domingo, 27 de julho de 2014

Datas felizes

Dia de Domingo
Vinte e sete de Julho de oitenta
Acordou solarengo e quente
Como os escaldantes coraçõezinhos
Dos dois jovens que se preparavam
Para nesse dia subir ao altar.
Já lá vão 34 anos
Mas os corações mesmo com mais uso
Ainda não refrigeraram
Continuam a guardar o calor do amor
Que faz a felicidade
De quem aposta em viver o Matrimónio.
Sempre contando com a presença de Deus
Numa vida em que ser feliz
Está como prioridade a felicidade do outro
No respeito pela diferença
E na alimentação do amor em casal
Quantos mais?
Só Deus sabe
Mas quantos forem
Serão decerto de felicidade.
                                         27 Julho 2014

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Morrer para mudar

Bom é quando se morre
Já pouco ter para morrer
Se na vida se foi falecendo
Para aquilo que não faz falta ter
Na vida muito se muda
Quase tudo
Sem nunca mudar de vida
Mesmo nada
Até as dificuldades alternam
Para quem como eu sempre viveu dificuldades
São escola. Ensinam a viver
As dificuldades
Por isso sempre morrendo
Na vida vou estabelecer
Normas. Mudanças
Não de condição. De coração
Ser pobre não sendo
Não sendo saber ser
Pobre não por falta do “metal”
Viver sem ele é riqueza
Para quem é. Para mim
Não ter dinheiro é uma situação temporária
Eu vou mudar
Não vou viver sempre aqui
E enquanto aqui em dificuldades
Sempre me bafejaram riquezas
O Pai
A família e amigos
A Igreja/comunidade
O amor que sempre me alenta
Vindo de todas as partes
Pelas portas e janelas que arejam a vida
Sempre abertas
Enchendo meu cofre-forte
Que se abre quando respiro
E partilha a riqueza que me é oferecida
Sem mas… Nem meio mas…

sexta-feira, 18 de julho de 2014

A fronteira

O ter que sair
Passar a fronteira
Onde fica não sei
Não conheço a fronteira
Quem sabe onde fica
A fronteira
Este ano não vou a caminhar
Mal se percebeu mas está dito
Vou de cadeira de rodas
A consciência das limitações
Ir à Missa de cadeira de rodas
Levar uma cadeira de casa
De rodas
Como levar o farnel para a merenda
Repousando à sombra dos santos
Petiscar nas margens da idade
Não conhecer ainda a fronteira
Fazer a viagem de cadeira
Para passar um dia a fronteira deitado
Sobre rodas
E o tempo que não corre mas se escoa
Para ele e para mim
E todos passamos a fronteira
Mesmo os que não a querem passar
Por não saberem onde fica
Ou por não a conhecerem
À fronteira.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Discrição ausente

Esta coisa dos telemóveis!
Eu recolhido no meu canto
E lá fora na rua, uma voz de homem
A voz era
A passos rápidos caminhando e falando
A passagem pela porta
Permite só uma frase no ouvido
“Ela tem um filho mas é divorciada”
Otimo, apetecido alvo
Nada é impeditivo
“Ela tem um filho mas é divorciada”
A estrada é larga
A meta é já ali…ela
O filho o divorcio
Tudo é ultrapassável
Quem seria o interlocutor?
A mãe. O pai. O amigo?
Não interessa
“Ela tem um filho mas é divorciada”
Eu quero Ela pode ser minha
Por quanto tempo?
Não interessa
Ninguém me imputará a responsabilidade de pai
“Ela tem um filho mas é divorciada”
Já tem um filho
Já teve homem
Agora tem um divórcio
 E pode ter-me a mim
Pouco me importa do que já teve
Agora
No imediato o que vale é que…
“Ela tem um filho mas é divorciada”.