sexta-feira, 29 de junho de 2018

Um local limpo

Um sítio limpo
Queria encontrar e não consigo
Para viver
Longe da poeira da verborreia constante
Do lixo tóxico de balofas opiniões
Da porcaria das certezas sobre tudo
Do esgoto que é o novo-riquismo
Da lama difamatória
Um sítio limpo
Que vou continuar a procurar
Tentando não pisar tudo
Para viver sem me contaminar
Sabendo não ser fácil
Porque só são três
As divisões na reciclagem.

domingo, 10 de junho de 2018

Uma Luz nas trevas

“Fazer acontecer não é tentar”
Clamar por caridade e justiça não basta
Justiça e caridade
É querer e trabalhar pelo bem comum
Correndo riscos
Sendo riscado
Por não embarcar no cruzeiro tentador
No comodismo miserável
Do habitual deixar correr
De nada fazer.
Se do sistema não comungo
Sou oprimido
Mas não esmagado
Fico perplexo
Mas não desesperado
Perseguido
Mas nunca abandonado
Abatido
Mas não aniquilado
Transporto comigo uma chama
Que não se chama mas é
O que me leva a seguir
A Luz que sempre me guia.

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Estouro mortal da vida

Quando a vida é uma granada
Todo o cuidado é pouco
Retirando-lhe a cavilha
Jamais pode ser largada
Se a qualquer momento afrouxa a pressão
E se larga a espoleta
É certa a explosão
A vida vai pelo ar
Destruindo quem está por perto
Danificando estruturas
Estilhaçando o que de belo exista
Agarrar a vida é a solução
Prende-la com toda a força
E se conseguirmos manter a cavilha presa
Poder-se-á evitar a calamidade
Da destruição da existência
Do estouro mortal da vida.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Reviver a infancia

Porque agora sei haver o dia da criança
Recuo no tempo e revivo
Descubro raízes
Avivo a memória
Da criança que foi e não era
Da criança que era e não fui
As brincadeiras ao ar livre
O chamar da mãe que não era ruim
O chamar do pai já trazia consequenciais
As traquinices que sempre valiam ralhete
O correr descalço sem metas limitadas
Os amigos de escola
Os vizinhos sempre de porta aberta
O amor dispensado
O carinho de um lar amigo
Nomes nunca esquecidos
Os esconderijos no pinhal
Os castelos feitos de nada
Uma meninice recordada com alegria
Os brinquedos inventados
O valor dado a pequenas coisas
Grandes feitos em mente de criança
Grandes façanhas sendo criança
Ser criança sem saber o seu valor
Viver de criança sempre com tarefas marcadas
O recolher da lenha para o fogão e forno
O pasto para os coelhos que se criavam
O recolher o estrume para a terra
Ajudar no amanho da mesma
A alegria do dia da catequese
Os sapatos estreados na Comunhão Solene
Tantas dificuldades vividas
Quantas alegrias partilhadas
A felicidade conquistada em tudo o que se fazia
Quanta diferença para os tempos de hoje.