sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Quem é o pobre?

 “Pobres dos pobres que são pobrezinhos”
(Guerra Junqueiro)

 Há um dia em que se lembra o pobre
Será que quem o é esquece?
Ou será lembrança para aquele
Que faz o pobre e não reconhece?

Alguns são e não sabem
Outros são e não suportam
Vivem sempre revoltados
Escondendo o que todos notam

Pobres conheço, mas há muitos
Que são muito ricos na vida
Ricos há que são pobres no viver
Por fazerem pobres por medida

Há pobres e pobrezinhos
Vitimizam-se e querem ser
Outros vão por outros caminhos
Sendo pobres são ricos
Antes e depois de morrer

 “Não é de protagonismo que os pobres precisam.
 Mas de amor que sabe esconder-se e esquecer o bem realizado” (Papa Francisco)

“Existem, no entanto, várias formas de pobreza.
E há entre todas uma que escapa às estatísticas e aos indicadores:
É a penúria da nossa reflexão sobre nós mesmos.” (Mia Couto)

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Raízes como sustento

Raízes são ligações
À terra e à família
Ao mundo e à vida
Nunca serão cadeias de prisão
Raízes são alimento
Nunca uma âncora
A raiz alimenta
A âncora imobiliza
Estar ligado à raiz
É sentir pulsar a vida
Lançar âncora
É viver parado
Sempre ligado às raízes
Mas viver desenraizado
Desprendido
Livre
Mas sempre ligado
À terra e à família
Ao mundo e à vida.

sábado, 3 de novembro de 2018

O Dia da Purga

Novembro chegou
Com ele o Dia de Todos os Santos
Devia ser dia de alegria
Mas não é
Em vez da festa
O choro de mágoa
A dor prevalece
A vida trocada pela morte
As saudades vincam-se
Que fazer?
Faltou realizar algo mais
Quando podia e devia ser feito?
Purgar sabe a pouco
“Se o dono da casa soubesse
A que horas viria o ladrão”
… depois
As flores
As luzes
As lágrimas
São a nossa penitência
Valem o que valem
Sabem a pouco.