem vinda desde que não seja nos bolsos dos mesmos de sempre.
 Quando eras tu o jardineiro poucos gostavam de ti, hoje não sei porquê alguns começam a ter saudades, nesse tempo Portugal era um jardim à beira mar plantado, não faltavam as flores mas a fome era mato, hoje a fome continua a existir, com a agravante de não haver flores.
Tu já tinhas partido quando a predominância cá no jardim foi plantação dos cravos, todos se agarraram ao cravo, cravaram o jardim de “cravas” o que levou a flor a murchar em pouco tempo.
Com o esmorecer do cravo, veio a mania da rosa, mas mesmo nos canteiros com rosas havia uma grande variedade de cores, aos jardineiros da altura começou a pedir-se mais qualificação, já não pegavam na sachola e passaram a ser engenheiros de mão fechada. Para que saibas digo-te: --
Ainda hoje aparecem por cá jardineiros que fazem muitas flores, mas é tudo artificial, flores cuja matéria inflamável é imprópria para consumo, e nós os habitantes do jardim andamos cada vez mais consumidos, sem as flores que podiam embelezar as nossas vidas.
Mas que se há-de fazer, o jardim está nas mãos do jardineiro…
Até a próxima António, e se um dia te for visitar, não contes com flores, primeiro porque não as há, segundo será muito mais fácil para mim arranjar um molho de ervas daninhas.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

maranatá

Vem Senhor Jesus
Vem Deus Redentor
Espero por Tua luz
Vem Divino Senhor

Espero mas não parado
Espero em preparação
Quero acolher-te Jesus
No presépio do meu coração.

Vem estrela da manhã
Vem brilhante sol do dia
Espero por Ti luz nas trevas
Vem razão de minha alegria

Espero por Ti rei menino
Espero Teu reino de paz
Quero viver Teu amor
Todo o bem que ele me traz.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Consagração a nossa Senhora

Santa Virgem Maria,
Derramai na nossa alma
Um pouco da vossa alma,
Nos nossos corações
Um pouco do vosso amor,
Nas nossas vontades
Um pouco das vossas virtudes,
De todas as vossas virtudes.
Não vos pedimos esta ou aquela virtude,
Mas todas as virtudes.
Porque o que nos impele em vós,
É este equilíbrio de virtudes…
Fazei-nos falar como pensamos,
Agir como falamos,
Para que as nossas palavras e toda a nossa vida,
Sejam um eco das nossas convicções profundas,
E dum profundo amor. Inspirai-nos as palavras que precisamos dizer,
As censuras que é preciso fazer,
Os elogios que é preciso dar.
Dai à nossa vida um entusiasmo generoso,
Que nos leve a ir ter com os outros,
Oferecer-se a todos, colocar-se ao serviço de todos.
Neste serviço ao próximo.
Ensinai-nos a difícil arte de oferecer sem impor,
De persuadir sem violentar,
Respeitando a liberdade das almas,
E de saber esperar a hora de Deus.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O boato a mentira e a língua

Contavam-me em tempos uma jocosa história em que entrava um branco, um preto e uma banana.
Durante a narração, várias peripécias em que versava o preto e o branco, mas o contador da história nunca falava da banana, o que me levava a perguntar no fim:
“Então e a banana?”.
Estrondosa gargalhada e o conselho maldoso do sítio onde meter a dita.
O que me proponho hoje contar é a história do boato da mentira e da língua.
“Ainda o sol não rompera as espessas nuvens, já o “boato” se pusera a pé.
Arranjou-se bem arranjado para mais um dia de intenso labor, encheu os pulmões de ar e saiu à rua disposto a fazer jus ao seu nome.
 Entrou no café da esquina, tomou assento no meio de grande aglomerado de pessoas e lá deposita a sua peçonha.
De seguida passa pela barbearia para se pôr mais apresentável para um encontro na praça principal.
No extremo oposto da aldeia, já com o sol a brilhar, a “mentira” acorda sobressaltada, porque já devia estar na rua a cumprir a sua missão escabrosa, e não pensem ser fácil o seu trabalho.
Maquilha-se cuidadosamente para melhor parecer e ela aí vai ao encontro daquele que mais apoio lhe dá na sua tarefa, o “boato”.
Depois de se cumprimentarem, a “mentira” toma pelo braço o “boato” e bem juntinhos decidem empreender o caminho de sempre, destilando o seu veneno.
Passam pelas escolas, entram nos locais de trabalho, infiltram-se em vários lares, colocam-se no centro da política, no seio dos sectores desportivos e tomam assento nas reuniões de alguns grupos; depois acampam em toda a aldeia, e assim repousam de tanta canseira, para fresquinhos, na manhã seguinte, começarem nova campanha.
” Aqui acaba a história. Da língua eu não falei.
Quem tiver coragem faça a pergunta e depois faça com ela o que entender.
Eu já decidi o que fazer.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

"Recordações"

 Uma infância conturbada, onde o direito de ser criança, quase não existia.
As dificuldades para viver sentem-se no que se vê.
O trabalhar árduo e contínuo do pai, o acompanhamento zeloso e constante da mãe.
As refeições dos muitos filhos à volta dum banco, sentados noutros mais pequenos.
O caldo de pão pela manhã, que colmata a falta do leite.
O amontoar da lenha para o forno para a feitura do pão.
O acompanhar os mais velhos nos trabalhos caseiros.
O fazer dos recados com o intuito do ganho de responsabilidade.
A lareira de tijolos. A candeia a petróleo sobre a padeeira do forno.
A ronda da mãe antes de dormir, com o candeeiro na mão.
As brigas, o espaço por baixo da cozinha, refúgio perfeito em mente de criança, para cenário de guerra.
A “doutrina” infantil às quintas de manhã.
O correr e jogar à bola descalço.
O rebentar dos dedos, o curativo para parar o sangue com açúcar e teia de aranha.
A escola, os professores, o aparo e a tinta para escrever.
Os livros escolares, estimados mas muito usados, com as marcas dos dedos dos irmãos mais velhos.
A sapatada do pai, o socorro da mãe que melhor compreende e perdoa.
A alegria das festas, a ceia de Natal.
A regueifa da Páscoa, a visita nas casas do “compasso”.
Os aniversários dos filhos com jantar melhorado.
Uma infância menos feliz? Se calhar.
Mas ainda hoje recordada como escola de vida.

sábado, 24 de novembro de 2012

Passo a passo

Nem reparei no que calçava
Mas não devia estar descalço
Pelo conforto sentido dir-me-ia bem calçado
Calcorreei toda a espécie de piso
Entrei em terreno lamacento
Caminhos pedregosos
Abeirei-me de precipícios
Cambaleante e enfraquecido
Escorregando por vezes
Mas nunca caído.
Por alguns dado como perdido
Sempre me encontrei
No abraço forte do Pai
Sempre me senti amparado
Para alguns caso perdido
Sempre presente para outros.
E o caminho faz-se
Se correr me não é permitido
Avanço com lento passo
Mas avanço e recupero as forças.
Vencendo cepticismos
Perscrutando novas estradas continuo
Nem reparei no que calçava
Mas não devia estar descalço.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A fome campeia

A fome saiu à rua, foi andando de mansinho sorrateiramente à procura de guarida no intuito de se instalar. Não avisa quando vem, mas quando aparece é para ficar e, dificilmente é desalojada.
Não entra em todas as casas porque algumas já se precaveram contra essa praga.
Preveniram-se a tempo com altas grades de protecção, com sofisticados sistemas de alarme e câmaras de vigilância, e assim a dita não consegue entrar.
Mas a fome não desiste, continua imperturbável o seu caminho e entra em zonas mais fragilizadas onde as ruas são tugúrios e as casas são abarracadas.
Aí não há resistência de qualquer espécie e ela nem precisa que lhe abram, qualquer brecha das muitas que tem a construção permite a sua penetração.
E há muitas casas que estão em risco de desmoronar por tantas fendas feitas na tosca construção.
É a”fenda” do desemprego, a “fenda” da baixa escolaridade.
A “fenda” dos baixos salários, a “fenda” da velhice e da doença, a “fenda” da marginalidade e da marginalização, a “fenda” da exclusão social, a “fenda” da falta de capacidade intelectual e tantas outras que fazem das paredes um buraco só.
Mas a fome continua a avançar e entra noutros domínios.
Ela é companhia assídua de jovens casais que optam por conviver com ela para não faltarem a outros compromissos.
É pendura e anda sempre à boleia.
Acompanha os seus “portadores” para a escola, para o trabalho, para as ruas e becos, e volta de novo para as casas onde mora de favor, e aí é muito mais sentida e notada.
A fome está no insucesso escolar, está nas desavenças familiares, mas, também vai ao futebol, vai aos espectáculos de Rock, porque como diz o povo” anda muita fome encoberta”.
Mas como nem só de pão vive o homem e do outro alimento também poucos o procuram, cada vez temos mais fome a descoberto, e ela campeia em muitos lugares que se pensavam interditados.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A luta continua

Na tempestade não perdi o caminho
Em dias de temporal continuo
Sempre me aguentei
Sem alforge nem sandálias
Mas de firme esperança nunca descalço.
Empunhando o bastão da fé
As ravinas são vales frondosos
Seguro no cajado do amor
O deserto se torna aconchego.
Viver feliz mesmo sofrendo
Por nunca me saber só
É loucura saudável nesta viagem
 Que me permite viajar sem capa
A capa do coitadinho
Do doente estigmatizado.
Esse traje nunca vesti
Por muito oferecido que fosse.
Nunca escondi o meu rosto
No jejum sempre sorri
Sozinho nunca vencerei a guerra
Com ajuda esta batalha ganhei
Para outras que forem surgindo
Estamos aí.
E como disse meses atrás
Não… ainda não morri.

sábado, 3 de novembro de 2012

Um povo "refundido"

“Mas quem é o povo para saber o que o povo quer?”
Esta é uma frase publicitária, em que tomei a liberdade de trocar a palavra consumidor, por povo, sabendo que o povo nesta fase é mais consumido que consumidor.
Mas quem é o povo para saber o que o povo quer?
Quem é o povo?
Quando os senhores da tribuna cospem a palavra povo a quem se referem?
Se calhar aos pobres, aos desempregados, aqueles que trabalham, mas só servem para pagar impostos, porque eles os senhores da tribuna, não devem pertencer a essa ralé, pois não os vejo a passar os sacrifícios que o pobre “povo” vai amargando.
Quando frequentei o ensino nos anos sessenta, aprendi a divisão da sociedade em classes:
O clero, a nobreza e o povo.
Como será que ela hoje é dividida?
Fica a pergunta.
 Porque se eu tivesse a ousadia de responder como vejo esta divisão, iria por certo dividir opiniões, entre os que me chamariam de mal educado, e os que me achariam louco.
Por falar em loucura, haverá alguém do povo que me saiba elucidar sobre a palavra refundação?
O dicionário de português nada me diz, que será refundação?
Será alguma palavra troikana?
Quando mais novo, na casa de meus pais, a água para consumo era proveniente de um poço que de quando em quando era refundado para dar mais água.
Será que esta “refundação” falada pelos senhores da tribuna, é para afundar mais o país, afundar mais o povo, ou meter mais água?
“Mas quem é o povo para saber o que o povo quer?”

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Mudança precisa-se

Todo o mundo é composto de mudança.
 Então porquê tantas situações que poucos se atrevem a mexer?
Ser vermelho ou azul, rosa laranja ou verde politicamente ainda vá que não vá, mudam aqueles que pretendem maior visibilidade e ingressam na cor que está na moda.
A cor da camisola clubista é proibido mudar, isso seria a vergonha, a cobardia e o descrédito, seria a pura infâmia de autentico vira casacas.
De mulher\homem nunca se viu nada igual, tanta é a facilidade de permuta, que em alguns casos ainda não se mudou, mas já se usa aquilo que vai ser o móbil da troca.
Neste caso o indecente do hipocondríaco quando não sente nascer os apêndices justificativos da dita troca ainda pergunta ao médico de família se não será falta de cálcio.
A mudança de automóvel também se faz consoante a conta bancária.
Na religião mudam aqueles que não estão bem em lado nenhum e nem sabem bem o que querem porque na realidade nunca quiseram nada.
Na mentalidade, aí alto e pára o baile. Custa em demasia a mudança.
Sou casmurro e teimoso mas já nasci assim.
Eu penso desta maneira e só a terra me fará mudar.
Para quê mudar?
Mudar por mudar, não, mas mudar para inovar porque não?
Nem sempre que se muda o sintoma é a de falta de coerência.
Mudar pode ser atitude responsável se aquilo que se muda, deixou de fazer sentido.
Levanta-te homem de esperança; avança, arrisca, faz algo novo, carpir mágoas pouco importa, tocar sempre a mesma tecla aborrece.
Toca um novo instrumento, canta outra letra, não fiques no saudosismo pode ser doentio.
Se não se confecionar novo prato será sempre a mesma “chapa,” sem inovação na culinária nunca se aprenderá a comer novos sabores, só comendo diversificadamente se compara qualidade.
“Tudo que é demais chateia, sempre a mesma coisa cansa.”
O mundo é composto de mudança.
Mudança precisa-se

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Depois disto...

 Somos tratados como rebeldes crianças
Nada nos é proposto
Tudo é “imposto”
Ou fome ou falência
Ou caos ou precipício
“Ou mato ou morro”
Ou palha ou água
Se queres, queres,
Se não queres, queres na mesma.

 Ultimo comunicado…
O imposto vai aumentar 10%!

Reacção pronta à porta do ministério
“Ladrões do povo, vampiros do meu sangue”

O recuo; bem na verdade não vai ser preciso tanto
Bastam 8%.
(Lembrando a anedota)
“Ó amigo aconteceu uma desgraça em tua casa
Morreram todos asfixiados:
- Que desgraça, que vai ser de mim?
Calma amigo, só morreu a tua esposa e os dois filhos
O gato ainda está vivo”.

Diz o manso acomodado
Podia ser pior.
Uma pôrra:
Ando eu entretido com a zanga do PP (Pedro/Portas)
E pela minha porta é que nada entra
Nem frango quanto mais coelho.
Acordai…
Em Espanha, ouve-se Zeca Afonso,em Grândola vila Morena
Em Portugal cantamos o tiro-liro.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Dias de inverno

A chuva martela nas telhas
Por cima da minha cabeça.
Na minha secretária improvisada
Com as costas a oeste resguardadas
Olho a este sem parede
Para onde a inclinação do telhado
Faz cair as gotas da chuva
Hoje transformadas em cascata.
Ao longe os choupos parecem dizer-me adeus
Com os ramos num bailado frenético
Ao som de música ininterrupta
Em que o vento é autor e compositor
A trovoada que não ouço, mas vejo no clarão dos raios
Associou-se na borrasca
As faíscas parecem flashes de máquina
Querendo fotografar este dia de céu carregado e negro.
As ervas no campo agitadas e erguidas
Sorvem a água que não cessa de as fustigar.
Entre o barulho da chuva e do vento
O lúgubre tocar do sino na torre da igreja
Dá sinal de que alguém partiu.
Sim porque os soldados mesmo que sejam da paz Infelizmente também morrem.
Dia negro de coração despedaçado
De olhar toldado pelas lágrimas
De pernas bambas e mãos trémulas
Porque estes dias menos claros
Em que as vidas desabam como a chuva
Deixam a nossa alegria de viver
Inevitavelmente mais triste.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Até já

Que bom é poder partir
E para sempre ficar
Não ter fugido à luta
E saber que lugar
Ocupar na vida
E já depois dela
Ser porta de entrada
Caminho sem cancela
Que impeça o mundo
Que nunca soube ver
Descobrir que no fundo
Se o homem morrer
Deixa um vazio
Uma presença ausente
Mas a obra fica
Está sempre presente
Para ser vivida
E jamais esquecer
Que quem vive a vida
Nem a morte o faz morrer

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Que fazer da vida?

Alguma coisa terá que se fazer da vida, nem que seja só vivê-la.
O que já não será pouco, menos será não merecê-la.
Viver é como quem corre atrás do bem que se quer muito.
 Écoragem, é audácia.
Viver é construir, viver é fecundar.
Viver contra as adversidades é viver em cheio, é ter vida cheia, cheia de problemas mas de alegrias e vitórias também, porque a pressão que me fazem aqueles que deviam estar comigo é o oxigénio para a minha corrente sanguínea.,
É a armadura que me permite ir à luta, e lutar em todas as frentes.
É aí que eu vejo que a minha pequenez confunde os grandes gigantes que se propõem a sufocarem-me.
É aí que eu vejo que, «quando me sinto fraco é que sou forte», porque ficam sempre do meu lado outros anões que se agigantam quando vêm em meu auxílio, e eu não prescindo da sua presença.
«O Senhor é minha luz e salvação aquém temerei? O Senhor é o protector da minha vida de quem hei-de ter medo?»
Se quero fazer alguma coisa da vida não preciso falar muito, o silêncio é de prata, e silêncio precisa-se.
Por isso preciso de me calar mais, de ver melhor e calar.
 Calar principalmente quando o que digo é nada.
Calar quando só faço barulho.
Calar quando não tenho razão e saber calar quando a tenho.
Calar quando estou calado porque só com o meu olhar eu falo mesmo não dizendo nada.
É preciso calar quando falo alto, e falar sem medo se o que digo concorre para o bem de todos.
Calar para ouvir quem devo.
Calar para ouvir melhor.
Calar e aceitar o que Deus quer de mim e aquilo que me quer dar.
Calar para melhor servir.
Fazer sem falar.
Falar calado.
Calar para dizer bem.
Silêncio precisa-se, precisa-se também de homens e mulheres com coragem para o fazer.
Porque, “alguma coisa terá de se fazer da vida.”

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Esperança mexida

É mexendo a polpa do fruto
Que borbulha no taxo fervendo ao fogo
Adicionando o necessário açúcar
Que se consegue a marmelada esperada
Doce e compacta. Se não mexer queima
E o resultado esperado já era.
Poderá ainda ferver-se as cascas
Mas o fim esperado ficará aquém
E a esperança posta no conteúdo
Nunca dará marmelada.
Esperar mexendo
Esperar fazendo caminho
Caminhando a espera é menos penosa
Dói muito mais fervendo só a casca
Metendo tudo na panela
Pode esperar-se algo doce e bom
A marmelada da esperança
A esperança consolidada.
Se ferver no fogo
Se mexer sempre
Fica linda essa esperança.
Mesmo que não comida.
Mesmo que não conseguida.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Ardente chama

Se chamas eu ouço
Quando as chamas são o grito
Eu ouço e vejo.
Sinto o calor do fogo
Ouço o crepitar das chamas
E quanto mais alto chamas
Mais as chamas se propagam
Mais o calor atiça e sufoca.
Vejo e ouço as chamas
Se chamas.
É no teatro do fogo
Que as chamas se combatem
Se chamas.
E quando chamas
O fogo amaina
As labaredas se extinguem
E do rescaldo fica a cinza
A calma no grande fogo
Que agora extinto
Sempre reacende
Porque a chama persiste.
E quando as chamas são o grito
Eu ouço e vejo
Se chamas eu ouço.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Rica miniatura

Na pequena miniatura está lá tudo
A cor o estilo
O saber a inteligência
O amor o brilho
O querer a irreverência
A pressa a correria
A expressão no olhar
A inocência a espontaneidade
O franzir do sobrolho
Até no piscar do olho
A digna e pura vaidade
A teimosia constante
O riso contagiante
O querer convincente
O não da contestação
O meigo beijo que adoça
O sim com todas as letras
A argúcia da contemplação
A impaciência na conclusão
O admirar da natureza
Os vinte meses mexidos
Nos sentidos desenvolvidos
O seu doce chamamento
A alegria a cada momento
A companhia amorosa
A força do seu amor
Está tudo na Leonor.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Longe e tão perto

Longe, muito longe
Fica o que não vejo
Ver é o meu desejo
Fechando os olhos já sinto
A presença reconfortante
Do olhar que a cada instante
Me instiga dá alento
Indicando o que é certo
O que era longe fica perto
Tão perto que entra e fica
Faz morada habitação
Terminus à solidão
Dentro é limpeza e asseio
É ar purificador
Traz alegria o amor
Que na mesa é alimento
Pão que sacia purifica
E o que era longe, muito longe
Está tão perto e perto fica.

sábado, 22 de setembro de 2012

Grato pelo cuidado

Obrigado
Pelo cuidado e preocupação
Acredita não te minto
Mas se não crês no que sinto
Faz a tua constatação
Obrigado
Pelo cuidado premente
Já tenho o rumo traçado
Mesmo que pareça parado
Olho sempre mais à frente
Obrigado
Pelo cuidado esmerado
Mas à força que me assiste
Nenhum mal lhe resiste
Por ela estou blindado
Obrigado
Pelo cuidado espelhado em ti
O futuro pertence a Deus
Mas seguindo os desígnios Seus
Não quero ir por aí.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Dois mil e doze

Ano da luta
Lutar sem causar dano
Sem crispação ou rancor
Armas activas mas sem disparos
Lutar mas não guerrear
Combater sorrindo
Rir sem ter ganho a batalha
Lutar rindo e pensar na vitória
Estar na frente da batalha
Sabendo da protecção à retaguarda
Dos flancos protegidos
Mas sempre sujeito à queda
Lutar mesmo caído
Estar caído na vertical
Sem fugas nem desvios
Lutar reagindo ao desânimo
Lutar contra para estar a favor
Sentir alento na refrega
Lutar por amor até na dor
Lutar por forças no tempo frágil
Encontrar no calor da luta
O objectivo
A felicidade almejada
Poder vencer mesmo vencido
E nunca parar de lutar.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Em busca da luz

No amarelo da cor
Nas pétalas tons laranja
Significa felicidade Vitalidade entusiasmo e calor
A energia positiva que vem do astro rei
São o alimento do “Hilianthus annus”
A que chamamos girassol.
A natureza dá o exemplo
Assim eu o seguisse
Sempre na busca da luz
Girando constantemente na procura
Posicionando-me sempre na direcção do sol
Imitando a flor no seu afã diário
Que também se fecha entristecida
E se curva sobre si
Com a chegada das trevas.
Quando surge de novo o sol
Eis o alimento esperado
Chega de novo a alegria
E no rodar procurando a luz
O homem qual flor no mundo
Robustece e ganha vida
Quando se faz amor
E se abre como o girassol.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Ai que flores

Lindas são as flores que nunca tive
Majestosos jardins
Nunca por mim regados
Cores vivas sempre imaginadas
Inebriante prefume
Nunca inalado
Formoso ramo em grotesca mão
Frágeis pétalas por olhares despidas
Verdes folhas em seco caule
Limitada irrigação de seiva
Por ventos fortes agitadas
Varadas pelo temporal
Resistem como abrasador fogo
As flores que nunca tive.

domingo, 9 de setembro de 2012

O comboio em andamento

Não silvou o apito
Nem foi levantada a bandeira
Mas teve início a viagem.
Tendo entrado no comboio
Tomei o meu lugar
Não de forma muito cómoda
Pois sabendo o dia do começo
Desconhecia por completo o dia de chegada.
Entretanto… pouca terra, pouca terra, pouca terra.
Muito lentamente rodando nos carris
Avança o comboio da vida.
Há apeadeiros que não são de paragem obrigatória
Já nas estações a paragem é ilimitada
Dá para conhecer bem o lugar
Fazer amizade com as pessoas
Contar da minha viagem
Do local de partida
E imaginar qual o fim da linha.
Neste comboio instalado
Sou maquinista e revisor
Eu sou quem limita a velocidade
Quem faz soar o apito com maior ou menor ruído
Mas quando apeado numa estação
Novas experiências, novos contactos
Até entrar de novo na linha.
Refaço a minha bagagem
Não nas malas de que abdiquei
Mas na minha disposição Espiritual
E tomo de novo o comboio.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Sonho ou pesadelo

O mar estava longe, a areia desaparecia da minha vista, o peixe aparecia à tona parecendo dançar ao sabor das ondas. A água era límpida, a bandeira azul já era vermelha, o que impedia o banho mas era substituído pelo espétaculo do bailar das águas. E eu qual Pedro (enquanto se manteve a fé) caminhava sobre o mar ao encontro de algo que não sabia o quê, no sonho, mas que eu acordado sabia bem o que era. Desapareceu o mar e apareceu um grande túnel, escuro como Breu. Fui avançando aos tropeções cambaleando como um bêbado em último grau. Pelo caminho era agarrado por fortes braços que tentavam impedir a minha progressão, mas a custo ia avançando. Chegado a um ponto que já me permitia ver o fundo do túnel, vislumbrava figuras horrendas que chamavam por mim a todo os pulmões, e com as bocas escancaradas não faziam prever nada de bom, não sabia se me queriam comer, ou se já me tinham comido e abriam as mandíbulas na mastigação. Tateei o rosto, o tronco e os membros, e pude constatar que ainda não era a mim que comiam, mas já tinham apanhado algum incauto esses filhos da noite. Como o medo não me tolhe nem em sonhos, avanço até à saída do escuro túnel e para surpresa minha as escabrosas figuras tinham desaparecido, dando lugar a um oásis silencioso, onde pude dormir tranquilo até sentir um ligeiro abanão e um sussurro que me diz: Zé, levanta-te são horas. Horas de quê? De acabar com o pesadelo e entrar no sonho, ou terminar de sonhar e entrar no pesadelo? Certo é que para ter belos sonhos nem precisamos estar nos braços de Morfeu, mas para enfrentar todos os pesadelos que nos assolam, aí sim temos de estar alerta, escancarar o pestanório, e ter todos os sentidos em ação. Acreditando plenamente no que diz o poeta, «o sonho comanda a vida», vamos vivendo no sonho, de mudança daqueles que só nos criam pesadelos mesmo connosco acordados, fazendo-nos crer que são sonhos pensando que andamos o dormir.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Tragos de vida

Quão saboroso é olhar para trás
Não tendo que virar a cabeça
Utilizando os olhos do coração
Que abarcam toda uma vida.
Que bom ver os campos
Terra com amor amanhada
E poder saborear os frutos
De todos os tamanhos e sabores
Beber do seu sumo a cada momento
Em taça, copo ou cálice.
Degustar sem gulodice
Mas usufruir bem o seu gosto
Como quem reza agradecendo
Ao Semeador Supremo
O ter feito de um servo humilde
Colaborador na sementeira
Na colheita do fruto germinado
Para depois o fazer sentar à mesa
Repleta de manjares
Alimentando a sua vida.

sábado, 25 de agosto de 2012

Chamamento


Chamaste por mim Senhor?
Se chamaste vá lá diz
Chamaste por mim gritando
Ou chamaste por mim falando
No silencio que eu não fiz?

Chamaste por mim Senhor?
Se chamaste não ouvi
Pois continuo a fugir
E a não querer sentir
Que estás comigo aqui

Chamaste por mim Senhor?
Deves ter chamado baixinho
Não abri meu coração
Para aceitar a vocação
De palmilhar Teu caminho

Chamaste por mim Senhor?
Por favor volta a chamar
Pois se te cansares comigo
Nunca te verei como amigo
Para tudo por Ti deixar.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A Prova continua

Eis-me chegado da ultima etapa
Integrado no pelotão.
As fugas que aconteceram
Todas foram neutralizadas
Algumas com grande esforço
Por isso o descanso merecido
O refazer de forças para nova corrida
Com prémio de montanha
No Monte da Virgem.

A partida já está marcada
No decorrer da prova
Conforme o andamento
Acontecerá o de sempre
Quedas, curvas perigosas
Algumas escaramuças
Onde eu mesmo esgotado
A precisar do carro de apoio
Espero chegar à meta.
Conto com o esforço de toda a equipa
Para uma boa participação.
A partida está marcada para...

15 + 10 – 5: 2 X 3 – 2 ( Agosto)

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Interregno

Parei.
Não de viver
Parei de escrever
Aqui.
Não no bloco
Esse vai comigo.
Parei no teclado
Sem ficar parado
Aqui vou parar.
Não estando de férias
A laboração à muito parou.
Pena outras situações não poder parar.
Mas é bom poder andar
Mesmo tendo de parar.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Quando os pilares "cedem"

Os pilares desaparecem
As estruturas enfraquecem
As pedras basilares desabam
Os alicerces não resistem
A edificação sofre derrocada.
É lenta a reparação
Se ruir entretanto morre
Faltam pedras angulares
Apagam-se as referências.
A torre não deve assentar em cascalho
Não é sustentáculo a pedra lascada
O cunhal da fortaleza não se dispensa
A solidez é fulcral
Uma escora só serve de amparo.
Gritai pedras.
Bradai dizendo onde vos escondeis
Apinhai-vos empenhando-vos.
Fazei-vos vida
Solidificai a casa
Fortificai o templo
Sede pedras
Pedras vivas…
Pilares com vida.

sábado, 4 de agosto de 2012

Medo? Não. Nem da morte

Por vezes fujo, mas não de medo
Fujo do degredo que é o enredo
Em que nos enleamos
Por medo não, por convicção
Procurando solução
Por forma a nos respeitar-mos.

Medo? Nem da morte
Nem da sorte que me bafeja
Estremeço sim de raiva
Por ver a miséria em que o homem rasteja.

Medo? Nem da dor
Que para mim é motor crisol na vida
Vacilo sim, até cair
Por ver e sentir tanta gente vencida.

Medo? Nem da guerra
Que abala a terra e nos faz sofrer
Quando o amor for a arma
O homem desarma e feliz vai ser.

Medo nunca, nem desta vida louca
Nem da coisa pouca que me faz sofrer
Sucumbo sim, à hipocrisia
Que me tira a alegria…
Mas de medo não hei-de morrer.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Portas que se abrem

Senti uma aragem fria
Mas o tempo que fazia
Nunca o fazia prever
O sol a pino tudo assava
E se o vento não soprava
Que me fez estremecer?

 Para que o cérebro não embruteça
Nem levanto minha cabeça
Mas célere a conclusão surgiu
Tantas saídas sem entradas
Com janelas escancaradas
Mais uma porta se abriu.

 Em cada porta um milagre
Provado o fel e vinagre
Entrar será salvação?
Para mim não, fico de fora
A vantagem por agora
É resistir ao empurrão.

 Encosto portas sem barulho
Fecho janelas ao orgulho
Que sentir eu poderia
Para não me deixar vencer
Teimarei sempre em viver
Resguardado da aragem fria.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Ter fé não é um negócio

 Além de alguma debilidade física, devo confessar que as dores e as tribulações nunca me trouxeram prejuízo. Fazem-me sofrer, claro, mas nunca me causaram prejuízo, nem à alma, nem mudaram a orientação da minha vida.
Tomo a liberdade de citar alguns escritores, por me rever em suas afirmações.
“O homem é um eterno aprendiz, a dor é o seu eterno mestre” (Alfredo de Musset).
“A dor aguça a inteligência e fortifica a alma” (Schaubert).
“A tribulação é o crivo que separa a palha do grão” (Rivadeneyra).
Poderão dizer que isto é literatura, preocupação em adoçar aquilo que é azedo, mas a dor quando não é assumida, leva à destruição.
Pessoas existem onde é inútil semear a esperança, digas o que disseres sempre encontrarão uma gota de veneno para se manterem na amargura.
O sofrimento pode ser tomado como um desafio, um obstáculo que me obriga a saltar mais longe.
De que adianta cultivar as minhas dores e revolver-me na tristeza?
Sofrer é sempre sofrer, mas poder olhar para o sofrimento da perspectiva de quem vive a fé, ajuda a encarar o futuro sem ressabiamento, porque a esperança, essa, ainda resiste.
Há pessoas que pensam que, quando se tem fé, os problemas desaparecem por si mesmos. Se assim fosse, ser crente era um consolo e um negócio rentabilíssimo. Mas a verdade é que normalmente, Deus não vai à frente dos seus a tirar do caminho todos os obstáculos em que poderiam tropeçar, ou a fazer que as dores saibam a chocolate.
Para aquele que crê sofrer é sofrer.
Mas ter fé, é ter consciência que o sofrimento consegue ultrapassar-se, com a ajuda Daquele em que se acredita.

terça-feira, 24 de julho de 2012

O Amor sempre

Ainda e sempre o Amor
Aquele que faz sem alarde
Que é energia e calor
É fogueira que arde
Contínua brasa incandescente
Que se dá gratuitamente
Sem esperar lucro ou retorno
Amor que se mostra no estar
Que se vê no abandono
Do eu
Do seu canto
Amor alegria e pranto
No partir teimosa lágrima
Por ir
No pôr-se a caminho
Amor nunca sozinho
Amor cativante
Sem palavras
Amor gesto desafiador
Que interpela e questiona
Amor que não esmorece
Amor que não abandona
Quando alguém dele carece
Porque…se só quem é amado
Sabe amar sem favor
Grita ao mundo estando calado
Ainda e sempre o Amor.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Encontro

Estou à espera do encontro
Ainda não sei com quem
Ainda não sei com o quê
Mas sei que me vou encontrar
A espera não é passiva
Já saí
Já me meti a caminho
Porque o encontro não é aqui
A espera não é passiva
O encontro exige preparação
A incógnita tem esse dom
E a reboque com as surpresas
Vêm carradas de incertezas
Mas o encontro sempre acontece
A todos
 Mesmo a quem não o espera
Quando se está preparado
Pode ser em qualquer lado
Estando parado
Ou a caminhar
Ainda não sei com quem
Ainda não sei com o quê
Mas sei que me vou encontrar.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

A vida presa por um fio

Ouvi há dias uma expressão que me deixou a pensar sobre a sua veracidade.
“A vida ganha outra perspectiva e dimensão, quando sentimos que a temos presa por um fio”.
Depois de pensar sobre o assunto, algumas dúvidas me assaltaram.
Haverá só alguns que vivem nessa situação, ou seremos todos nós, aqueles que ainda vivemos?
Haverá diferença na sustentabilidade e resistência do fio que nos prende à vida?
Será que até nesta situação existe diferença rico – pobre, fraco – poderoso?
Não creio, por isso insisto com algumas questões.
Quem está mais firme no fio que o prende à vida, eu que faço tratamento com o intuito de vencer um cancro, ou o jovem robusto e saudável que perde a vida num qualquer acidente de viação?
Quem vive mais sustentável, um velhinho enfermo ou um atleta que morre em competição?
Não é de hoje que adquiri a consciência que viver é um risco permanente, e que sei ser ténue o fio que me prende à vida, mas é nessa certeza que vivo, mas com muita confiança em quem sustém esse fio que me segura.
Não é um qualquer fio. Sei que não é um daqueles usados no manuseamento de marionetas.
O fio que me liga à vida, liga-me também a outras coisas importantes e de muito valor que eu não dispenso. Esse fio dá-me a liberdade para estar na vida e vivê-la. Se fosse um grosso cabo, daqueles que usam os que pensam ter bem agarrada a sua vida, porventura não teria tanto espaço para me movimentar na vida que quero viver.
Claro que tendo a vida presa por um fio, vou ter muito mais cuidado com as “tesouras” que de mim se aproximam.

 Ps. Para que conste: O cerco à fragilidade continua.

sábado, 14 de julho de 2012

Dedicatórias

O amor é doação
Que não se mostra falando
A vida é que dá testemunho
No caminho que se faz caminhando

Se o meu humilde escrever
A alguém for útil na vida
Vou sentir felicidade
Por ter feito “vida vivida”

Na vida nunca há metas
Há etapas a percorrer
É o percurso da vida
Que nos ensina a viver

A vida só tem sentido
Se for ganha cada dia
Pode ser dura a batalha
Mas não deixa a alma vazia

Há palavras que mesmo não ditas
São sempre de agradecimento
Por nos mostrarem que a vida
É vivida a cada momento

Há felicidades na vida
Que podem não ser o caminho
Viver bem é gratificante
Se eu fizer o meu destino

A semente é a palavra
O Semeador não sou eu
Mas colaboro com Ele
Com dom que Ele me deu

terça-feira, 10 de julho de 2012

Fragilidade cercada

O cerco está montado
Em torno da fragilidade
A resignação acontece
Submetendo-se ao outro
Mesmo contra vontade.

Se não gostasse de usar gravata
O seu uso por imposição
Me faria asfixiar
Estou frágil mas não derrotado
Conseguindo ainda dizer não
A cercos que me querem montar.

Por trás de cada palavra
Está uma refleção profunda
Posso ficar pela metade
Não dizendo toda a verdade
Deixando a realidade menos imunda.

Só considero o alternativo
Se um primeiro plano falhar
Alternativo deixa de ser
Quando é uma intrusão
Com o decorrer do primeiro
Sem o seu resultado esperar.

No seu cavalo cansado
Vai atravessando o deserto
O cavaleiro ferido de morte
Os abutres voam mais perto
Aparecem de todo o lado
Imagina-se do cavaleiro a sorte.

Num imaginário delírio
Onde as vítimas passam a réus
Os abutres parecem deus
E os catos de espinhos afiados
Surgem como fofo colchão
Onde a vítima se deixa cair
Sem conseguir de lá sair
Esperando a salvação.

sábado, 7 de julho de 2012

Realidade imaginária

“Quando estamos com insónias tudo o que pensamos é imaginário.”
Por inerência de alguns factos pontuais, o meu sono sofre de alguma perturbação, e entre focar-me nos números vermelhos do relógio digital sobre a mesa de cabeceira, ou no candeeiro de teto que vislumbro mesmo quando desligado, vou pensando em acontecimentos que parecendo reais, são na maioria imaginários.
Esmiúço minuciosamente factos acontecidos durante o tempo que designamos de dia, que foram apresentados como notícias mas que nas minhas insónias se tornam em algo de imaginário, porque na verdade eu não acredito que sejam reais.
Pode lá ser um enfermeiro ganhar 3.96 euros por hora?
Como pode ser verdade fechar escolas, hospitais, tribunais, centros de saúde e andar todo mundo a assobiar para o ar?
E o número de desempregados e de pobres famintos, de gente que tem de entregar as suas casas?
Vocês acreditam nisso?
Claro que é pura imaginação, os casos de justiça pendentes, como:
Casa Pia, Freeport, B P N, os crimes perpetrados pelo dr. Duarte Lima, as sucateiras etc, vocês acreditam que isto ainda não está resolvido? Claro que está, e todos sabemos o desfecho.
Alguém acredita na reforma que o sr. Macário Correia vai auferir pelo tempo em que foi deputado, agora que está em vista, ser destituído do cargo de presidente da câmara?
Haverá quem acredite ser possível conseguir-se uma licenciatura com dr. em dois semestres (1 ano) quando só se tinha uma cadeira completa com 10 valores?
A não ser que houvesse já uns cadeirões de braços à espera de ser comprados pelo dr.
Ah ele tinha muitos créditos.
Neste momento eu tenho só um para pagar em cada mês, mas se tivesse sabido que isto era possível, tinha trocado o crédito por cadeiras e deitava ao lixo os meus bancos de pau feitos.
“Quando estamos com insónias tudo o que pensamos é imaginário”
Será isto imaginário porque estou com insónias, ou é pura realidade porque me deixei adormecer?

sábado, 30 de junho de 2012

Morreu o "zeca"

Atingiu a sua maioridade, teve uma bonita existência aqui e ali com alguns percalços, mas o Zeca foi sempre muito comedido, nunca entrou em questiúnculas, não usava de exigências, nem comida reivindicava. O Zeca alimentava-se só quando lhe punham a comida à vista, o que acontecia sempre pela manhã e dava para vinte e quatro horas. Apesar de me ter afeiçoado ao Zeca, asseguro-lhes que nem uma lágrima verti, eu tinha a certeza que tal como eu, um dia ele iria morrer. Confesso que até fiquei um pouco aliviado, é menos uma boca para alimentar, o que neste tempo de vacas esqueléticas… é que o Zeca nunca ganhou para a casa, não usufruiu nunca de subsídios, não teve direito (nem torto) a desemprego, e não chegou a ter reforma. Para os 80 ainda faltava um pouquito, pois só tinha 18 anos. Como poucos sabiam da sua existência, não participei a ninguém a sua partida, tão pouco requeri certidão de óbito, poupei nas despesas de funerárias, senão tinha que vender algum bem que não tenho, e assim eu mesmo tratei de tudo. O Zeca saiu directamente de casa para um buraco aberto no quintal. Na altura não fiz qualquer oração, mas enquanto ele viveu, foi motivo de muita admiração, e olhando o Zeca eu reflectia sobre as maravilhas que a natureza nos propiciona, e assim eu rezava. Não avisando sobre o seu desaparecimento evitei algumas lágrimas, porque tenho a certeza que há quem vá sentir mais a sua falta que propriamente eu. Sempre tão altivo e brincalhão, e morreu todo encarquilhado. Temos pena, mas o Zeca já foi. A diferença que mais se notará por cá, será o ruído que mais se ouvia durante a noite. As piruetas maravilhosas feitas pelo Zeca dentro do aquário.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

A vida e as cores

 Cada vida várias cores
Se a tinta tiver qualidade
Pintaremos de verdade
Com pinceladas de valores
A tela da sociedade
Por alguns pintada de horrores.
Há quem tenha cor política
E a defenda, com ou sem razão
Não trocam nunca de cor
Nem mudam de opinião.
Há quem fique verde de raiva
Se o seu dizer não faz regra
Vivem cinzentos na vida
Trazem sua alma negra.
No luto impera o preto
Anseio o branco da paz, a alvura
O rosa que pinta o amor
O bonito azul da ternura.
É belo o rubor da face
Reflexo duma alma casta
Toda a vida merece cor
Mesmo nos sendo madrasta.
Temos as cores a paleta
Pintemos as nossas vidas
Os artistas sempre aparecem
 Se as obras não ficam escondidas.
Pintemos nossas famílias
Com as cores do amor do carinho
Nossas vidas terão mais cor
Se não for escuro o caminho.
 Usemos na vida as cores
Pintemos nosso ambiente
Se a cor for de alegria
 Fica o outro mais contente.
Lindas cores bonitas vidas
Neste painel sem medidas
Pintado a cada momento
O amor é cor sem paralelo
Se deixa alguém de “Amarelo”
 Pintado pelo casamento.

(Dedicado à Enf. Anabela Amarelo)

domingo, 24 de junho de 2012

Falar de dor

Hoje falo de dor
A dor que não digo mas sinto
A dor que mirra e queima
A dor que corrói a dor absinto
A dor do querer e não poder
A dor do ver e não fazer
A dor da impotência da resignação
A dor das lágrimas salgadas
A dor das faces molhadas
A dor do aperto na coração
A dor da voz embargada
Do grito surdo retraído na garganta
A dor soluçante na alma cravada
A dor que dói mas não mata
A dor que impele e estimula
A dor que nem tudo arrebata
A dor forte e cortante que não anula
A dor sofrimento atroz
A dor rouca que grita calada
A dor de não ter recurso
A dor de consciente saber
Daquilo sou… nada.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Heroínas anónimas

 Algumas são, mas ninguém imagina
A vida de luta de cada heroína
Fazem do sofrimento de cada dia
Força da fraqueza e da tristeza alegria
Há as heroínas na própria dor
Outras há que o são pela entrega e amor
Desde a Olívia a Amélia e a Conceição
A Margarida e a “Sana”heroínas são
A Albertina e a Ermelinda engrossam a lista que nunca finda
A Emília a Celeste, a Sandra e a Luzia
Umas já partiram, outras vivem nas nossas casas
O heroísmo do seu dia a dia
Heroínas anónimas nunca serão capa de revistas
Sua forma de vida não dá nas vistas
Não marcam golos não são notícia
Seu viver é silencioso
A dor que habitam, o amor que dão
Nunca será famoso
Bem hajam pela dedicação e amor
Obrigado pelo sorriso na dor
Em cada mulher uma possível heroína
Algumas são, mas ninguém imagina.

terça-feira, 19 de junho de 2012

O Euro e os euros

Estamos de tanga
Mas estamos no euro
Andamos com as calças na mão
Mas ganhamos à Dinamarca
Estamos falidos
Mas vencemos a Holanda
Não temos trabalho nem casa
Mas entramos nos quartos.
E o povo sai à rua numa euforia sem igual
Está na miséria mas grita por Portugal
Dá vivas à selecção e agita bandeiras
De volta à realidade é o vazio total
E as dores são afogadas em bebedeiras.
Vem o aumento da energia
Pouco importa, Portugal ganhou
O gás subiu dando um grande salto
O povo salta mais alto, o Ronaldo marcou.
Mas voltemos à luta dos quartos…
Portugal vai encontrar uma roliça e robusta Checa
Pode sair derreado da dura refrega
Do catre verde sem colchão
Ou pujante entra nas meias
Se as meias forem limpas até poderá respirar
Se o odor do chulé for forte
Vai ficar um tempo a cheirar.
Mas a grande ironia do euro
É o embate destinado nesta luta
Entre o pequeno David e o gigante Golias
A usurária senhora Alemanha
E a pobre e penhorada Grécia.
Aí sim até eu saltava
A senhora rica fora do euro
Vencida pela escravizada.
Há milagres que os Santos fazem…
E depois… se Portugal deixar o euro?
Catástrofe das catástrofes, vai ser um longo penar
Que fazer neste entretanto, até o futebol recomeçar?
As praças irão continuar vazias
Tão vazias, como quando apinhadas do povo, que…
Sem trabalho, sem casa e sem pão
Gritava por Portugal a pleno pulmão.

domingo, 17 de junho de 2012

Um lugar chamado doença

É difícil viver neste lugar
Não mudei ainda a direção
Porque aqui não quero ficar

Não foi de livre vontade
Que vim para cá morar
Embora custe a mudança
Minha esperança é mudar

Diz o saber dos antigos
Nossa terra é onde estamos
Mas um lugar chamado doença
Não é nada bom convenhamos

Ao ficar por estas paragens
Muitos hábitos abandonei
Exceto a convicção
E a fé que sempre abracei

Pobre de quem se vê só
Sem família e amigos, se aqui morar
Desse infortúnio não me lamento
Mas é difícil viver neste lugar.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Umas carnes a menos

 Desde que entrei numa dieta forçada, em que posso comer de tudo, mas nada me apetece, começo a repensar a dureza dos meus assentos cá por casa.
Não fora este tempo menos propício a gastos, e teria que fazer um investimento no estofo dos meus bancos. Já pensei até em recorrer à Troika, visto que essa senhora tem acudido à reforma do estofo de alguns bancos mais duros, mas tirei daí a ideia porque os meus bancos não têm cotação bolsista, por isso a forma mais eficaz è começar a recrear as carnes que me foram deixando, e tornaram menos confortável o meu sentar.
Nunca tinha feito a relação entre a carne com o sono, mas hoje constato que com menos recheio o meu cu adormece rapidamente.
Este facto vem deitar por terra, aquilo que sempre foi minha convicção.
A minha teoria era a de que a obesidade, seria a causadora de muito adormecimento e inércia. Puro engano. Hoje sou forçado a convencer-me do contrário pelo que vou vendo e sentindo.
“Magreza de ideias; mentes adormecidas.
Investimentos magros; empresas sem movimento.
Magreza na bolsa do Zé; comercio a dormitar.
País esquelético; povo a dormir.”
 Há quanto tempo se anunciava o desaparecimento das vacas gordas, vieram as vacas magras que mesmo assim possibilitaram o engordar de alguns “machos,” e esses não andam a dormir, por isso tudo fazem para deixar à vista os ossos da ralé e mantê-la adormecida.
Quando nos tiram as carnes, até o cu se nos adormece.

sábado, 9 de junho de 2012

Passividade Calculista

Sim, estive lá, até ouvi.
E depois o que segui?
Sim, estive presente, também constatei.
E depois que aproveitei?
Sim, foi lindo tudo o que vi
E depois como vivi?
Pergunta, sempre a pergunta.
De resposta…nada.
Responder não sei.
Minha, tem que ser a resposta.
Mas eu calei.
Emudeci.
Ainda não pensei no que senti.
Melhor é não pensar.
Deixar andar.
Compromisso igual a decisão.
Por isso, passo… não vou a jogo.
Não quero obrigação.
Ser livre como o vento traz muito sofrimento.
É preciso “saber andar.”
Mesmo que me saiba amarfanhar.
Constatar, ouvir e ver.
Sim.
E depois como viver?

terça-feira, 5 de junho de 2012

Acreditar

Sei que a vida que vivo
Faz sempre maior sentido
Se vivida em relação

Com aqueles que no caminho
Não permitem siga sozinho
Quando a vida é provação

Viver em plenitude
Mesmo na vicissitude
É crer na vida, é ter fé

E caminhando na luz
Mesmo sob o peso da cruz
Ser homem, sempre de pé

Para o amanhã melhor viver
Nunca poderei perder
Valores que são a medida

Que me permitem entrar
Na certeza de alcançar
“O Caminho a Verdade e a Vida”

domingo, 3 de junho de 2012

Costante Presença

Hoje não te vi
Nem sempre te senti
Mas sei que estavas aqui

Não te chamei
Se calhar te esqueci
Mas sei que estavas aqui

Não chorei
Na dor que senti
Porque sei que estavas aqui

Nunca virei as costas
Nunca fugi
Porque sei que estavas aqui

Sempre ganhei
Na vida que vivi
Porque sempre estivestes aqui.

O sorriso da cura

 Enfermagem.
Profissão ou vocação?
A pergunta fica… no ar
A resposta é sempre dada
No agir, na forma de estar

Competência
Consciência
Responsabilidade, rigor
O sorriso o carinho
Formas de dizer amor

 O marido pai e mãe
A família que se tem
A vida particular.
Ao outro, ao doente
Um sorriso para dar

 Firmes gestos
 Passos lestos
Atendimento, serviço prestado
Persistência paciência
No rosto sorriso estampado

Que dizer?
Que fazer?
Sorrir para curar
Profissão ou vocação
A pergunta fica… no ar.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Manias Minhas

Porquê espreitar se nada me impede de olhar?
Porquê ficar de longe quando posso ver de perto?
Virar a cara às vozes que me chegam, seria normal se o sentido da audição me falhasse, mas como não é o caso, encaro de frente cada situação.
É sempre agradável? Não, mas vivo muito bem com aquilo que não posso mudar. Quando a mudança está ao meu alcance e depende só de mim, com maior ou menor dificuldade sempre acontece.
Faço sempre melhor caminho quando preparo a viagem.
Pisar terreno firme dá uma segurança nunca encontrada em areias movediças.
Quando sinto fome é muito bom ter o alforge a que recorrer.
Se vier a sede o cantil abastecido faz muito jeito.
Na vida até hoje vivida, nunca fui surpreendido deveras, porque existo de olhos abertos.
Se a surpresa me aparece mesmo que bem embrulhada, depressa retiro o invólucro e a surpresa já não é nada. Vivo muito bem com o pouco que tenho, porque tenho a felicidade de saber aquilo que sou.
“Porque os mais ricos não são os que têm mais, mas, os que precisam de menos para bem viver.”
Ser otimista é dever imperativo como cristão.
Filosofia barata? Pura utopia?
Deixa-lo, Um gato pode ser de muita utilidade quando não se tem um cão, e para os ratos nada melhor.
Ter a consciência daquilo que sou, è meio caminho andado no trajecto que me propus fazer.
Que a vida faz algumas nódoas negras, é verdade, mas essas desaparecem, o bálsamo da alegria se encarrega de as sanar.
Uma gargalhada a preceito sai mais em conta que uma ida ao psicólogo.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Uma casa em ruínas

“Uma casa em ruínas” é o nome da peça em exibição constante, a passar na rádio, jornais e televisão.
Não lhe chamaria novela, talvez uma história pidesca a fazer lembrar outros tempos.
É uma história com uma trama razoável, e um secretismo q b, assim a modos que um strip que deixa a nu um coiso com coisas mais ou menos cabeludas. O elenco é formado por figuras de peso, quase todos com duplos, que assumem as cenas mais perigosas da peça, não vão as estrelas sofrer algum arranhão no coiro, o que as impediria de continuar na representação, e a sorrirem enquanto gozam com a plateia.
O tema central da peça, gira à volta de uma casa, onde todos querem mas ninguém sabe mandar.
É uma luta constante pela posse do dinheiro, que vai entrando pelo telhado destruído da casa em ruínas, onde os lutadores esgrimem pelo domínio do poder.
Ainda não temos acesso às cenas dos próximos capítulos, mas o que já se viu dá perfeitamente para entreter o lorpa, em conversas de café, nos cabeleireiros e outros estabelecimentos afins.
Sabemos por exemplo que num dos capítulos anteriores, um dos duplos foi queimado quando tentou levantar a mão, para fazer alguns cortes na energia. Correu-lhe mal e teve de sair de cena, mas ele devia ser sabedor, que esse era um sector em que ninguém Mexia.
A vida dentro da casa vai andando a Passos de Coelho, com cenas repetidas várias vezes, dando a impressão que do papel miguem está Seguro, e o desenvolvimento que deveria ser mais célere, é aqui e além encravado por algum Cavaco que entra na engrenagem.
Os cortes no pessoal que trabalhava na casa, levou a um estado lastimável do jardim da casa em ruínas.
As árvores crescem desordenadamente, os ramos porque não são podados, entrelaçam-se nas árvores de outras espécies, e hoje pode ver-se macieiras a darem laranjas, pinheiros com bons marmelos, e alguns cepos que nem ramos dão, estão carregados de notas de Euros.
No centro daquilo que um dia foi um jardim, a Silva sobe o Carvalho, e é tanta a sombra fria que faz, que até as Relvas metem nojo. Não sabemos ainda se este elenco de estrelas, se vai aguentar até o fim da peça, mas se houver necessidade de trocar, será sempre algum duplo, e todos aceitarão a Toika.
Com o continuar da representação, esperamos não ver o título trocado, porque se o final for menos feliz,
“A casa em ruínas” pode vir a tornar-se no, “Desabamento da casa”.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Grato previlégio

Grato privilégio…
É sentir-me embalado pelo teu sorriso
Afagado pelos teus olhos
E protegido pelo teu amor
Acordar cada manhã do teu lado.

Grato privilégio…
É viver a vida contigo
Com a tua força anímica ultrapassar obstáculos
Ter no teu carinho alento para vencer adversidades
É no teu colo encontrar abrigo.

Grato privilégio…
É ter-te como companheira
Contar com uma mulher de trabalho
Saber-te mãe dedicada
E olhar-te como avó ternura.

Grato privilégio…
É contigo poder partilhar
O amor que nos faz um só
Que permite a felicidade
De juntos viver-mos a vida.

 Pelo aniversário da Sãozinha 28-5-2012

sábado, 26 de maio de 2012

Campo Cultivado

A terra, o campo, o corpo que eu sou.
A semente que cai, que seca ou germina.
Ideias. Ervas daninhas. Ou fruto de sustento.

A terra, o campo, o corpo que eu sou.
Terreno árido, ou solo irrigado.
Chão. Criador de novidades.
Ou piso revolvido e motivo de tropeço.

A terra, o campo, o corpo que eu sou.
Aberto ao cultivo, ou fechado ao arado.
Pronto à sementeira.
Ou destinado ao abandono.

A terra, o campo, o corpo que eu sou.
Dividido em pedaços, em socalcos.
Vegetação espontânea.
Flora desordenada.

A terra, o campo, o corpo que eu sou.
Canteiros ajardinados de forma abrupta.
Onde prazenteira germina.
A flor vermelha do cancro.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Decisão

Já chegaste?
Porque paraste?
Que te fez imobilizar
Para veres a luz ao fundo
No túnel terás que entrar.

Porque paraste? 
De que tens medo?
O marasmo é doentio
Se te deixas acomodar
Morres mirrado de frio.

De que tens medo?
Porque temes?
A vida é mudança constante
Se te escondes tolhido no tempo
Perdes sempre o importante.

Porque temes?
Sai do buraco.
Não o caves mais para o fundo
Se teimas nele ficar
Um dia vais sentir-te imundo.

Sai do buraco.
Dá o salto.
Sobe o muro trepa ao mundo
Se não ousares entrar no túnel
Jamais verás a luz ao fundo.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Quisera Senhor

 Ter a serenidade dos altos montes
 E a suavidade da brisa calma
A frescura das puras fontes
Que alivia a dureza da alma
Ter a fortaleza da firme rocha
Mas ser como erva tocada pelo vento
Perseverar no caminho da luz
Desenvencilhando-me nas trevas do tempo
Ter a cura para o meu daltonismo
E discernir a cor da verdade
Sob a máscara do oportunismo
Distinguir o rosa da mentira e o negro da falsidade
Ter a leveza das aves
E a liberdade do seu voar
Nas mãos a alvura da aurora
Num novo dia a anunciar
Ter nas pernas a força do vento
Que me impele a fazer do caminho
Tortuoso ou pejado de escolhos
O meu viver peregrino
Ter no meu ideal de vida
As coordenadas para até Vós chegar
Seguindo o azimute da paz
Sendo acertivo o meu caminhar.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Um País...

Um país tocado por um vento desnorte
Carregado semblante de aguas não navegadas
Rosto marcado por florestas a arder
Olhar de barcos naufragados.

Á noite passeia o sonho pela trela
Em tugúrios de pesadelos
Acorda só quando sente o esticão
Do sonho que já vai longe.

O sonho… solto da mão que o conduzia
Dirige um molho de pedidos
Num olhar cheio de súplicas…

Não me abandones.
Sustém-me mais curto.
Leva-me contigo.

Ajudar-te-ei a lutar contra a tristeza
Para de novo poderes sonhar.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

O Tempo

O meu tempo, o nosso tempo, o tempo que não temos.
O tempo que nos falta para poder-mos ter tempo.
O tempo que nos comanda e condiciona.
O tempo que obriga a correr para ganhar tempo.
O tempo que nós marcamos como se fosse nosso.
Como se o tempo parasse, mas ele sempre avança,
mesmo connosco a fazer tempo no tempo que já está feito.
O tempo que se desconta. Tempo de compensação.
Todos os tempos mortos, tempo sem alteração.
O tempo que faz, o tempo que se não usa.
O tempo dá cabo de nós, de quem do tempo abusa.
O tempo que temos para dormir.
Tempo marcado para comer, o tempo todo que temos para dele nada fazer.
O tempo que é igual para todos, e que digo ser só meu.
O tempo que se esbanja, tempo mal aproveitado.
O tempo que avança sempre, mesmo se no tempo eu fico parado.
O tempo que tenho de vida. O tempo que anseio ter.
O tempo que desbarato se a tempo nada fizer.
Tempo que digo aproveitar mas não consigo agarrar.
O tempo que “goza”comigo e me foge entre dedos.
O tempo que nunca vivo por me perder nos meus medos.
O tempo que custa a passar.
O tempo que avança a correr.
O tempo que continua quando eu no tempo morrer.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Realidade Sonhada

Sonhar enquanto se dorme não é sinónimo
De um noite mal dormida
Se nessa utopia houver vida
O sonho não fica anónimo

É rubricado com legível assinatura
Antecipação do dia que surge
Uma vantagem que urge
A quem dorme para acordar
Encetando nova batalha
Que mesmo sabendo ser dura
Entra nela para ganhar

Dormia e acordava e o sonho lá estava
Era uma ponte, sempre a mesma ponte
Novamente dormia e a ponte aparecia
Postado do lado de cá não lhe conseguia ver o fim
Por baixo dela o que passava não sei
Era invisível para mim.


O passo em frente sinal de avanço
O fio do medo que prende, estica mas não cede
A tesoura do arrojo esperançado actua
A decisão não mede
Que importa o fim da ponte
Atravessa-la será a verdade nua e crua

Será penoso deserto, verdes prados para acampar?
Se tudo tenho como certo, não acampo no deserto
Porque o oásis há-de chegar.

sábado, 12 de maio de 2012

Fui ver o mar

 Fui ver o mar
O forte calor que fazia
Não queimava maresia
A chuva tinha partido
O sol estava no auge
O mar estava lá.
E eu olhava e via
O mar e as gentes
O mar vomitava o lixo
Com que as gentes o atulhavam
As gentes passavam sem o ver
Nem os detritos por ele devolvidos.
Marionetas transpirantes
Num frenético vai e vem em calções
Expurgando os restos da erosão corporal
Despojos auto ingeridos.
E o mar lá estava soberbo e romântico
Num amoroso murmúrio sussurrante às rochas
Enérgico e defensor dos seus domínios
Dirigindo imprecações às gentes
Face ao lixo de repugnante luxo
Destruidor da natureza mãe.
E o mar continua na defesa do que é seu
Numa luta estratégica de avanços e recuos
De convites e expulsões
A agua.
O mar.
A vida e morte de mãos entrelaçadas
E o mar lá continua aceitando tudo sem discussão
Periodicamente deitando fora o que lhe não pertence
O mar e as gentes
Ele veneração à natureza, elas no culto do corpo
E o mar espera até ser usado pelas gentes
Cúmplice antagonismo, maravilha explorada
Menos ainda admirada por isso nada respeitada
Fui ver o mar
Eu olhava e via
E o mar lá estava
E forte calor que fazia
Não matava a maresia.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Que grande seca

Há secas e secas.
A falta de chuva origina a seca
São rios sem água
Ribeiros que são charcos
Barragens com baixos níveis
É a falta de pastos para os animais
Agricultura mais pobre
Carradas de lamentações
Pedidos de ajuda (subsídios)
É uma “seca” esta seca.
Mas outras “secas” há, e não sei se melhores.
É uma “seca” a continuada canção de embalar
Quando a criança já está a nanar
É uma “seca” a oratória inflamada
Quando as cabeças estão cheias de nada
É uma “seca” constatar a inação
De quem se atreve a indicar-nos a direção
São uma “seca” as frases feitas e os chavões
Das miseráveis conversas de milhões
É uma “seca” e vai continuar
A de quem nos governa se bem governar
É uma “seca” um atentado à paciência
Ver a crise usada como capa da incompetência
É uma “Seca”as políticas de execrável atuação
Buscarem no passado a sua desresponsabilização
Pode até ser uma “seca” aquela que estou a dar
Há muitas mais que me dão
Mas esta molhada “seca”
Por hora vou terminar.

terça-feira, 8 de maio de 2012

A crise geradora de crise

Andamos todos preocupados com a crise dita económica. Quando a crise que gerou esta, começou, poucos se preocuparam, ou melhor, os que hoje se mostram preocupadíssimos com a crise actual antes achavam tudo normal. Frequente era ouvir: - «Haja quem tem habilidade» «Este mundo é dos espertos». E eu pergunto: e o outro mundo de quem será? Dos burros? Daqueles que sempre alertaram, lutaram e lutam contra a crise? Não pensem que falo da crise económica, (essa só existe para quem não tem dinheiro, porque quem o tem ainda faz mais nestes tempos) falo da crise de valores que destrói famílias, ambiente nas escolas e nas fábricas. Falo da crise de valores que é propagandeada nas revistas e televisões pelos ídolos dos tempos modernos, por políticos sem escrúpulos e por outros senhores que a crise de valores leva a pensar que este mundo é deles engrossando as suas contas a custa da míngua daqueles que não têm voz nem fazem parte do seu mundo. As empresas vão á falência, é a crise. O dinheiro desaparece dos bancos, é a crise. A falta de respeito é reinante, é culpa da crise. A crise actual só é resposta e desculpa para tudo, para quem vive sem esperança. Em minha opinião ainda bem que a crise aconteceu, ainda bem que o saco rebentou, porque infelizmente a doença só é tratada quando os sintomas são evidentes, as vacinas só se disponibilizam depois do vírus atacar. Oxalá esta crise sirva de vacina para o vírus que afecta a sociedade, para podermos andar na rua sem máscara e respirarmos o puro ar, que nos permite viver com os valores que fazem derrotar a crise. Tudo é possível se começar por mim que acredito neste mundo que pode ser de todos, e não só dos espertos. Para quê dividir o mundo pelo meio?

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Aterrorizadores com medo

 A felicidade de quem hasteia a bandeira do medo
É ver a plebe agachada
Que sussurra geme e sofre
E tolhida nunca diz nada
O senhor anuncia trevas
E travessia de deserto
Que o melhor é o trilho do pântano
Porque o oásis não está perto
A estrada que nos deixaram
Foi um caminho pedregoso
Carregar o fatalismo é obrigatório
Diz o iludido poderoso
Quem fará melhor que eu
Quem questiona o meu lugar
O dia há-de sorrir
Quando a sombra da noite acabar
Nas hostes o medo acampou
E o senhor feliz desgoverna
Cuidado senhor cuidado
Que a letargia não será eterna
Se ao longe se mexe um sobrolho
E o efeito hipnótico passar
É lançado o alerta geral
Porque o sono pode acabar
Da lixeira se ergue um corpo
Cambaleante e estremunhado
Ainda não disse nada
Mas deixa o papão borrado.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

A morte não é nada

“ Santo Agostinho”

 A morte não é nada.
Eu somente passei
Para o outro lado do Caminho.

Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês Continuarei a ser.
Dêem-me o nome
Que sempre me deram
Falem comigo Como sempre fizeram.

Vocês continuam a viver
No mundo das criaturas
Eu estou a viver
No mundo do Criador.

Não utilizem um tom solene
Ou triste, continuem a rir
 Daquilo que nos fazia rir juntos.

 Rezem, sorriam, pensem em mim.
Que o meu nome seja pronunciado
Como sempre foi
Sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra ou tristeza.

 A vida significa tudo que sempre significou
O fio não foi cortado.
 Porque estaria eu fora de seus pensamentos
Agora que estou fora de suas vistas?

 Eu não estou longe Estou apenas do outro lado do caminho…
Você que ficou aí siga em frente.
A vida continua, linda e bela Como sempre foi.

"Mensagem enviada por uma amiga, aquando da partida de minha Mãe"

Sentimentos em partilha

Mãe: Hoje cumpre-se o segundo ano, que acabaste a tua missão no seio da tua gente.
Decorria o mês de Maio de 2010, ano de missão na nossa Diocese do Porto.
 Hoje quero partilhar, o que à altura disse sobre ti, falando da tua missão como mulher e mãe.
--Há nomes que são eternos, Hiponina será um na história das grandes mulheres.
Para mim és exemplo, para todos és igual.
Lembro-me dos teus 35 anos, mulher bonita. Nos lábios um sorriso lindo e simples.
Num rosto cansado marcado pela dura vida, e pelo trabalho que os muitos filhos te davam, e as dificuldades constantes te impunham.
Muito peso carregaste no trabalho feito pelo pai, que transportavas de trouxa na cabeça, até ao destino por vezes bem longe, que era a casa daqueles que o adquiriam.
Mesmo aí mostravas o quanto eras humilde, ao pedir ajuda quando o teu cansaço te impedia de prosseguir, e choravas com desespero de interromper a jornada.
Eu via, porque quase sempre te acompanhava.
A tua disponibilidade era um sim constante.
Na tua missão foste…
Mulher cozinheira… Das panelas pretas de ferro, escurecidas pelo fumo da lareira feita de tijolo, mas do bom caldo com que saciavas a fome aos muitos que tinhas à tua volta.
Mulher enfermeira…Quando a casa parecia um hospital, com quatro ou cinco filhos de cama sofrendo da mesma maleita.
Mulher costureira…Dos remendos na roupa, das tiras feitas de trapos para as mantas que nos abrigavam do frio em noites de Inverno.
Mulher padeira…Do forno vermelho, da masseira da farinha amassada, levedada com o isco da semana anterior. Eras a padeira do bolo quente em dias de sábado.
Mulher de parcos recursos materiais, mas rica de alma, de sadia cultura e esmero nas lides domésticas. Foste mãe catequista, mulher rica na maneira de formar e educar.
Mulher castigada pela vida, num rosto sereno mas radiante por muitas alegrias vividas.
Mãe…Mulher debilitada pela saúde menos boa, mas que continua a ser o modelo de mulher do alto dos seus 83 anos.
 Parabéns pela vida Mulher. Parabéns Mãe, avó e bisavó.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Cada vez mais "pobres"

Deve ser triste para alguém que com sacrifício constrói uma casa, para abrigar os filhos, quando vê a sua demolição ser feita por esses filhos herdeiros, para no terreno implantarem uma pocilga, por muito sofisticada que esta seja, e os porcos nela criados sejam de boa raça. “Maio maduro Maio quem te pintou. Quem te quebrou o encanto nunca te amou.” Incansáveis POETAS. Destemidos lutadores. Pobre descendência. Primeiro de Maio. Humilhação do dia do trabalhador. O benefício ao consumidor. O encher da pança do grande senhor. A provocação à inteligência. A instrumentalização dos anjinhos que em vez de rumarem ao céu, foram para a cadeia da Jerónimo Martins. Visão terceiro mundista. A fome estampada em prateleiras vazias. As notícias neste primeiro de Maio foram de invasão, não de manifestação. As forças policiais não carregaram sobre os trabalhadores, foram apaziguar os consumidores. “Que povo é este que povo,”que se vende por um pingo doce, que quando em promoção cai em aguaceiro de estupidez.

Diz-me

Diz-me…
Que és a força e a ti me entregarei 
Que és o caminho e por aí seguirei
Que és refúgio e em ti me abrigarei
Que és a fonte que me pode saciar
Que és o pão que me há-de alimentar
Que és o ombro a que me posso encostar
Que és a razão que me leva a prosseguir
Que és compromisso a que não posso fugir
Que és verdade que não me deixa mentir
Que és a vida que eu quero viver
Que és a perseverança que preciso ter
Que és abandono a que me vou submeter
Que és a alegria que inunda o meu espaço
Que és ternura que me afaga em seu regaço
Que és o amigo que me protege do laço
Que és meu ânimo e minha convicção
Que és o amor que alaga meu coração
Que és testemunho que levo a cada irmão.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Privilégios

Gratificante é nunca estar sozinho
Privilegio que me é concedido
Pela cruz nem um queixume
Também porque neste caminho
Por Cireneus estou envolvido.
Na hora do sofrimento
Quando a palavra é amargo agraço
Destilar amargura é pouca valia
Porque surge um novo alento
Transmitido num forte abraço.
Pela voz eu não conheço
O Cireneu que vem ajudar
A distancia de pouco conta
Quando recebemos com apreço
A força que um abraço pode dar.
É tempo de ser esperança
De crer na solidariedade
Na força da mão amiga
Que ajuda na subida
Para uma vida de verdade.

Falsa partida

O "até já" foi mesmo breve,
Depressa aqui voltei
Há coisas que explicadas
Ficam mais complicadas
E há outras que eu não mudarei.
O corte ainda não foi desta
A via-sacra vai começar
Até vir o veredicto
No meu querer acredito
Até o dia D voltar

domingo, 29 de abril de 2012

Domingo 29 Dia D

 Coisas há que são inadiáveis
Temporária é a paragem
Terminada é a espera
 O ponto é de viragem
Não fecho para balanço
 A falência não foi declarada
 Parou a laboração
 Mas aporta não fica fechada
 Agradeço a colaboração
De quem ajudar se dignou
A consumir um produto
Que rico a mim me deixou
 Quisera ser mais expressivo
 E proceder de outra forma
 Mas… do que não sei não digo
 Dou-me bem com esta norma
 O presente já passou
O futuro é amanhã
 É o ponto de viragem
A todos um até já.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Companheiros na Desdita

Amigos:
 Como vós entrei no corredor
Mas avanço sem temor
No corredor da vida não da morte
Mas por obra do acaso ou escolha feita a dedo
 Nunca morrerei de medo
E recuso falar de sorte.
 O discípulo segue o Mestre
E nesta vida terrestre
 Juntos vamos seguir
 O Seu exemplo maior
 Que nos torna a vida melhor
 E na desventura sorrir.
 Aos amigos na desdita
Que esta mensagem permita
Um abraço com fervor
O vosso nome não cito
Mas na rima não omito
 Que tem a palavra amor.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Ventoso Navegar

Se o vento forte fustiga
 Quem desafia-lo ousa
 Não é o vento que nos castiga
 É a mágoa que nele pousa
 Se o vento me pega forte
 E me consegue derrubar
 Venha de sul ou de norte
Só por sorte não vou afundar
 Enquanto foi suave brisa
Nunca me fiz seu amigo
 Agora sofro na pele
 Se não encontro um abrigo
Deixa ò rocha robusta
Que em ti me possa abrigar
 Acostando a ti o meu barco
Até o vento amainar
Já não tenho velas nem mastro
 Baixa a noite foge o dia
Entra a agua que me encharca
Fico ao leme que é meu guia
 Ao longe uma luz vislumbro
 Realidade ou miragem
 Espero seja seguro porto
Que me leve a nova viagem
 Por Deus ò vento parai
Dai tréguas a quem vos teme
Meu barco navegar deixai
Permiti seguir no leme

Na Pista da Vida

 Entrei um dia na pista Não circulei de imediato
 Mas tinha a corrida em vista.
Por mecânicos sempre assistido
 A performance foi melhorada
Com ajustes de forma regular
Cedo comecei a circular.
Entrei em várias corridas
 Como era novo o motor
Corria em pista molhada com piso escorregadio
 Com frio ou com calor.
 Estar em pista era meu lema
Ficar parado é não saber que a pista nos faz correr
Não entrar nela é maior pena
De quem na pista faz seu viver.
 Mesmo andando em marcha lenta
 Estar em pista é ser ousado
Por noção que o motor rebenta
Não faço louca corrida
 Mas nunca fiquei parado.
 Algumas vezes entrei nas boxes para pequena reparação
 Sem perder a corrida de vista
Rapidamente entrava em pista
 Retomando a circulação.
 Até que um dia zás…estourou
 Ao longe a meta a que se destina
Entrar nas boxes não é solução
Sendo grande a avaria maior a reparação
 E o carro entrou na oficina.
Sem haver peça de origem
Uma outra está preparada para fazer a substituição
 Se não der para de novo correr
 Mas ficar em circulação
Não deixarei minha pista
 Porque é ela o meu viver.
 Mesmo que páre de vez se lembrar o que corri
Na alegria que senti
Enquanto na pista fiz vida
 Regozijo alegremente por viver eternamente
Na nova pista da vida.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Sala de espera hospitalar

O local é próprio para…
Histórias macabras
Lamentações
Suspiros de tédio
Cansaço da espera
Silenciosos gritos
Ansiedade mal contida
Conversa em surdina
Ouvidos mais ou menos atentos
Vasculha constante no fundo das carteiras
Sorrisos forçados
Dormitação embalada pelo ar saturado
Sapateado nervoso
Manuseamento de telemóveis
Avisos de silencio
Entradas repentinas de ar fresco
Queixas da assistência na saúde
Desabafos espontâneos
Olhares de interpelação
Orações de súplica
Alegria na chamada
O local é próprio para…
Esperar, olhar e ver sentindo.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

A minha praia

Pode parecer mentira, mas quando era mais novo era muito mais abastado. Nesse tempo possuía muitos bens.
Tinha montes e montes de sonhos.
A minha terra era linda
Campos e mais campos a perder de vista.
Tinha os meus vizinhos.
Os meus amigos.
Agora comecei a entrar em dificuldades.
Os montes foram aplanados.
Os sonhos; Alguns foram e são vividos.
Outros estão bem acomodados à espera de oportunidade.
A minha terra já não é terra, é cimento e alcatrão.
Os vizinhos hoje já não são meus, são só vizinhos, e alguns nem chego a conhece-los, são vizinhos de ocasião.
Os amigos, esses sim, ainda tenho, e digo meus.
Pois, mas não são todos aqueles a quem digo olá.
Os meus amigos são amigos, sempre, e são meus.
Mas saudades a sério tenho sim é da minha praia.
Perdia. Deixei de a frequentar, ocupar, visitar.
Fiquei sem a minha praia.
Hoje é pertença de outros donos, adquirida por usucapião.
Está muito mudada aquela que foi a minha praia.
Se por acaso hoje a olho de longe, nem a reconheço.
Nunca aprendi a nadar, por isso nunca entrei nela de qualquer forma, nem mergulhei de qualquer maneira.
Aquela que foi a minha praia era maravilhosa.
Tudo que a compunha extasiava.
A areia, rochas e pedrinhas, a água e a espuma, tudo era lindo.
Deleitava-me a olha-la, e mesmo de noite quando a visitava, eu via a minha praia reflectida no luar, do escurecido céu, ou no cintilante brilho das estrelas.
Adormecia a olhar no firmamento a minha praia.
Com o corpo dormente enterrado na fina areia.
E sonhava. Sonhava com uma terra linda.
Construída de montes e montes de sonhos, em que nem todos os amigos eram meus vizinhos, mas em que os vizinhos eram amigos.
Que bom era sonhar.
Que bom era ter de novo a minha terra.
Que linda era a minha praia.
Como lamento tê-la perdido.

domingo, 15 de abril de 2012

Sentir que estou amarrado

Na conturbação destes dias mais recentes, um grande amigo me dizia:
-Álvaro, tem que se agarrar a alguma coisa.
Tem que se agarrar……….
Minha resposta. Já estou há muito tempo agarrado.
Pensando mais calmamente na minha réplica, cheguei à conclusão que feita sem pensar, ela foi correctamente apropriada, porque não foi eu que me agarrei, mas há muito que fui agarrado, e que vivo amparado.
Não fui eu que O escolhi, foi Ele que me escolheu.
Um filho não escolhe o pai, é o pai que o acolhe e ama.
Se o filho dá conta desse amor, também vive para o pai, e tudo fará para merecer o seu amor.
Coisas há a que me sinto amarrado, porque com a ajuda do Pai, me consegui desprender de outras que me prendiam, e não deixavam que Ele me agarrasse. Hoje sinto-me agarrado por Deus meu Pai, por Maria Sua mãe. Agarrado a uma família assente em sólidos alicerces.
Na comunidade agarrado aqueles que o são de facto.
Agarrado aos amigos que me dão o prazer da sua amizade.
E com muita liberdade, agarrado a uma vida, que quero sempre vivida, em que o limite é, o começar sempre de novo.

sábado, 14 de abril de 2012

Ai Deus...

Por onde ides amada minha
Que minha vista não alcança
O caminho que tomais
É margem de ténue esperança.
Não vos afasteis agora
Ficai comigo na luta
Para vencer o inimigo
Nesta batalha tão bruta.
Já ouço ao longe o tropel
Que em meu corpo massacra
Já sinto na minha pele
A espada que me ataca.
Amada minha ficai bem perto
Sede meu escudo e couraça
Comigo bebei de peito aberto
Amargo fel em tosca taça.
Se na luta comigo ficais
Nossa será a vitória
Pelo alento que me dais
Coroada sereis de glória.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Aprendizagem

Há situações que nos ensinam:
A medir sem metro
Pesar sem balança
Ter capacidade sem sermos capazes
Olhar vendo
Vendo sem precisar olhar
Descobrir beleza no que nos parecia aterrador
Tirar valor precioso do que pobre se achava
Ouvir escutando
Quem nos mimoseia com palavras não ditas
Ou escutar sem ouvir quem nos fala sem nada dizer
Buscar forças ao interior da fraqueza
Não fraquejar quando a fuga é tentação apetecida
Estar de pé quando o corpo moleja
Comer o que sempre de testou
Rir da nossa tristeza
Vivendo a sério o dia de hoje
Para viver melhor o dia de amanhã.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Aviso

Não… eu não morri.
Um boato nunca é confirmação
Dizer porque alguém disse
Pode ser leviandade
Afirmar o que se não sabe
Jamais será razão
Para a mentira se tornar verdade

Não… eu não morri.
Ainda nem fiz o aviso
E porque sempre estive avisado
É em pleno juízo
Que afirmo em qualquer lado
Maior é a vida que me espera
Que aquilo que já vivi
Porque a vida é sempre
Projecto inacabado

Não … eu não morri.
Mas todos nos cruzamos com a morte
Mas nesse cruzamento
Sempre saí vencedor
Há quem alegue ser sorte
Porque jogo em cada momento
O trunfo que vale o amor

Não… eu não morri.
Pois viver é obrigação
Se vida para mim é dom
Vou caminhar nesta luz
Só fará sentido a cruz
Se houver ressurreição

Não… eu não morri.
Acreditem não morrerei
Se o “Mestre”morre para eu viver
Não viverei para morrer
Até porque eu não avisei

quinta-feira, 29 de março de 2012

Anúncio de tempestade

O temporal que assola os terrenos vizinhos
Aproxima-se a passos largos da minha eira.
Por ora só se sente o vento
Mas que virá a seguir?
Chuva torrencial
Granizo
Trovoada
Virá na forma de um tornado?
A minha forma de estar na vida sempre me ensina a esperar como quem acredita.
Mas, que acontecerá a quem trabalha na minha terra?
Ficarão por certo mais apreensivos que eu próprio
Mas a sua força será a minha o meu suporte
As suas palavras o meu alimento
O seu trabalho alegre a minha felicidade.
O terreno tem que ser agricultado
A rega tem que ser feita
Mas a semente, essa, para dar fruto terá que morrer.
Quando a tempestade passar
Quero todos os trabalhadores unidos para nova colheita.
Conto com o mais antigo que me ajudou a desbravar a terra.
Até o mais novo trabalhador não está a prazo
Esse mais que ninguém é importante
Chegou para ficar e servir de incentivo aos demais trabalhadores.
A tempestade, essa, vai varrendo quem se encontra no seu caminho.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Efimérides

Há frases que lemos e nos ficam para sempre na memória, e nós relacionamos logo com a época ou festa a que esta se refere. Exemplo:
-“Meu Deus meu Deus porque me abandonaste.” Ora diga, diga…exactamente, refere-se à Paixão de Jesus. Quando eu faço votos de Festas felizes, claro que me reporto ao Natal e ao novo ano do calendário que se aproxima. A contrariar esta minha lógica, está uma faixa afixada num jardim-de-infância que dizia o seguinte:
-“Pai não te esqueças de mim “
De repente pensei, deve ser o dia mundial da criança, e claro que é imperdoável um pai ou uma mãe, se esquecerem do filho ou filhos nesse dia. Mas não; era o dia 19 de Março dia do pai, e nesse dia devem ser os filhos a não esquecer os pais e não o contrário. Depois de pensar nisto conclui o seguinte. Se calhar as educadoras resolveram fazer humor á volta da data, brincar com os pais para fazer rir os “putos”.
Ou então pensaram; como é o dia do pai eles vão é festejar, e nós vamos ter de ficar à espera dos senhores até às tantas, por isso a frase, “Pai não te esqueças de mim”.Mas podem ainda ser plausíveis outras hipóteses, porque pais há que se esquecem dos filhos já ante deles nascerem, e há outros que só se esquecem dos filhos quando estes começam a exigir alguma atenção. Que um homem se esqueça onde mora e entre na casa da vizinha, ainda vá que não vá, que se esqueça que é casado ainda se tolera, mas por favor esquecer-se que se é pai…
Pai não te esqueças de mim

sábado, 17 de março de 2012

Carta ao amigo jardineiro

Olá caro amigo, como te vais dando por aí?
Cá no nosso jardim os jardineiros abundam, surgem aos magotes sempre prontos a substituir algum que abandona a jardinagem por não concordar com o jardineiro chefe. Quem entra é de publicitada competência, mas de flores nada, a terra está cada vez mais nua.
Há quem diga ser culpa da seca, o que para mim soa a falso porque por aqui continua a haver muito quem regue, não no sistema de aspersão, mas que vai causando muita impressão lá isso vai.
Por aqui o Inverno está mesmo a acabar, embora nem se dê por isso porque as coisas têm andando muito quentes, esperemos que no verão venha alguma chuva, será muito bem vinda desde que não seja nos bolsos dos mesmos de sempre.
Quando eras tu o jardineiro poucos gostavam de ti, hoje não sei porquê alguns começam a ter saudades, nesse tempo Portugal era um jardim à beira mar plantado, não faltavam as flores mas a fome era mato, hoje a fome continua a existir, com a agravante de não haver flores.
Tu já tinhas partido quando a predominância cá no jardim foi plantação dos cravos, todos se agarraram ao cravo, cravaram o jardim de “cravas” o que levou a flor a murchar em pouco tempo.
Com o esmorecer do cravo, veio a mania da rosa, mas mesmo nos canteiros com rosas havia uma grande variedade de cores, aos jardineiros da altura começou a pedir-se mais qualificação, já não pegavam na sachola e passaram a ser engenheiros de mão fechada. Para que saibas digo-te:
-- Ainda hoje aparecem por cá jardineiros que fazem muitas flores, mas é tudo artificial, flores cuja matéria inflamável é imprópria para consumo, e nós os habitantes do jardim andamos cada vez mais consumidos, sem as flores que podiam embelezar as nossas vidas. Mas que se há-de fazer, o jardim está nas mãos do jardineiro…
Até a próxima António, e se um dia te for visitar, não contes com flores, primeiro porque não as há, segundo será muito mais fácil para mim arranjar um molho de ervas daninhas.

domingo, 4 de março de 2012

Ano Cinquenta e Sete

Em cinquenta e sete para mim surgiu a luz
Não nasceu uma estrela
Veio ao mundo quem se extasia ao admira-las.
Todas as luzes são dispensáveis
Quando a fundamental se acende
Grande farol da vida
O luzeiro do amor
Grande fogueira em chama
A família como luz
Que ilumina os viandantes
Pela porta sempre aberta
A cor do luto
O preto predominante
Não existe
O calor da fogueira é a cor do fogo
O tom da alegria
Dom que se propaga e aquece
Labareda incandescente
Forma de estar e seguir.
Em cinquenta e sete
Para mim surgiu a luz
Luz que foi o começo
Luz que estará no fim.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Pequenos mas lutadores

Os grandes também se abatem
Nas batalhas que os pequenos entram
Sem nunca poder crescer
Avançam a rastejar
Mesmo não podendo erguer a cabeça
Conseguem grandes façanhas
Quando não param no lamento
De grandes não poder ser
É na força de ser pequeno
Na consciência da condição
Que a coragem grita
Para que a luta se torne lema
De quem tudo faz para avançar
Ainda que rastejando
Se vencem grandes batalhas
Porque os grandes também se abatem.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Eu e o outro

Entardeci com um grande peso
A noite veio com grande fardo
Adormeci num sono pesado
Nada dormido porque alterado
A noite avançava a passo lento
E eu lutava mas não dormia
Porque de noite sempre pensava
No jugo molestador do dia
Oprimido interiormente
Pela angustia dominado
Descansar meta inatingível
Na noite durmo acordado
Quem é o meu opressor
Quem me castiga e faz sofrer
Quem conduz a minha vida
Quem arca com esse poder
….Só eu… e pobre de mim
Que vivo sofro e resisto
Ao castigo que me imponho
De querer ver e sentir
O fardo do outro que é medonho
Ah se eu pudesse nele pegar
Só por momentos e ajudar
Aliviando no outro a dor
Avançaríamos melhor
Um no outro amparado
E se há margem que nos separa
O rio seria galgado.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Descarrilamento

O comboio partiu da gare à hora marcada.
Tinha sido revisto tudo o que era necessário, para que a viagem pudesse acontecer sem percalços, ou tivesse de ser interrompida, além das paragens que estavam previstas.
Tem inicio a viagem, com os passageiros a bordo, comodamente sentados, perspectivando um bom percurso até o destino desejado.
Mas como em tudo na vida, por muita esperança que se tenha, e a alegria seja em dose excelente, há sempre acidentes que acontecem, e nesta viagem embora não tenha acontecido uma catástrofe, nem sequer fosse declarada calamidade pública o descarrilamento aconteceu. Felizmente não houve feridos graves, embora tivessem acontecido traumatismos cranianos porque muitos passageiros bateram com a cabeça, houve algumas feridas expostas e escoriações, porque ainda hoje as cicatrizes são visíveis. As composições não sofreram todas de descarrilamento, algumas nem sequer saíram da “linha” mas todos os passageiros sofreram com o abalo, aliás a notícia da imprensa foi:
-Descarrilamento do comboio, e não a descriminação das composições que saíram da “linha”. Ainda não se sabe seguramente se houve erro humano, (frenesim exagerado do maquinista) pela velocidade imprimida, algo que se meteu na engrenagem, deficiência nos carris ou nas traves que os suportam, o certo é que o acidente aconteceu.
Do maquinista ainda não foi divulgado o seu estado de saúde, mas teme-se não seja dos melhores, e só com o tempo se saberá se ficará marcado por sequelas.
Já foi enviada por o local uma potente grua que pesa toneladas. A base é composta de persistência, a coluna vertical de alegria, e o braço extensivo é feito de amor, com o intuito de devolver as composições danificadas à via-férrea, para por de novo o comboio em andamento.
Dizem testemunhas que por certo houve ali mão de Deus, porque depois de se saber a gravidade do acidente, as consequenciais do descarrilamento podiam ser fatais.
Ainda bem que o comboio voltou a circular. Se este descarrilamento fosse numa família ou na comunidade, o que poderia acontecer?

.

domingo, 15 de janeiro de 2012

A Força da Alegria

Ter a alegria como um valor é ter a certeza que um mundo sem alegria de pouco vale.
O contrário da alegria é a tristeza e ela é um contra valor quando se opta por viver ordinariamente na tristeza Uma coisa são momentos tristes na vida, outra coisa é ser voluntariamente uma pessoa triste, que vive gemendo e chorando.
A tristeza entrou no mundo com Satanás. (Bernanos).
Se eu vivesse constantemente triste ia imediatamente confessar-me. (João Maria Vianney).
Se eu vivesse alegre só com o que de bom acontece no mundo, ou porque o que me rodeia é autêntica festa, andava muito tempo triste, mas as razões da minha alegria é interior, vem do íntimo e não do exterior.
Sou alegre não porque tenho dinheiro, saúde, amigos, mas porque sinto como é maravilhoso saborear cada manhã o dom de estar vivo.
Para o cristão a razão de ser desta alegria tem ainda uma motivação mais profunda: saber que são amados por Deus. Contra toda a prepotência dos senhores do mundo, e o vociferar violento das suas palavras que não me amedrontam, há uma força maior que me anima e me leva a rir daqueles que se riem de mim.
S. Paulo insistia com os cristãos do seu tempo: «Alegrai-vos sempre no Senhor. Mais uma vez vos digo: alegrai-vos» (Fil 4,4).
Cada pessoa deve irradiar a alegria de viver, alegria que faz tanta falta nesta sociedade onde há tanta gente carrancuda e mal-humorada.
A alegria que sinto não é uma atitude inconsciente perante os problemas, mas é uma forma de os saber encarar e assumir enquanto não resolvidos. As imperfeições que existem em mim, nas pessoas e no mundo não me podem roubar a alegria que sinto porque as assumo como fazendo parte da condição de pessoas com limitações que vivem num mundo ainda mais limitado e sempre por acabar.
Viver na alegria não fechar os olhos a tanta tristeza que acontece no mundo.
Temos conhecimento de tudo através de todos os meios de comunicação ao nosso alcance, (jornais. rádio, telefone, Tv., net…) mas estas situações não são suficientes para nos roubar a alegria. A tristeza desmobiliza, deixa as pessoas resignadas ante o mal e a lamentarem-se, a alegria porém mobiliza. Se eu sou alegre sou o primeiro a empenhar-me para que todos vivam também alegres.
A alegria rima com utopia, a utopia real de sonhar que é possível um mundo melhor.
A festa acontecerá quando todos tiverem satisfeitas as necessidades básicas: a paz, o pão, habitação, saúde, educação, (como diz o poeta), e porque mesmo assim há pessoas que nunca estão satisfeitas porque há sempre algo mais a fazer, a verdadeira alegria vai acontecer quando as pessoas se amarem e sentirem amadas, deste amor resultará a festa, uma alegria sem fim.
Viva a alegria, neste tempo que deve ser vivido na alegria da “Luz” que nos surge, para sabermos encarar os profetas da desgraça.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Ai que saudades

Nunca mais temos eleições
Já tenho saudades de ouvir a prosápia dos políticos, suas ideias e promessas. Estes últimos tempos têm sido de uma monotonia que até enjoa, fazem muita falta os políticos e só agora é que lhes começo a dar valor.
Nos jornais é sempre a mesma coisa: (fulano matou a namorada porque esta não o deixou sair com a amiga, os suspeitos do assalto à lavandaria foram postos em liberdade porque não se provou o roubo do detergente) e andamos nós para aqui a ler e a ouvir estas coisas enquanto não nos permitem ouvir os nossos fantásticos políticos. Vejo sempre as notícias na televisão, ouço o PM, mas sinto saudades dos políticos. Ouço os dirigentes dos outros partidos que não do governo, mas não ouço nada de inovador, andam todos preocupados com merdices sem importância, tentando, e às vezes conseguindo adormecer o “Zé”, que se entretém com o «Elo mais Fraco» enquanto vai comendo «Morangos com açúcar» a passar os olhos pelo «Remédio Santo» e acaba na «casa dos Segredos».
Que saudades que eu tenho da alegria do Natal, do fumo da lareira e do calor do coração, das pessoas da família (ou não) que se reuniam por amor e amizade não por conveniência social e hipócrita.
Que saudades eu tenho dos risos francos e abertos desta quadra, em vez da balofa brejeirice de algumas mensagens de telemóvel.
Que saudades eu tenho do meu tempo de escola em que ia sem sapatos nos pés, mas trazia algo na cabeça e dentro do peito, o saber adquirido e o reconhecimento respeitoso por aqueles que tinham como vocação ensinar.
Que saudades que eu tenho das poucas coisas que se tinham, em que se era obrigado a fazer valorosos sacrifícios para se ser algo, e não este tudo ter de mão beijada que só cria “mimalhos igoistas”
que um dia num lugar de poder são as bestas que tratam tudo e todos como se fossemos animais .
Que saudades eu tenho de homens e mulheres inteligentes, que se regiam por sérios valores morais, em vez dos actuais “chicos espertos” que se arvoram em donos do mundo. Contudo não sou vencido pela nostálgica tristeza, porque no meu interior uma alegre esperança floresce, e a luz já despontou, o sol há-de sempre brilhar por detrás da fumaça que fazem os canhões e da poeira das explosões, e o bem há-de vencer contra toda a adversidade, porque Àquele que em tudo manda nem a morte O vence.