sábado, 30 de novembro de 2013

Quem ama sempre ganha

Cheguei, vi, mas não venci
Mesmo assim não esmoreci.

Combati, pelejei, mas não ganhei
Mesmo assim sempre lutei.

Com pertinácia persistente
A inércia se combate
Se a força for interior
Nenhuma arma a abate.

Entrei no jogo a perder
O florir da sorte a não ver
Mas não me assumo perdedor
Revendo as jogadas na mesa
Guardo os dados na certeza
Que ganha sempre o amor.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Estações

Despertei com chuva, ouvindo notícias de Inverno.
Gentes fustigadas por temporais destruidores.
Assoladas por ventanias de miséria. Lama de fome entrando pelas brechas das paredes abaladas.
Ideais voando nos talhados arrancados pelo forte vento.
Corpos mirrados pela trovoada que cruza os céus, ultimo bastião da esperança.
Quando surgirá Abril?
Para quando a Primavera?
Até quando soprará o autoritário ciclone?
Quanto tempo durará a tempestade do cifrão?
Despertei com chuva desejando uma aurora solarenga, que me faça regressar a um verão mesmo fingido, para voltar à liberdade hipócrita que me concedem, se…
E depois virá o tempo outonal, das folhas caídas, dos frutos maduros, colhidos para as mesas dos ricos, donos deste pobre pomar.
“A desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza produz ricos” (Mia Couto).
Por isso o sol não brilha para todos, e continua o Inverno chuvoso, para quem precisa de calor nos estômagos vazios, para quem necessita de bonança numa vida sem teto.
“A ameaça da morte pela fome, lança o homem contra o homem, e os cidadãos contra os seus governantes” (Johnsom).
Para quando a primavera?
Hoje ainda despertei com chuva, e o céu carregado de negro não agoira tempos melhores.
Quem dera uma manha de nevoeiro, em que surgisse por entre a bruma, não o histórico Sebastião, mas outro Rei, o farol dissipador.
O amor em forma de cruz, o raio fulminante do exemplo de serviço.
Até podia despertar de novo com chuva.
Até podia ser Inverno.
Mas teria o calor da esperança, na espera do sol do verdadeiro verão.

sábado, 23 de novembro de 2013

Amor semeado

Hoje quero dizer-te
Que amanhã te quero ter
Com o amor que sempre tive
Num passado a não esquecer

Anda caminha a meu lado
Sê o amparo desejado
Na luta que encetamos
A forma como fazemos
Diz a vida que vivemos
O amor que temos e damos

Acreditar e agir
Poder estar e servir
Semeando sempre este lema
Diz como se deve amar
E sem precisar rimar
Fazer da vida um poema.

sábado, 16 de novembro de 2013

Consequência

Quando ao longe vislumbro fumo
Logo equaciono fogo
Se o odor é desagradável nas narinas
Existe porcaria algures
Se a ramagem se agita
O vento teimoso continua
Se descubro uma lágrima em teus olhos
O sofrimento acontece
Se paro e me pergunto
Avalio o peso que sou
Não sendo madeiro em cruz
Vou carregando quem me pega
Se ao fazer me tornar leve
Ouço o rumor da alegria
Se a noite não me coagir
O sol brilha é novo dia.

sábado, 9 de novembro de 2013

Esperar

Quando eu espero sentado
Grande vai ser a demora
Tempo não contabilizado
Ganas de cair fora
Não fora a chuva constante
Onde meus pés estariam
A espera foi a culpada
Dos projetos que ruíram
Serão só mais uns instantes
No relógio para todos igual
O tempo parou passando
Na espera intemporal
A angústia que a espera nos traz
O desassossego da alma
É veneno que corrói
Projéctil assassino da calma
Na espera também se morre
Se viver esperando morrer
Faz melhor espera na vida
Quem vive para viver.