sexta-feira, 20 de julho de 2018

O isolamento enfraquece

Feliz de mim se me ponho a caminho
E rejeito ficar sozinho.

Ser um elo da corrente
Fortalece a alma da gente.

Entrar no combate à dor
Usando as armas do amor
O balsamo é uma certeza
Mesmo com pouca firmeza
A vida vou agarrar
E com os outros partilhar
O que sou e me faz mais forte
Acreditando até à morte
Que a vida sou eu que a faço
E quanto mais forte o laço
Que me vai mantendo de pé
Mais firme será minha fé
Porque…
“No abraço da Tua voz
Juntos caminhamos nós”.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Partir em viagem

Comprar passagem de ida e volta
É saber o dia e hora de regresso
Viajar por tempo indeterminado
É privilégio só de alguns
Partir para não mais regressar
É sina que a todos espera
Ver aqueles que partem
Dizer adeus mas saber que voltam
É saudade controlada
Há viagens que não tem regresso
Nessas, onde se faz a verdadeira passagem
Não são precisos bilhete nem passaporte
Os documentos serão a vida feita
Poderá ser maior a dor de quem fica
Mas o reencontro é fatal
Para essa definitiva viagem
Se tivermos tempo de preparar bagagem
Mesmo que não levemos a mala
Partimos mais confortados
Se deixamos a vida arrumada.

sexta-feira, 6 de julho de 2018

O nada de que sou feito

Só quando o telhado ruiu
Descobri a proteção das estrelas
As paredes ficadas ao alto
Não convencem como casa
Oiço o vento agoniante
Que assobia lúgubre e pressagioso
A chuva corre como pranto
Em lágrimas que me encharcam
Atenuando a aridez que me mirra
No deserto da minha busca
Não há uma gota refrescante
O oásis que eu esperava
Foi miragem alucinante
O caminho imaginado
É penosa travessia
As minhas vestes em farrapos
São o coração dilacerado
De raízes abaladas
Oscila a árvore que me fiz
Procurando no chão que sou
Descubro a fragilidade
Os abalos de média escala
Vão abrindo algumas crateras
Os surdos gemidos
São a lava que me queima
Mas entre um e outro tremor
Há calmaria que baste
Para descobrir nas estrelas
O abrigo que me faltou
No telhado desabado.