sábado, 31 de janeiro de 2015

Morar num coração

Com a porta entreaberta
Fui entrando
Sem pressão ela se abriu
Eu fui ficando
Meu desejo era morar
Sem me instalar
No conforto interior
Sem aluguer pagar
A renda é o amor
Que tenho para dar
Ainda hoje sou inquilino
Com a porta sempre aberta
Faço morada certa
Não vivo lá sozinho
Mas sei bem coabitar
Enquanto souber viver
Conjugando o verbo amar.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Teimosos remos

Que esperar se ela me foge
Que fazer se a não tenho
Aguentá-la e carregá-la
Pira escaldante ardente lenho.

Das fraquezas faço força
Persisto e vou avançando
Num casco por marés gasto
Nas rotas que vou tomando.

 Vem o vento aperta o frio
Acerca-se a tempestade
Não fora um brilhante ponto
Negra noite era a realidade.

Nos portos que vou acostando
Amarras débeis são segurança
Que me fazem ver na praia
Vestígios de alguma bonança.

O timão é o meu guia
Nesta barca que a cada dia
É açoitada por mar alterado

No porto que eu atracar
Avançarei sem remar
No rumo por Deus traçado.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Mudança de ano ou ano de mudança?

Passada que está a euforia
Esfriados os ânimos
Terminadas as festas que nem todos puderam ter
Partilho um pensamento
Uma conclusão
Nada de científico
Mas deixa sempre a interrogação.
Foi o novo ano que veio
Ou eu é que fui ao seu encontro?
Das muitas mensagens recebidas
O que sempre agradeço
Em todo o seu conteúdo que não deixa de ser normal
Porque usual; constava:
“Que o novo ano te traga saúde, alegria e felicidade”.
“Que dois mil e quinze traga a paz e bem estar que o mundo carece”
“Que o ano novo nos traga tudo de bom”
Mensagens houve que me desejavam ainda um ano com mais dinheiro.
Ah, se o novo ano me fizesse essa benesse…
Eu tentaria viver mais algum tempo e pagar-lhe- ia com juros.

Só que pensando bem cheguei à conclusão
Que o ano não veio
Eu é que fui ao seu encontro
E que ele vai ter para mim
Aquilo que eu levar até ele

Se eu sou tristeza: Ele não me dará alegria.
Se eu faço guerra: Ele não me dará a paz.
Se eu transportar todos os meus defeitos: Por certo ele não será só virtudes.
Até o dinheiro, se entrei em Janeiro teso:
O novo ano dar-me-á
O pouco que for esgravatando.