sábado, 29 de janeiro de 2022

Atemorizadores com medo

 

A felicidade de quem hasteia a bandeira do medo

É ver a plebe agachada

Que sussurra geme e sofre

E tolhida nunca diz nada

O senhor anuncia trevas

E travessia de deserto

Que o melhor é o trilho do pântano

Porque o oásis não está perto

A estrada que nos deixaram

Foi um caminho pedregoso

Carregar o fatalismo é obrigatório

Diz o iludido poderoso

Quem fará melhor que eu

Quem questiona o meu lugar

O dia há-de sorrir

Quando a sombra da noite acabar

Nas hostes o medo acampou

E o senhor feliz desgoverna

Cuidado senhor cuidado

Que a letargia não será eterna

Se ao longe se mexe um sobrolho

E o efeito hipnótico passar

É lançado o alerta geral

Porque o sono pode acabar

Da lixeira se ergue um corpo

Cambaleante e estremunhado

Ainda não disse nada

Mas deixa o papão borrado.

 

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Não quero, mas quero

 

Não quero roupa, quero agasalho.

Não quero relógios, quero tempo.

Não quero telemóveis, quero ligações.

Não quero chocolates, quero doçura. Nas palavras e nos gestos.

Não quero lâmpadas, quero luz. Brilho no olhar. 

Não quero desembrulhar prendas, quero desapertar o coração.

Quero risos. 

Não quero pressa, o amor leva tempo.

Não quero cadeiras, quero lugares.  Há sempre lugar para quem nos quer bem.

Não quero conversa, quero diálogo.

Não quero embrulhos, quero abraços. Muitos.

Não quero encomendas, quero entrega.

Não quero lembranças, quero memórias.

Não quero que seja uma noite, quero que seja uma vida.

Não quero uma vida qualquer.

Quero uma…

“Vida Vivida”.

 

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Olhos Castanhos-Esverdeados

 

 

Os meus olhos

Gostava que os meus olhos te mostrassem o caminho

O caminho da ternura

O caminho da Alegria

O Caminho de uma vida que não se consegue num dia

Olhos Castanhos-Esverdeados são os meus

Por vezes parecem tristes. Mas não são

São como a vida

Por vezes menos brilhante

Mas sempre uma vida com luz

Como o amanhecer do dia.

São olhos de ternura, de carinho, de amor

Transmitem calor que vem do interior

O calor dos olhos meus

Que querem somente amar para ter amor

Ser teus, só teus

Seja noite, ou seja, dia

sábado, 15 de janeiro de 2022

Ainda tenho metas para a vida?

 

 

Sempre

Mais curtas talvez

Quanto maiores mais falíveis

Já faltam pernas

Coração e pulmão

Delinear metas plausíveis

Ter presente as capacidades

Despertar em cada dia e sentir a vida

Olhar o espelho e sorrir

Agradecer a meta atingida

Projetar as horas seguintes

Com muitas ganas, mas sem certezas

Se for preciso parar para restabelecer

Faça-se a paragem

Mas nunca por acomodação

Assim as metas serão cumpridas

Sem as etapas não forem compridas.