sábado, 21 de abril de 2018

Se me esquecer

Lembra-me
Como era inocente a forma de dizer amo-te
Como os meus olhos imploravam
Gestos que nunca nos permitimos
Do primeiro beijo que eu pensava roubado
E foi a oferta mais valiosa
Como o selo numa correspondência
Que até hoje é escrita
Lembra-me
Dos ternos afagos duma mão trémula sedenta de ti
Das noites que escureciam fora de nós
Porque estando juntos o tempo parava
O caminhar de mão dada muito apertadas
Até sentir o terno pulsar do teu coração
Onde eu queria entrar para ficar
Lembra-me
Os recantos da natureza que dizíamos nossos
Na nossa música
Que todos ouviam
Mas nós a escutávamos de olhos nos olhos
Dos passeios pelo pinhal que hoje é cimento armado
Do tempo frio de Inverno
Aquecido no sorriso do teu abraço
Nas promessas fáceis de amor eterno
Transformadas em compromisso que perdura no tempo
Na frase do poeta que para nós adotamos
«Te quero muito neste entardecer te vou querer mais por toda a vida»
Lembra-me
Como se diz amor sem falar
Beijar-te sempre só com o olhar
Como outrora apaixonado quase inocente
É agora um amor maduro e permanente.

domingo, 15 de abril de 2018

Condições do tempo

Nem sempre o tempo que faz
Faz a minha vontade
Imagino se eu ou alguém mandasse.
Porquê queixar-me do tempo que faz
Da chuva do frio ou calor
Por vezes o tempo não ajuda
A contestação também não
Com ela o tempo não muda
E o queixume não é razão
A escolher faria como o lavrador
Pediria para a mesma altura
“Sol na eira e chuva no naval”
Mas como é impossível
O tempo está sempre mal
Nem todos desejam o mesmo
Se chove o sol faz falta
Quando acontece o calor
 Que não vir uma chuvinha
Adaptação é necessária
Receber o que vem com um sorriso
É meio caminho andado
Para a chuva me parecer ouro
E o sol valioso rubi
Se me dispuser a guardar
O valor do tempo que fizer
Será mais rico o meu viver.