sábado, 21 de maio de 2016

Tampo de seca

Um nicho
A estátua de um santo
Em plena via pública
E as letras garrafais da legenda.
“O sangue dos Mártires é semente de cristãos”
Falando para mim mesmo (Caminhava sozinho) dizia.
Hoje continua a fazer-se Mártires
E muitos
Os cristãos cada vez são menos
E mais velhos
Poucos nascem Cristãos
E a máxima do “poucos e bons” Também parece falível.
Que é feito da semente? (O sangue dos Mártires)
A diminuição dos terrenos aráveis
Dos homens e mulheres do amanho da terra
E principalmente a seca
É plausível explicação.
Facto é que tem chovido bem
O calor nem é muito
Mas a seca existe.
A aridez do terreno
Impede o germinar do alfobre
Se cai a água do alto e é regado
Depressa vem a erva daninha
Cresce e rápido abafa a sementeira.
Perdida a semente
Nunca haverá fruto
Há-de surgir nova semente
Mas a seca interior
Levará novamente ao pecado do desperdício
O ressurgimento dos Mártires continuará
O aumento dos cristãos
Nem por isso.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Abafado Grito

Falava em profundo silêncio
Que a espera em ser ouvido
São os ferros a que me agarro
Das grades que não me aprisionam
Antes me salvam
Impedindo-me de morrer afogado
Nas circunstantes e balofas palavras
Que podem até ser enchentes de rio
Querendo abraçar o mar
Mas que rejeitadas pela maré
Nunca chegam a ser ditas.