sábado, 24 de outubro de 2015

Descobrir caminho

Depois de entrar
Difícil é encontrar a saída
A gruta é negra
Labiríntico o caminho
Melhor é parar
Tentar a saída pela aragem fresca
Se a sentir.
Cansei dos fortes vendavais de sangue
Do enxurro caudaloso das lágrimas
Do viver encostado às paredes da tempestade
De perder-me a olhar
Olhar sem ver
Que a vida é o meu mar
Um mar não só de água feito
Também é vida
Vida que acaba
Quando é crematório sem fogo
Quando as cinzas são as fundas areias
E eu que nunca aprendi a nadar
Nunca quis Nadar Em águas impostas
Em falsas apostas
Que não faço porque no meu abrigo
Na gruta
De tão escura
Nunca iria ver os dados.

sábado, 17 de outubro de 2015

Por sentir

Não é frio aquilo que sinto
A temperatura nem molesta
E o calor é suportável
Porque o sol não atesta
Sinto é um tremor constante
Uma angustia moderada
Sinto falta do que não posso
Um vazio de quase nada
Avanço mas sinto a paragem
Se não penso o meu caminho
Na massa em que fui amassado
O fermento teve outro destino
Minha sede não é de água
Nem de pão a minha fome
Preciso beber do amor
E do bem que não se come
A alegria é moderada
Pela tristeza reinante
Do faz de conta que faz
Que se faz a cada instante
Sinto o peso que não pego
Olhando os corpos curvados
De quem ousa ombrear
Pegando pesados fardos
A virtude de quem é fraco
É fraqueza nunca ter
Quando precisa da força
De mostrar o seu poder
Se por dizer a verdade
Alguns acham que minto
Tremo sem ser de receio
Mas não é frio que sinto.

sábado, 10 de outubro de 2015

Hesitação

A porta nada impede
Tão pouco estava fechada
Então porque parar
No que seria a entrada
Ou seria saída
Sem permissão não entro
Não saio por educação.
Poderia dar-se o encontro
Se a porta fosse a entrada
Pensado como fuga ou abandono
Se ela a porta fosse a saída
No limiar indeciso
Correr risco ficando parado
Entrando ser arriscado.
Como descobrir o lado
Saber a posição
Onde estou é fora ou dentro
Se dentro porque saio
Se fora porque não entro
Recuo paro e penso… ou
Avanço e entro sem vacilar mais
Esperar cansa as ideias
Melhor será não ficar
Entrar mesmo saindo
Sair para entrar.