sábado, 12 de maio de 2012

Fui ver o mar

 Fui ver o mar
O forte calor que fazia
Não queimava maresia
A chuva tinha partido
O sol estava no auge
O mar estava lá.
E eu olhava e via
O mar e as gentes
O mar vomitava o lixo
Com que as gentes o atulhavam
As gentes passavam sem o ver
Nem os detritos por ele devolvidos.
Marionetas transpirantes
Num frenético vai e vem em calções
Expurgando os restos da erosão corporal
Despojos auto ingeridos.
E o mar lá estava soberbo e romântico
Num amoroso murmúrio sussurrante às rochas
Enérgico e defensor dos seus domínios
Dirigindo imprecações às gentes
Face ao lixo de repugnante luxo
Destruidor da natureza mãe.
E o mar continua na defesa do que é seu
Numa luta estratégica de avanços e recuos
De convites e expulsões
A agua.
O mar.
A vida e morte de mãos entrelaçadas
E o mar lá continua aceitando tudo sem discussão
Periodicamente deitando fora o que lhe não pertence
O mar e as gentes
Ele veneração à natureza, elas no culto do corpo
E o mar espera até ser usado pelas gentes
Cúmplice antagonismo, maravilha explorada
Menos ainda admirada por isso nada respeitada
Fui ver o mar
Eu olhava e via
E o mar lá estava
E forte calor que fazia
Não matava a maresia.

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