domingo, 15 de janeiro de 2012

A Força da Alegria

Ter a alegria como um valor é ter a certeza que um mundo sem alegria de pouco vale.
O contrário da alegria é a tristeza e ela é um contra valor quando se opta por viver ordinariamente na tristeza Uma coisa são momentos tristes na vida, outra coisa é ser voluntariamente uma pessoa triste, que vive gemendo e chorando.
A tristeza entrou no mundo com Satanás. (Bernanos).
Se eu vivesse constantemente triste ia imediatamente confessar-me. (João Maria Vianney).
Se eu vivesse alegre só com o que de bom acontece no mundo, ou porque o que me rodeia é autêntica festa, andava muito tempo triste, mas as razões da minha alegria é interior, vem do íntimo e não do exterior.
Sou alegre não porque tenho dinheiro, saúde, amigos, mas porque sinto como é maravilhoso saborear cada manhã o dom de estar vivo.
Para o cristão a razão de ser desta alegria tem ainda uma motivação mais profunda: saber que são amados por Deus. Contra toda a prepotência dos senhores do mundo, e o vociferar violento das suas palavras que não me amedrontam, há uma força maior que me anima e me leva a rir daqueles que se riem de mim.
S. Paulo insistia com os cristãos do seu tempo: «Alegrai-vos sempre no Senhor. Mais uma vez vos digo: alegrai-vos» (Fil 4,4).
Cada pessoa deve irradiar a alegria de viver, alegria que faz tanta falta nesta sociedade onde há tanta gente carrancuda e mal-humorada.
A alegria que sinto não é uma atitude inconsciente perante os problemas, mas é uma forma de os saber encarar e assumir enquanto não resolvidos. As imperfeições que existem em mim, nas pessoas e no mundo não me podem roubar a alegria que sinto porque as assumo como fazendo parte da condição de pessoas com limitações que vivem num mundo ainda mais limitado e sempre por acabar.
Viver na alegria não fechar os olhos a tanta tristeza que acontece no mundo.
Temos conhecimento de tudo através de todos os meios de comunicação ao nosso alcance, (jornais. rádio, telefone, Tv., net…) mas estas situações não são suficientes para nos roubar a alegria. A tristeza desmobiliza, deixa as pessoas resignadas ante o mal e a lamentarem-se, a alegria porém mobiliza. Se eu sou alegre sou o primeiro a empenhar-me para que todos vivam também alegres.
A alegria rima com utopia, a utopia real de sonhar que é possível um mundo melhor.
A festa acontecerá quando todos tiverem satisfeitas as necessidades básicas: a paz, o pão, habitação, saúde, educação, (como diz o poeta), e porque mesmo assim há pessoas que nunca estão satisfeitas porque há sempre algo mais a fazer, a verdadeira alegria vai acontecer quando as pessoas se amarem e sentirem amadas, deste amor resultará a festa, uma alegria sem fim.
Viva a alegria, neste tempo que deve ser vivido na alegria da “Luz” que nos surge, para sabermos encarar os profetas da desgraça.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Ai que saudades

Nunca mais temos eleições
Já tenho saudades de ouvir a prosápia dos políticos, suas ideias e promessas. Estes últimos tempos têm sido de uma monotonia que até enjoa, fazem muita falta os políticos e só agora é que lhes começo a dar valor.
Nos jornais é sempre a mesma coisa: (fulano matou a namorada porque esta não o deixou sair com a amiga, os suspeitos do assalto à lavandaria foram postos em liberdade porque não se provou o roubo do detergente) e andamos nós para aqui a ler e a ouvir estas coisas enquanto não nos permitem ouvir os nossos fantásticos políticos. Vejo sempre as notícias na televisão, ouço o PM, mas sinto saudades dos políticos. Ouço os dirigentes dos outros partidos que não do governo, mas não ouço nada de inovador, andam todos preocupados com merdices sem importância, tentando, e às vezes conseguindo adormecer o “Zé”, que se entretém com o «Elo mais Fraco» enquanto vai comendo «Morangos com açúcar» a passar os olhos pelo «Remédio Santo» e acaba na «casa dos Segredos».
Que saudades que eu tenho da alegria do Natal, do fumo da lareira e do calor do coração, das pessoas da família (ou não) que se reuniam por amor e amizade não por conveniência social e hipócrita.
Que saudades eu tenho dos risos francos e abertos desta quadra, em vez da balofa brejeirice de algumas mensagens de telemóvel.
Que saudades eu tenho do meu tempo de escola em que ia sem sapatos nos pés, mas trazia algo na cabeça e dentro do peito, o saber adquirido e o reconhecimento respeitoso por aqueles que tinham como vocação ensinar.
Que saudades que eu tenho das poucas coisas que se tinham, em que se era obrigado a fazer valorosos sacrifícios para se ser algo, e não este tudo ter de mão beijada que só cria “mimalhos igoistas”
que um dia num lugar de poder são as bestas que tratam tudo e todos como se fossemos animais .
Que saudades eu tenho de homens e mulheres inteligentes, que se regiam por sérios valores morais, em vez dos actuais “chicos espertos” que se arvoram em donos do mundo. Contudo não sou vencido pela nostálgica tristeza, porque no meu interior uma alegre esperança floresce, e a luz já despontou, o sol há-de sempre brilhar por detrás da fumaça que fazem os canhões e da poeira das explosões, e o bem há-de vencer contra toda a adversidade, porque Àquele que em tudo manda nem a morte O vence.

sábado, 7 de janeiro de 2012

A calçada da Europa

Belas meninas mal calçadas
Rumam às calçadas com altos saltos
Na ânsia de andar na calçada
Pulam e saltam mesmo mal calçadas
Os buracos que são a calçada.
Toda a zona que fora calçada
Hoje não é calçada é um só buraco
E quem calçado nela teima em andar
Por causa da calçada pode acabar descalço.
Estas antigas calçadas
Que já foram ruas e avenidas
Hoje são de novo calçadas
Onde as meninas com altos saltos calçadas
Evitam os fundos buracos que deviam ser a calçada.
Calçada que foi mas já não é
Porque foi rua por muitos atamancada
E deixou há muito de ser calçada
Porque o fado é andar tudo descalço.
E quem descalço teimar andar na calçada
Nunca na vida terá calçado
Nem sola que lhe permita pousar o pé no chão da calçada
Porque o rei vai nu e anda também descalço.