terça-feira, 26 de julho de 2016

Aos avós

Porque hoje é dia dos avós
Ergo forte minha voz
Dizendo da minha alegria
Como é bom ver nos netinhos
O que são nossos caminhos
Sendo avós todos os dias.

Ser avós é ser amor
É ser guias condutor
Carinho e compreensão
É lindas flores regar
E o vê-las desabrochar
Perfuma nosso coração.

A família árvore de porte
Robustece e fica forte
Se no tronco todos nós
Nos prendermos à raiz
Para viver mais feliz
Com a presença dos avós.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

O por quê de ser

Sair. Fugir
Sair da terra
Por amor
Fugir da guerra
E da dor
Lançar-se no abismo
Saltar
Num trapézio sem rede
O mar
A água que mata
É o chão
Futuro incerto
Escuro no coração
Nos filhos o pensamento
A paz ansiada a cada momento
Entrar na aventura
Na viagem
Impelido pelo vento
Da coragem
Envolto na neblina
Da persistência
O querer é força
Resistência
Nem melhor nem pior
Diferente
Um ser igual
Ser gente
Adjectivo refugiado
Estou contigo
Do teu lado
No extirpar da arrogância
Da hipocrisia
No acolher por amor
Em alegria
Não por esmola
Por solidariedade
Ser teu irmão
De verdade
Dar-te minha mão
Fazer contigo o caminho
Abrir-te meu coração.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Pintura da vida

Fazer da vida obra de arte
É ter presente em toda a parte
A dádiva com que Deus me dotou
É com testemunho atestar
Que as cores com que a vida pintar
Dirão o artista que sou.

Na paleta misturo a tinta
Mas se derrapo na finta
Acabo borrando a pintura
Porque no quadro da vida
A tela é mais convidativa
Quanto melhor é a moldura.

Minha musa de inspiração
Faz ninho em meu coração
E dorme no meu regaço
Vou pintando com amor
Mas porque sou amador
Nunca serei um Picasso.

sábado, 16 de julho de 2016

Vem

Vem fica comigo
E pega na minha mão
Não me deixes de castigo
Se demoras não tenho abrigo
Adormeço na solidão.

Vem fica comigo
Não me deixes abandonado
Quero ficar contigo
Na esperança a que me ligo
Sonho ter-te sempre a meu lado.

Vem fica comigo
 Que a noite não vai tardar
Eu sozinho não consigo
Destrinçar o joio do trigo
Nas trevas que vão chegar.

Vem fica comigo
E traz-me o teu abraço
A trémula luz do postigo
Não mostra por onde sigo
 Podendo cair no laço.

Vem fica comigo
Que eu preciso do teu calor
Para mim o maior perigo
É deixar de ter por amigo
Quem sempre me deu amor.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Sinais do corpo

«Segunda-feira 11 de Julho
No átrio do infantário frequentado pelas netas
Com os pertences na mão a Leonor e a Luísa
De olhar muito sério mas calmo
Fitam-me de alto a baixo, encostando-se nas minhas pernas.
Diz a Leonor:
- Tu ontem foste à feirinha.
Queria ela dizer:
 - Tu ontem pregaste-nos um grande susto.
A Luísa a cada palavra dizia que sim acenando com a cabeça.
Dei-lhes um beijo, tocado pela preocupação.
Meninas maravilhosas.
Explicando-me foi-lhes dizendo.
Foi uma indisposição passageira.
Já passou.
A Leonor, do alto dos seus 5 anos continuou.
- Sabes avô, a mamã diz que: “O nosso corpo dá sinais quando não está bem”
Muito bem disse eu, é isso mesmo.»
Perfeito para explicar o acontecido

É isso são sinais
E o meu corpo vai dando alguns
Aqueles que entendo contorno
Mesmo sendo só de perigo
Outros são de obrigação
Há sinais que nos mandam ao chão
Por sorte ainda não havia buraco
E deu para continuar a circular
Com velocidade limitada
Até o próximo susto.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Quando tu não estás

Até as pedras choram
Murcham e secam as flores
As aves drasticamente emudecem
Secam as águas das fontes
O sol timidamente se esconde
As nuvens são o anúncio de tempestade
E porque o céu fica negro
Ensombra o meu coração
Escurecem meus pensamentos
Ficando envolvido por melancólica tristeza.

Porque tu não vieste
Tu não estás
Embora eu não esteja só
Não conto com tua presença
E tu fazes-me falta
Nota-se a tua ausência
Quando tu não estás.

domingo, 3 de julho de 2016

Tempo a que não fujo

Porque me faz bem o silêncio, dele não fujo
Ter espaço para pensar é privilégio
Meditar como quem reza
Rezar como quem crê
Fazer o que deve ser feito por mim
Confiar em outras mãos aquilo que me transcende
E porque peço também agradeço
Porque agradeço louvo
Louvando sempre confio
Na proteção para mim e para o outro
O amigo que sofre
Para os outros que ficam deste lado
E sofrem por ver sofrer
E eu padeço por nada poder fazer
Mas o que poço faço
Faço mais ficando em silencio
Esperando o melhor sem saber qual será
O melhor
Mas é no silêncio que mais lembro
As cadeias da minha incapacidade
As amarras que me prendem os movimentos
E fazem soltar uma lágrima
Não de revolta
Mas duma coragem questionante
Que me leva à pergunta
“Que queres que eu faça”.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Só porque acordei

Senti-me impelido a recomeçar.
Sinto a felicidade dos que vivem a vida.
Agarro o dia que também despertou.
Subo na nuvem embalada pelo vento.
Bem digo o sol que me ilumina.
Sinto o beijo meigo do vento.
Encontrei no outro o alento quem me falta.
Descobri as cores de meus pensamentos.
Entrei em combate esperando vencer.
Consigo abanar quem não despertou.
Caminho sabendo que posso cair.
Larguei a teia do entorpecimento.
Abri os olhos à graça concedida.
Agradeço ao Pai aquilo que sou.
Tenho a esperança no cair da noite.
Podendo dormir “Só porque acordei”.