sábado, 26 de janeiro de 2019

Os "tu" abandonados

Como iniciativa foi ótima
Louvável a todos os níveis
Na congregação dos grupos
Uma comunidade em envolvência
Foi lindo de ver
A criatividade
A beleza imaginativa
O mote era:
“O presépio és tu”
E na exposição foram muitos “tu”
Muitos presépios
Só que…
A exposição tem fim
Na hora de culminar
 Quem organiza em beleza quer acabar
Mas não pode
Há muitos “tu” sem dono
Muitos presépios abandonados
Que fazer?
Formar uma instituição para acolher os enjeitados?
Ou deitar todo o simbolismo ao lixo?

sábado, 19 de janeiro de 2019

Era uma vez o natal

O Natal vem sempre não há engano
Se mal vivi o quotidiano
O Natal será mais um caso profano
Não deixando de ser o espelho do ano.
Fazer de conta é sempre fingir
Dizer que sim mas não querer ir
Ou então faltar para não mentir
Se marca presença logo vai fugir.
Para quê forçar se não sente nada
Nada faz sentido numa impostura pegada
De contradição numa ceia forçada
Como fica a família nesta caldeirada.
O que era alegria é hoje obrigação
O que era encontro é agora encontrão
Para haver a festa bastava união
Cada vez faz mais frio no que foi comunhão.
Será que custa ser honesto e leal
Conseguir discernir quando causo mal
Ganhar consciência do mundo real
E fazer da família a essência do Natal.
O calor da fogueira não dá para aquecer
Enquanto o coração de gelo permanecer
Um Natal sem amor mais vale esquecer
Até conseguir deixar Jesus nascer.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Viver é isto?

Sempre os mesmos gestos
As mesmas palavras
As mesmas coisas repetidas
Viver para arrancar a vida à morte
A monotonia é a forma
Remoer o tempo em trevas e solidão
A rotina
De novo, nada se passa
Enferrujam os hábitos lentamente acumulados
A vida é fictícia
As palavras perderam a realidade
Construímos paralelamente uma falsa vida
Que defendemos desesperadamente
Continuamos a matar o tempo
Mesmo que daqui se veja a vida toda
Vivemos de detalhes e manias que nos vão sustentando
Vivemos a representar
Quando presente num funeral lembro a morte
Mas depressa desvio o olhar
E entro de novo na vida comezinha
Como pesa a vida
Reduzimos a vida a uma insignificância
E continuamos a não viver dom maravilhoso
O fantástico dom da vida.