quinta-feira, 29 de março de 2012

Anúncio de tempestade

O temporal que assola os terrenos vizinhos
Aproxima-se a passos largos da minha eira.
Por ora só se sente o vento
Mas que virá a seguir?
Chuva torrencial
Granizo
Trovoada
Virá na forma de um tornado?
A minha forma de estar na vida sempre me ensina a esperar como quem acredita.
Mas, que acontecerá a quem trabalha na minha terra?
Ficarão por certo mais apreensivos que eu próprio
Mas a sua força será a minha o meu suporte
As suas palavras o meu alimento
O seu trabalho alegre a minha felicidade.
O terreno tem que ser agricultado
A rega tem que ser feita
Mas a semente, essa, para dar fruto terá que morrer.
Quando a tempestade passar
Quero todos os trabalhadores unidos para nova colheita.
Conto com o mais antigo que me ajudou a desbravar a terra.
Até o mais novo trabalhador não está a prazo
Esse mais que ninguém é importante
Chegou para ficar e servir de incentivo aos demais trabalhadores.
A tempestade, essa, vai varrendo quem se encontra no seu caminho.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Efimérides

Há frases que lemos e nos ficam para sempre na memória, e nós relacionamos logo com a época ou festa a que esta se refere. Exemplo:
-“Meu Deus meu Deus porque me abandonaste.” Ora diga, diga…exactamente, refere-se à Paixão de Jesus. Quando eu faço votos de Festas felizes, claro que me reporto ao Natal e ao novo ano do calendário que se aproxima. A contrariar esta minha lógica, está uma faixa afixada num jardim-de-infância que dizia o seguinte:
-“Pai não te esqueças de mim “
De repente pensei, deve ser o dia mundial da criança, e claro que é imperdoável um pai ou uma mãe, se esquecerem do filho ou filhos nesse dia. Mas não; era o dia 19 de Março dia do pai, e nesse dia devem ser os filhos a não esquecer os pais e não o contrário. Depois de pensar nisto conclui o seguinte. Se calhar as educadoras resolveram fazer humor á volta da data, brincar com os pais para fazer rir os “putos”.
Ou então pensaram; como é o dia do pai eles vão é festejar, e nós vamos ter de ficar à espera dos senhores até às tantas, por isso a frase, “Pai não te esqueças de mim”.Mas podem ainda ser plausíveis outras hipóteses, porque pais há que se esquecem dos filhos já ante deles nascerem, e há outros que só se esquecem dos filhos quando estes começam a exigir alguma atenção. Que um homem se esqueça onde mora e entre na casa da vizinha, ainda vá que não vá, que se esqueça que é casado ainda se tolera, mas por favor esquecer-se que se é pai…
Pai não te esqueças de mim

sábado, 17 de março de 2012

Carta ao amigo jardineiro

Olá caro amigo, como te vais dando por aí?
Cá no nosso jardim os jardineiros abundam, surgem aos magotes sempre prontos a substituir algum que abandona a jardinagem por não concordar com o jardineiro chefe. Quem entra é de publicitada competência, mas de flores nada, a terra está cada vez mais nua.
Há quem diga ser culpa da seca, o que para mim soa a falso porque por aqui continua a haver muito quem regue, não no sistema de aspersão, mas que vai causando muita impressão lá isso vai.
Por aqui o Inverno está mesmo a acabar, embora nem se dê por isso porque as coisas têm andando muito quentes, esperemos que no verão venha alguma chuva, será muito bem vinda desde que não seja nos bolsos dos mesmos de sempre.
Quando eras tu o jardineiro poucos gostavam de ti, hoje não sei porquê alguns começam a ter saudades, nesse tempo Portugal era um jardim à beira mar plantado, não faltavam as flores mas a fome era mato, hoje a fome continua a existir, com a agravante de não haver flores.
Tu já tinhas partido quando a predominância cá no jardim foi plantação dos cravos, todos se agarraram ao cravo, cravaram o jardim de “cravas” o que levou a flor a murchar em pouco tempo.
Com o esmorecer do cravo, veio a mania da rosa, mas mesmo nos canteiros com rosas havia uma grande variedade de cores, aos jardineiros da altura começou a pedir-se mais qualificação, já não pegavam na sachola e passaram a ser engenheiros de mão fechada. Para que saibas digo-te:
-- Ainda hoje aparecem por cá jardineiros que fazem muitas flores, mas é tudo artificial, flores cuja matéria inflamável é imprópria para consumo, e nós os habitantes do jardim andamos cada vez mais consumidos, sem as flores que podiam embelezar as nossas vidas. Mas que se há-de fazer, o jardim está nas mãos do jardineiro…
Até a próxima António, e se um dia te for visitar, não contes com flores, primeiro porque não as há, segundo será muito mais fácil para mim arranjar um molho de ervas daninhas.

domingo, 4 de março de 2012

Ano Cinquenta e Sete

Em cinquenta e sete para mim surgiu a luz
Não nasceu uma estrela
Veio ao mundo quem se extasia ao admira-las.
Todas as luzes são dispensáveis
Quando a fundamental se acende
Grande farol da vida
O luzeiro do amor
Grande fogueira em chama
A família como luz
Que ilumina os viandantes
Pela porta sempre aberta
A cor do luto
O preto predominante
Não existe
O calor da fogueira é a cor do fogo
O tom da alegria
Dom que se propaga e aquece
Labareda incandescente
Forma de estar e seguir.
Em cinquenta e sete
Para mim surgiu a luz
Luz que foi o começo
Luz que estará no fim.