quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Tempo de Natal

Faça o tempo que fizer
Natal é tempo de luz
A discórdia já é passado
Porque o futuro é Jesus

O presente é o nascimento
De um Menino Salvador
Nascendo pobre me faz rico
Se vivo num tempo de amor

Nos sorrisos das crianças
Vejo paz e a luz do futuro
As lembranças são o passado
Que o tempo torna maduro

É Natal nos sinos que tocam
Dizendo que em minha mão
Estará um tempo de esperança
Se houver sol em meu coração

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Natal navegado

A navegar pelo mar do mundo
À procura de encontrar o Natal
Já parei em muitos portos
Num rumo nada normal                (Continua na luta remador)

Fala comigo Natal
E se a ti eu não chegar
Anda tu ao meu encontro
Estou cansado de remar.                (Não pares, tens que lutar, tens que remar)

Para os pequenitos és alegria
Para os maiores stresse constante
Ocupados com as coisas
Esquecemos o mais importante.    (O que importa é remar)

E Jesus nasce por nós
Nasce pobre para dizer
Que no mundo somos iguais
Se Ele connosco viver.                  (Anda daí pobre remador)

Quero entrar Jesus no presépio
Que me mostra que num curral
Pode haver um trono de rei
A luz do verdadeiro Natal.          (Mesmo em seco tens que remar)

No Natal trocamos presentes
Ó que alegria que grande emoção
Jesus também fica contente
Se eu lhe der meu coração           (Remar é preciso mais que nunca)

Precisamos ser pastores
E visitar Jesus menino
Teremos sempre uma estrela
Que nos guia no caminho.            (Caminhando no mar, sempre a remar)

E o barqueiro sempre a remar
Com pouca força, mas muita fé
Para encontrar o Natal a sério
Há que remar contra a maré.        (E remar sempre de pé)

Será preciso um milagre
Que mais terá de acontecer?
Não sabemos ler o mundo?
Deixemos Jesus nascer.                (E sempre a remar. E sempre a remar).

Presépio à vista é um porto seguro
É porta aberta é menos um muro
Deixemos entrar a Luz
Deixemos nascer Jesus
DEIXEMOS NASCER JESUS.    (E sempre a remar, e sempre a remar, e sempre a remar).

domingo, 9 de dezembro de 2018

Desejada e necessária mudança

Ouço uma voz que clama
Para preparar o caminho
A decisão só pode ser minha
Sou eu que decido sozinho
Devia mudar de conduta
As veredas endireitar
Não me embrenhar nos silvados
Que me impedem de caminhar
Precisava aterrar os vales
Que sulco com meu proceder
São covas que estando abertas
A vida se pode perder
Por vezes ergo alguns montes
De orgulho e prepotência
E mantenho algumas colinas
Feitas de autossuficiência
Quando aplanar caminhos
E escarpadas veredas endireitar
Estarei a preparar terreno
Para Aquele que vai chegar.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Quem é o pobre?

 “Pobres dos pobres que são pobrezinhos”
(Guerra Junqueiro)

 Há um dia em que se lembra o pobre
Será que quem o é esquece?
Ou será lembrança para aquele
Que faz o pobre e não reconhece?

Alguns são e não sabem
Outros são e não suportam
Vivem sempre revoltados
Escondendo o que todos notam

Pobres conheço, mas há muitos
Que são muito ricos na vida
Ricos há que são pobres no viver
Por fazerem pobres por medida

Há pobres e pobrezinhos
Vitimizam-se e querem ser
Outros vão por outros caminhos
Sendo pobres são ricos
Antes e depois de morrer

 “Não é de protagonismo que os pobres precisam.
 Mas de amor que sabe esconder-se e esquecer o bem realizado” (Papa Francisco)

“Existem, no entanto, várias formas de pobreza.
E há entre todas uma que escapa às estatísticas e aos indicadores:
É a penúria da nossa reflexão sobre nós mesmos.” (Mia Couto)

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Raízes como sustento

Raízes são ligações
À terra e à família
Ao mundo e à vida
Nunca serão cadeias de prisão
Raízes são alimento
Nunca uma âncora
A raiz alimenta
A âncora imobiliza
Estar ligado à raiz
É sentir pulsar a vida
Lançar âncora
É viver parado
Sempre ligado às raízes
Mas viver desenraizado
Desprendido
Livre
Mas sempre ligado
À terra e à família
Ao mundo e à vida.

sábado, 3 de novembro de 2018

O Dia da Purga

Novembro chegou
Com ele o Dia de Todos os Santos
Devia ser dia de alegria
Mas não é
Em vez da festa
O choro de mágoa
A dor prevalece
A vida trocada pela morte
As saudades vincam-se
Que fazer?
Faltou realizar algo mais
Quando podia e devia ser feito?
Purgar sabe a pouco
“Se o dono da casa soubesse
A que horas viria o ladrão”
… depois
As flores
As luzes
As lágrimas
São a nossa penitência
Valem o que valem
Sabem a pouco.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Econtro nunca encontrado

Tanta oportunidade perdida
De dar um abraço em vida
Aqueles de quem gostamos
Vivemos no só me basto
E quando acontece o nefasto
O tempo passado lembramos.

Aí lembramos com saudade
E falhada a oportunidade
Só nos ficou o agraço
Que amarga na despedida
Por não partilharmos em vida
O calor do nosso abraço.

Sincero é nosso lamento
E vivemos com sofrimento
A partida de quem nos deixou
De coração magoado
Desse encontro nunca encontrado
Por um caminho que nos isolou.

Desta lição aprendamos
Que a amizade que semeamos
É valor sempre a manter
Um amigo é um tesouro
Mais valioso que o ouro
Que um dia possamos ter.

 “Nunca o mundo teve ao seu dispor tanta comunicação. E nunca foi tão dramática a nossa solidão. Nunca houve tanta estrada. E nunca nos visitamos tão pouco”. (Mia Couto)

domingo, 30 de setembro de 2018

Milagres? Eu acredito

Que ainda hoje acontecem milagres
Eu acredito.
Os encontros na casa do Pai
São maravilhoso dom
Lá onde sempre estive
Mesmo quando a fragilidade me tomou
Buscava aí a saúde espiritual
Injetada pela minha fé
Hoje vou renascendo para vida
Graças às milagrosas mãos humanas
Guiadas pela mão de Deus
Eu acredito.
Na casa do Pai que me quer para viver a vida eterna
Encontrei o homem que me fez voltar
À vida neste terreno mundo
Eu acredito.
Nada acontece por acaso e em tudo o que me acontece
Vejo o sinal de Deus na minha vida.

A surpresa emocionante do encontro
Com o doutor Fernando Viveiros
Na Igreja de S. Félix da Marinha
A 23 de Setembro de 2018
Foi mais uma marca na minha humilde existência
Eu acredito.
Obrigado Doutor.

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Escaldante calor

Há outro calor que mais gosto
O do conforto interior
Não o calor do tempo
Este inferno imaginado
Que me deixa derrotado
Destruído fisicamente
Como casa depois de um tornado
O suor no rosto é sangue salgado
Que me encharca e tolda
Que me ofusca e tisna
Até quando esta luta
Entre o querer e não poder
Entre o estar e não ser
Exister e saber morrer
E sem fazer por merecer
Ficar
Permanecer
Ter porta aberta e não sair
Ter mala feita e não partir
Porque a etapa não terminou
E tempo que me ficou
Mesmo com calor infernal
É de viver e não fugir.

sábado, 25 de agosto de 2018

Ilusória vida

Nada nem ninguém neste mundo
Faz tanta falta ao outro
Como o afeto que lhe possamos dispensar.
Só que a complexidade humana
Transforma o que lhe traz felicidade
Em causa de desventura.
A nossa loucura leva-nos a ir à procura
Por vezes a longínquos lugares
Quando o que nos é necessário
Vive bem perto e nos toca a todo o instante.
Os nossos estreitos limites
Levam-nos a usar as nossas energias
Faculdades e inteligência
Esgotando todas as forças
Em satisfazer algumas necessidades 
Que achamos imprescindíveis.
Quando as conquistamos
Vemos que aquilo que achávamos como necessário
Só tende a prolongar a nossa miserável existência
Porque o essencial nunca foi por nós procurado.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Cada problema sua solução

Todo o problema tem o seu fim
Se a solução dependesse de mim
Por certo algo faria
Seria o melhor? Se calhar não
Mas por tentar a solução
Garanto não ficaria.

Os problemas cozinhar
Deixa-los a marinar
E não os tentar resolver
É dispêndio de energia
Se deixados para outro dia
Azedam sem se comer.

Enfrentar mesmo que custe
É resistir ao embuste
De a si próprio enganar
Quero crer melhor seria
E a dor que sentiria
Mais leve se iria tornar.

domingo, 19 de agosto de 2018

Vivendo como a vida é

Como nómada
Numa tenda
Vejo chegar a noite
Noite términus do dia
Não a escuridão
Não o negro do coração.
O buliço do dia dá lugar à calma
A calma repousante
Que convida à reflexão
A noite silenciosa
Que permite ouvir a corrente suave do rio
Esguia e apressada por entre pedras
A correr sem vacilar
Fazendo caminho que ninguém vai mudar
Deserto gratificante
Que fortifica e leva à paz
Mostrando a forma capaz
De algo fazer sem barulho
Sem alardes nem pompa
Sem esperar o convite
Missão que sendo aceite
Deve ser realizada
Mesmo gastando a vida
Não esperando contrapartida
Mesmo no fim da jornada.

domingo, 5 de agosto de 2018

Novamente o silêncio

“O erro da pessoa é pensar que os silêncios são todos iguais” (Mia Couto)

O silêncio que ninguém cala
O silêncio contestação
Do respeito
Da admiração
O silêncio gritante
O silêncio interrogação
Do questionamento
Da reflexão
O silêncio que fere
O silêncio irritação
Do incómodo
Da afetação
O silêncio do calado
O silêncio sem afirmação
Do engolir em seco
Da não aceitação
O silêncio da escuta
O silêncio como regra seguida
Do louvor permanente
Da vida vivida.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

O isolamento enfraquece

Feliz de mim se me ponho a caminho
E rejeito ficar sozinho.

Ser um elo da corrente
Fortalece a alma da gente.

Entrar no combate à dor
Usando as armas do amor
O balsamo é uma certeza
Mesmo com pouca firmeza
A vida vou agarrar
E com os outros partilhar
O que sou e me faz mais forte
Acreditando até à morte
Que a vida sou eu que a faço
E quanto mais forte o laço
Que me vai mantendo de pé
Mais firme será minha fé
Porque…
“No abraço da Tua voz
Juntos caminhamos nós”.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Partir em viagem

Comprar passagem de ida e volta
É saber o dia e hora de regresso
Viajar por tempo indeterminado
É privilégio só de alguns
Partir para não mais regressar
É sina que a todos espera
Ver aqueles que partem
Dizer adeus mas saber que voltam
É saudade controlada
Há viagens que não tem regresso
Nessas, onde se faz a verdadeira passagem
Não são precisos bilhete nem passaporte
Os documentos serão a vida feita
Poderá ser maior a dor de quem fica
Mas o reencontro é fatal
Para essa definitiva viagem
Se tivermos tempo de preparar bagagem
Mesmo que não levemos a mala
Partimos mais confortados
Se deixamos a vida arrumada.

sexta-feira, 6 de julho de 2018

O nada de que sou feito

Só quando o telhado ruiu
Descobri a proteção das estrelas
As paredes ficadas ao alto
Não convencem como casa
Oiço o vento agoniante
Que assobia lúgubre e pressagioso
A chuva corre como pranto
Em lágrimas que me encharcam
Atenuando a aridez que me mirra
No deserto da minha busca
Não há uma gota refrescante
O oásis que eu esperava
Foi miragem alucinante
O caminho imaginado
É penosa travessia
As minhas vestes em farrapos
São o coração dilacerado
De raízes abaladas
Oscila a árvore que me fiz
Procurando no chão que sou
Descubro a fragilidade
Os abalos de média escala
Vão abrindo algumas crateras
Os surdos gemidos
São a lava que me queima
Mas entre um e outro tremor
Há calmaria que baste
Para descobrir nas estrelas
O abrigo que me faltou
No telhado desabado.

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Um local limpo

Um sítio limpo
Queria encontrar e não consigo
Para viver
Longe da poeira da verborreia constante
Do lixo tóxico de balofas opiniões
Da porcaria das certezas sobre tudo
Do esgoto que é o novo-riquismo
Da lama difamatória
Um sítio limpo
Que vou continuar a procurar
Tentando não pisar tudo
Para viver sem me contaminar
Sabendo não ser fácil
Porque só são três
As divisões na reciclagem.

domingo, 10 de junho de 2018

Uma Luz nas trevas

“Fazer acontecer não é tentar”
Clamar por caridade e justiça não basta
Justiça e caridade
É querer e trabalhar pelo bem comum
Correndo riscos
Sendo riscado
Por não embarcar no cruzeiro tentador
No comodismo miserável
Do habitual deixar correr
De nada fazer.
Se do sistema não comungo
Sou oprimido
Mas não esmagado
Fico perplexo
Mas não desesperado
Perseguido
Mas nunca abandonado
Abatido
Mas não aniquilado
Transporto comigo uma chama
Que não se chama mas é
O que me leva a seguir
A Luz que sempre me guia.

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Estouro mortal da vida

Quando a vida é uma granada
Todo o cuidado é pouco
Retirando-lhe a cavilha
Jamais pode ser largada
Se a qualquer momento afrouxa a pressão
E se larga a espoleta
É certa a explosão
A vida vai pelo ar
Destruindo quem está por perto
Danificando estruturas
Estilhaçando o que de belo exista
Agarrar a vida é a solução
Prende-la com toda a força
E se conseguirmos manter a cavilha presa
Poder-se-á evitar a calamidade
Da destruição da existência
Do estouro mortal da vida.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Reviver a infancia

Porque agora sei haver o dia da criança
Recuo no tempo e revivo
Descubro raízes
Avivo a memória
Da criança que foi e não era
Da criança que era e não fui
As brincadeiras ao ar livre
O chamar da mãe que não era ruim
O chamar do pai já trazia consequenciais
As traquinices que sempre valiam ralhete
O correr descalço sem metas limitadas
Os amigos de escola
Os vizinhos sempre de porta aberta
O amor dispensado
O carinho de um lar amigo
Nomes nunca esquecidos
Os esconderijos no pinhal
Os castelos feitos de nada
Uma meninice recordada com alegria
Os brinquedos inventados
O valor dado a pequenas coisas
Grandes feitos em mente de criança
Grandes façanhas sendo criança
Ser criança sem saber o seu valor
Viver de criança sempre com tarefas marcadas
O recolher da lenha para o fogão e forno
O pasto para os coelhos que se criavam
O recolher o estrume para a terra
Ajudar no amanho da mesma
A alegria do dia da catequese
Os sapatos estreados na Comunhão Solene
Tantas dificuldades vividas
Quantas alegrias partilhadas
A felicidade conquistada em tudo o que se fazia
Quanta diferença para os tempos de hoje.

domingo, 27 de maio de 2018

A vida enquanto vida

Leio, ouço, vejo e medito
Não é nisto que acredito
É sério demais eu sei
Não concordo com este rumo e penso
Que para valorizar o bom senso
Não precisamos de lei

Há tantas carências reais
Mascaradas como banais
Que nada se faz para as suprir
Eu não quero fazer-me juiz
Mas a premência neste país
É a eutanásia discutir?

Viver a vida é ser forte
Não é decretando a morte
Que me faz ser superior
Quando o final chegar
E a minha vida acabar
Começo outra melhor.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Amar

Amar é sofrer quando choras
É ter-te presente quando demoras
É em silêncio falar-te
Mesmo distante abraçar-te
Amar é no teu gelo sentir calor
É no teu corpo refrescar de amor
É saber-te minha sem te ter
De olhos fechados te poder ver
Amar é saber que choras quando ris
É sem muito fazer fazer-te feliz.

domingo, 6 de maio de 2018

Homenagem às mães

Bem-aventurado o que tem
O amor de mãe
De Maria mãe do céu
E da mãe da terra também
Mãe, amor sincero sem exagero
Maior que o teu amor
Só o amor de Deus
És uma árvore fecunda
Que germina um novo ser
Teus filhos, mais que frutos
São parte de ti
Alimento de todo o momento
És capaz de doar a própria vida
Para salva-los
E muitos não te valorizam
Quando crescem
De ti se esquecem
E são poucos
Os que o reconhecem
Mas Deus nunca te esquecerá
E abençoará tudo
O que fizerdes aos seus
Peço ao Pai Criador
Que te abençoe
Um filho precisa ver
O risco que é ser mãe
Obrigado é muito pouco
E presentes não são tudo
Mas, o reconhecimento Sim
Isso é para valer
Eu te agradeço
Por todos os momentos
Este mês de Maio
É o mês referente às mães
Embora seja bom lembrar
O dia das mães, teria mais alegria
Se fosse vivido em cada dia.


6 - 5  - 2018

sábado, 21 de abril de 2018

Se me esquecer

Lembra-me
Como era inocente a forma de dizer amo-te
Como os meus olhos imploravam
Gestos que nunca nos permitimos
Do primeiro beijo que eu pensava roubado
E foi a oferta mais valiosa
Como o selo numa correspondência
Que até hoje é escrita
Lembra-me
Dos ternos afagos duma mão trémula sedenta de ti
Das noites que escureciam fora de nós
Porque estando juntos o tempo parava
O caminhar de mão dada muito apertadas
Até sentir o terno pulsar do teu coração
Onde eu queria entrar para ficar
Lembra-me
Os recantos da natureza que dizíamos nossos
Na nossa música
Que todos ouviam
Mas nós a escutávamos de olhos nos olhos
Dos passeios pelo pinhal que hoje é cimento armado
Do tempo frio de Inverno
Aquecido no sorriso do teu abraço
Nas promessas fáceis de amor eterno
Transformadas em compromisso que perdura no tempo
Na frase do poeta que para nós adotamos
«Te quero muito neste entardecer te vou querer mais por toda a vida»
Lembra-me
Como se diz amor sem falar
Beijar-te sempre só com o olhar
Como outrora apaixonado quase inocente
É agora um amor maduro e permanente.

domingo, 15 de abril de 2018

Condições do tempo

Nem sempre o tempo que faz
Faz a minha vontade
Imagino se eu ou alguém mandasse.
Porquê queixar-me do tempo que faz
Da chuva do frio ou calor
Por vezes o tempo não ajuda
A contestação também não
Com ela o tempo não muda
E o queixume não é razão
A escolher faria como o lavrador
Pediria para a mesma altura
“Sol na eira e chuva no naval”
Mas como é impossível
O tempo está sempre mal
Nem todos desejam o mesmo
Se chove o sol faz falta
Quando acontece o calor
 Que não vir uma chuvinha
Adaptação é necessária
Receber o que vem com um sorriso
É meio caminho andado
Para a chuva me parecer ouro
E o sol valioso rubi
Se me dispuser a guardar
O valor do tempo que fizer
Será mais rico o meu viver.

sexta-feira, 30 de março de 2018

Espiral da vida

Quanto mais forte a mola
Maior a projeção.
Dá o pulo mais alto
Quem a pisa para saltar
Se mola está na cabeça
Até podem saltar ideias
Alojada no coração
Multiplica em acrobacias gestos de amor
Se amola está nos pés
Pode dar no melhor salto em altura
Quando a mola se fica pela carteira
Despoleta em tirania
A mola do outro perde a força
Vive retesada sem articulação
Enferruja e paralisa
Dando força à mola tirânica
Sempre solta em forte bolso
Bem oleada e aos pulos
Fazendo pular a vida de alguns
Espezinhando a vida de muitos.

domingo, 25 de março de 2018

Estar em cena

Olhei para trás
De olhos fechados.
Para ver o já ido
Lembrança me basta
Passar o filme
Sentir-me comodamente
Em lugar privilegiado
Não paguei ingresso
Mas entrei
Estive lá
Conheço o início
Entro na peça
Que continua em rodagem
O final não é conhecido
O autor ainda não revelou
Pelo que sei de sua qualidade
De uma ou outra forma
O fim
Será sempre feliz.

sexta-feira, 16 de março de 2018

Isolamento

Vivo em liberdade condicional
Minha terra é uma ilha
Sem pontes
Não tenho barco nem lancha
Nunca soube nadar
Não tendo outros recursos
Jamais sairei deste exílio
Nesta ilha não vivo só
Mas a dificuldade de comunicação
É barreira intransponível
Com algum esforço
Tenho iniciado pequenas pontes
Que vão ruindo
À mais pequena intempérie
Quando sobem as águas
Aí a ilha diminui
Mas seus habitantes não se achegam
Quando baixam as marés
Se esvai também
As tentativas de aproximação
Nunca fui um náufrago
Já nasci na ilha
Mas a cada dia
Espero um navio salvador
Para ver outras realidades
Que não a triste solidão
Desta pobre e pequena ilha.

sexta-feira, 2 de março de 2018

Diz-me

Diz-me…
Que és a força e a ti me entregarei
Que és o caminho e por aí seguirei
Que és refúgio e em ti me abrigarei
Que és a fonte que me pode saciar
Que és o pão que me há-de alimentar
Que és o ombro a que me posso encostar
Que és a razão que me leva a prosseguir
Que és compromisso a que não posso fugir
Que és verdade que não me deixa mentir
Que és a vida que eu quero viver
Que és a perseverança que preciso ter
Que és abandono a que me vou submeter
Que és a alegria que inunda o meu espaço
Que és ternura que me afaga em seu regaço
Que és o amigo que me protege do laço
Que és meu ânimo e minha convicção
Que és o amor que alaga meu coração
Que és testemunho que levo a cada irmão.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Vida parada

Pensei em falar-te
Mas emudeci
Pensava ver-te
Mas não te vi
Recebi o convite
E recusei
O caminho era em frente
Mas eu recuei
A porta ficou aberta
Eu não entrei
Tu és a vida
Escolhi morrer
És salvação
Prefiro sofrer
Marquei encontro
Não compareci
Estagnei
Fiquei por aqui.

sábado, 10 de fevereiro de 2018

Amor silêncioso

Deixa que te fale ao ouvido
Ninguém mais precisa saber
Não é segredo
Mas não preciso apregoar
Amo-te
Mais que a vida
Quero-te
Como só Deus sabe
Se a felicidade pudesse dizer-se
Eu di-la-ia
Como ela é consequência
Quem me vê
Reconhece que ela existe
O brilho do teu pensar
Desperta frases que te não digo
A frescura dos teus desejos
Abre crateras no meu coração
De onde salta lava incandescente
Na rotina que me nego ver instalada
Debruço o olhar em ti
Como quem bebe a pura água
Que brota da rocha fendida
E porque isto é um bem precioso
Todos deveriam saber
Mas deixa que te fale ao ouvido.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Conversa sobre amigos

A amizade pode ter valor diferente
Mas sempre permanece
Há amizades que nunca se esquecem
Daquelas que já não se cruzam
Mas que sabemos ser eternas
As da escola
Da vida militar (no caso de quem o foi)
Amigos que ficam de formações
O amigo vizinho de cama no hospital
Os profissionais de saúde
Que são anjos da guarda
Aqueles que imigram mas sempre te visitam
E há os que…
Vemos e falamos todos os dias
Mas nunca o foram
Também nunca o disseram
Nós é que pensamos que podiam ser
Algumas custam a fazer
As amizades
Outras custam mantê-las
Sou muito amigo dum tinto do Douro
Só vem a minha casa com algum custo
E nunca vem sem eu pagar
Porque tenho de pagar por esta ligação?
Há amizades que valem o sacrifício.

sábado, 20 de janeiro de 2018

Mudar a vida

Toda a vida é feita de mudança
Se quem muda Deus ajuda
Ajuda que surge nunca se rejeita
Mesmo sendo pequena
Quem não é louco aceita
Se a ajuda vem dar à vida
Nova forma de viver
Todo o apoio que surja
Saberá bem receber.
Mudar na vida
Não é de vida mudar
Posso mudar de vida
Sem nunca me modificar
Transformar a forma de ser
Aquilo que sou renovar
Não esperar o morrer
Porque aí
Mesmo sem mudar a vida
De vida eu vou mudar.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Uma "Mão Cheia"

De linhas
Caminhos que se entrelaçam.
De amor
Projetos que se abraçam.
De cumplicidade
No contacto de seus “dedos”.
De doação
Na partilha firme sem medos.
De fé
Que na família acredita.
De acolhimento
Que de alegria regurgita.
De vontade
Para em equipa trabalhar.
De compreensão
Para as diferenças superar.
De outras mãos
Que a vida presenteia.
De abertura
Para ter uma “Mão Cheia”.