quinta-feira, 26 de julho de 2012

Ter fé não é um negócio

 Além de alguma debilidade física, devo confessar que as dores e as tribulações nunca me trouxeram prejuízo. Fazem-me sofrer, claro, mas nunca me causaram prejuízo, nem à alma, nem mudaram a orientação da minha vida.
Tomo a liberdade de citar alguns escritores, por me rever em suas afirmações.
“O homem é um eterno aprendiz, a dor é o seu eterno mestre” (Alfredo de Musset).
“A dor aguça a inteligência e fortifica a alma” (Schaubert).
“A tribulação é o crivo que separa a palha do grão” (Rivadeneyra).
Poderão dizer que isto é literatura, preocupação em adoçar aquilo que é azedo, mas a dor quando não é assumida, leva à destruição.
Pessoas existem onde é inútil semear a esperança, digas o que disseres sempre encontrarão uma gota de veneno para se manterem na amargura.
O sofrimento pode ser tomado como um desafio, um obstáculo que me obriga a saltar mais longe.
De que adianta cultivar as minhas dores e revolver-me na tristeza?
Sofrer é sempre sofrer, mas poder olhar para o sofrimento da perspectiva de quem vive a fé, ajuda a encarar o futuro sem ressabiamento, porque a esperança, essa, ainda resiste.
Há pessoas que pensam que, quando se tem fé, os problemas desaparecem por si mesmos. Se assim fosse, ser crente era um consolo e um negócio rentabilíssimo. Mas a verdade é que normalmente, Deus não vai à frente dos seus a tirar do caminho todos os obstáculos em que poderiam tropeçar, ou a fazer que as dores saibam a chocolate.
Para aquele que crê sofrer é sofrer.
Mas ter fé, é ter consciência que o sofrimento consegue ultrapassar-se, com a ajuda Daquele em que se acredita.

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