sábado, 26 de dezembro de 2015

Olhar para ver

Ver os teus olhos sorrindo
Alegra-me o coração
É a forma mais querida
De ter sempre em minha vida
O calor de tua mão.

O jeito de meu viver
Não tem grande sabedoria
Mas consegue testemunhar
A melhor forma de estar
No que faço dia a dia.

Sabendo que tudo acaba
Num tempo que não tem fim
Eu quero enquanto durar
Contigo puder partilhar
O amor que há em mim.

Por cada novo dia que vejo
É a Deus que agradeço
O bem que me é concedido
Por tudo quanto vivido
Mesmo aquilo que não mereço.

Olho a noite e vejo brilhar
O que julgo ser uma estrela
Avanço com sua luz
Num caminho que me conduz
Numa senda sempre bela.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Luz do Natal

Se as estrelas que no céu brilham
Fizessem luz no meu coração
O Natal alumiaria o mundo
Na vida de cada irmão

Depois do caminho feito
Em que das trevas se fez luz
Entra o amor em meu peito
Se dou entrada a Jesus

Vivendo hoje o Natal
Num sorriso franco de criança
Dou outro sentido à vida
No alento da minha esperança

Na figura de um menino
Na humildade transmitida
Jesus quer ficar no mundo
Fazer parte da minha vida

Tocam sinos dando sinal
Em Belém nasceu Jesus
Na alegria do Natal
Brilhou uma nova Luz.

Natal 2015

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Por ser Natal

(Ao certo não sei que tempo tem, foi crónico de um dos muitos “5 Sentidos”)

                                                            Por ser Natal

Fazer antevisão nunca foi muito o meu forte (salvo raras excepções), por isso deixo essa “grande arte” para os analistas políticos, comentadores de futebol, ou videntes de fim-de-ano.
Aquilo que eu, mesmo desajeitadamente, gosto de fazer é falar de factos consumados.
E por que se calhar para muitos o Natal passa a correr é tempo de fazer balanço, do constatar das virtudes de mais uma festa que se pretende de alegria, mas que não é mais que consumismo e consumição.
De uma altura que se pretende de paz, mas que só traz alvoroço, desespero e frustração.
De uma época rica quando se busca o essencial, que robustece a vida e nos deveria impelir a uma contagiante alegria, e o que se vê são pessoas tristes, entediantes que mais parecem guarda-chuvas sem varetas. Mas isto do Natal vai mudar, e porque mais fundo não pode bater, a tendência é para melhor, e para melhorar podemos começar por agradecer a Deus o termos vivido mais um ano, o olharmos à volta da mesa e podermos dizer: “felizmente continuamos todos”, e depois vivam as prendas, viva o preparar da mesa, viva tudo o que o Natal merece.
E porque o Natal é nascimento, para melhor o vivermos, deixemos nascer em nós a vontade e o compromisso de procurar o verdadeiro Natal onde ele está.
Começar por onde? Pelas ruas iluminadas das cidades?
Nas luzinhas multicores dos beirais e varandas das nossas casas?
No “apinhamento” dos hipermercados?
Nas filas intermináveis de trânsito que nos levam às compras?
Não, se calhar por aí nunca encontraremos o Natal sério e verdadeiro. Penso que sem andar muito o encontraria por certo no vizinho que precisa da minha ajuda, no doente que me custa a entender, no riso puro de uma criança, no bom ambiente que posso promover no meu lar, na minha família, nos grupos em que me insiro, no abrir da minha mão que tem pouco, mas que poderá repartir com aquele que tem menos. Enfim, porque sei que isso se pode fazer, acredito que o Natal pode ser diferente daquilo que eu faço e vivo. Porque Deus colocou o Seu Filho no meu mundo, eu acredito que este mundo vai melhorar, por isso eu também, e só no assumir desta realidade o Natal pode ser vivido hoje, e amanhã continuar a ser Natal.

sábado, 5 de dezembro de 2015

Pingos de beleza

A beleza acampou à chuva
Mesmo molhada é linda
Se a beleza não se mostra
Nunca termina a noite
Se for iluminada pelo sol
A beleza refulge melhor
Se a chuva se abrigar
Mesmo ao relento a beleza vai continuar
Se a beleza se esconder
A chuva não vai parar
Se não surgir o rei sol
A negra noite não terá fim
E a chuva cairá dentro de mim.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Viver: Fórmula encontrada

Cheguei não disseste nada
Olhei-te no sono cansada
Sussurrei uma frase animada
Toquei-te levantaste a guarda.
Encontrei em teu corpo a madrugada
Que me desperta como a alvorada
Em suave tom de balada
Que me embala nesta caminhada
Feita contigo na mesma estrada.
Por mim e por ti sonhada
Ao encontro da linha traçada
Numa etapa sempre inacabada
Sementeira de vida em terra lavrada
Regada com sangue seiva derramada
Em alegria com fermento amassada
Que transborda do peito alvoroçada
Como num sonho em tela pintada
Que traz a certeza da paz encontrada
Que tem no amor a porta de entrada.

sábado, 7 de novembro de 2015

Dilema

Ser ou não ser
Eis a questão
O que fazer
Qual a opção
Ser ou não ser…perseverante
Eis a questão….a cada instante
O que fazer…...que decidir
Qual a opção….sem viver a fingir
Ser ou não ser....homem mulher
Eis a questão….forte dilema
O que fazer…...ganhar ou perder
Qual a opção….qual o meu lema
Ser ou não ser…que quero eu
Eis a questão….para viver
O que fazer.......no anseio meu
Qual a opção….ser ou não ser

sábado, 24 de outubro de 2015

Descobrir caminho

Depois de entrar
Difícil é encontrar a saída
A gruta é negra
Labiríntico o caminho
Melhor é parar
Tentar a saída pela aragem fresca
Se a sentir.
Cansei dos fortes vendavais de sangue
Do enxurro caudaloso das lágrimas
Do viver encostado às paredes da tempestade
De perder-me a olhar
Olhar sem ver
Que a vida é o meu mar
Um mar não só de água feito
Também é vida
Vida que acaba
Quando é crematório sem fogo
Quando as cinzas são as fundas areias
E eu que nunca aprendi a nadar
Nunca quis Nadar Em águas impostas
Em falsas apostas
Que não faço porque no meu abrigo
Na gruta
De tão escura
Nunca iria ver os dados.

sábado, 17 de outubro de 2015

Por sentir

Não é frio aquilo que sinto
A temperatura nem molesta
E o calor é suportável
Porque o sol não atesta
Sinto é um tremor constante
Uma angustia moderada
Sinto falta do que não posso
Um vazio de quase nada
Avanço mas sinto a paragem
Se não penso o meu caminho
Na massa em que fui amassado
O fermento teve outro destino
Minha sede não é de água
Nem de pão a minha fome
Preciso beber do amor
E do bem que não se come
A alegria é moderada
Pela tristeza reinante
Do faz de conta que faz
Que se faz a cada instante
Sinto o peso que não pego
Olhando os corpos curvados
De quem ousa ombrear
Pegando pesados fardos
A virtude de quem é fraco
É fraqueza nunca ter
Quando precisa da força
De mostrar o seu poder
Se por dizer a verdade
Alguns acham que minto
Tremo sem ser de receio
Mas não é frio que sinto.

sábado, 10 de outubro de 2015

Hesitação

A porta nada impede
Tão pouco estava fechada
Então porque parar
No que seria a entrada
Ou seria saída
Sem permissão não entro
Não saio por educação.
Poderia dar-se o encontro
Se a porta fosse a entrada
Pensado como fuga ou abandono
Se ela a porta fosse a saída
No limiar indeciso
Correr risco ficando parado
Entrando ser arriscado.
Como descobrir o lado
Saber a posição
Onde estou é fora ou dentro
Se dentro porque saio
Se fora porque não entro
Recuo paro e penso… ou
Avanço e entro sem vacilar mais
Esperar cansa as ideias
Melhor será não ficar
Entrar mesmo saindo
Sair para entrar.

domingo, 27 de setembro de 2015

Que força, qual vontade

“A força de vontade faz milagres que nem os mais
conceituados fármacos conseguem fazer”
Gostei da frase que me levou a pensar.

Que quando a vontade é apatia
Tem uma enorme força
Para parar tudo ajuda
Ficando a vida vazia
Quando a vontade é mexer
Movimentar
Fazer
A vontade enfraquece
A força desaparece
O milagre não acontece.
Ter que um modo encontrar
De vontade e força juntar.
Onde buscar a força para vontade tão boa?
Como vontade agregar à força que se apregoa?

A força de vontade faz milagres
Mas a inércia continua a matar.

sábado, 5 de setembro de 2015

Viandante

Asas do vento
Num voar livre
Correr ao encontro.
Encontrando no tempo
No lugar que se vive
O pequeno ponto…

Ponto que longe se via
E pensava alcançar
Num esticar de pensamento.
E lançar em demasia
Na forma de desejar
O pretendido como alento…

Alento na vida
Em resistência à morte
Na luta que é constante.
Numa força exercida
Sem pensar na sorte
Fazer-se caminhante…

Caminhante com rumo
Que sendo o rumo certo
A chegada é feliz abraço.
Se a caminhar assumo
Que estou mais perto
Do final no caminho que faço.

sábado, 29 de agosto de 2015

Viver com

Conviver contigo não é fácil
Nunca gostei de ti
Entraste e ficaste na minha vida
Adaptei-me à relação
Mas não sou feliz contigo.
Sempre me condicionas
Sem nunca dizer palavra
Chegas a ser maçadora
Por vezes tornas-te um peso.
Seguimos de braço dado
Já fazes parte de mim
Sendo amarga e arrogante
Não consegues roubar-me o ânimo
Em frente sigo
Firme e sorrindo
Esquecendo o mal que me fazes
Sempre à espera do ataque.
Por tua causa já estive acamado
Precisando mesmo de assistência médica.
Se dependesse de mim
Pedia a separação
Mas porque teimas em ficar
Vamos seguindo juntos
Mas não me peças de mais.

sábado, 22 de agosto de 2015

Fazer férias nas férias

Há quem não tenha nem faça
Outros há que não fazem mas têm
Os que podem juntar os verbos
(o ter e o fazer) é uma graça
Otimo ; Bom proveito
Boas férias nas férias.
Na consciência de que…

Para ter direito a férias preciso trabalhar
E que há outros que trabalham
Para que possa férias gozar
Em terra
No mar
Ou no ar
Fazendo férias ou a trabalhar
A troca um dia se vai operar
Quem trabalha vai de férias
Quem faz férias vai trabalhar
Se a porta não fechar.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Querer ficar

Um dia passei por ti
Sem parar fiquei contigo
Nuca mais te esqueci
Sem parar ficaste comigo

Estou contigo mesmo ausente
A distância aumenta o desejo
Da ternura do teu abraço
Da frescura do teu beijo

A idade não é defeito
A diferença é coisa menor
Pulsa o coração no peito
Ritmado pelo amor

Não anseio voltar atrás
Gosto da vida que vivo
Por ser ainda capaz
De estar feliz contigo.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

"Jardim Oncológico"

Passar no jardim
Rever as flores
As várias cores.
Perfume inalado
E em todo o lado
Em cada canteiro
No jardim inteiro
A beleza campeia
É o amor que rodeia.

E toda a flor
Me ensina melhor
Que para viver
Se ao jardim recorrer
Vou ter a certeza
Que as flores são beleza.
Ornamentando para mim
Tão belo jardim.

domingo, 26 de julho de 2015

Festa dos Mártires S. Félix e S. Sebastião

Graças Senhor pela luz
Com que dotais nossa vida
No testemunho dos Mártires
Numa fé nunca vencida.

Quando se ganha a batalha
Em que a arma é a cruz
O sangue dos santos mártires
Faz brilhar no mundo a luz.

Em cada mártir da Igreja
Pela sua vida de entrega
Exalta a fé e o amor
Com sangue também se prega.

Quando se renuncia à própria vida
Fazendo da morte luz suprema
Dando assim glória a Deus
O sangue é doce poema.

Como a água fresca das fontes
Nasce da rocha dura e brava
Se é por Jesus que se morre
O sangue também nos lava.

Por S. Félix e S. Sebastião
Por sua vida de martírio e dor
No seu combate pela fé Graças
Vos damos Senhor.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Olhar de mãe

“Como se não bastasse
A ligeira melodia da sua respiração
Embala-me o odor que dela emana.
Adormecida”.
E bela
Não a da história
A da minha realidade
Inocente e pura
Um anjo que me aguarda
Porque por mim guardada
Protegida
Com um brilho intenso
Porque assim é o céu
Flor em botão
Perfumando o espaço
Esmerada cuidadosamente
Não vá tingir suas lindas cores
Fazendo murchar as pétalas.
“Como se não bastasse
A ligeira melodia da sua respiração
Embala-me o odor que dela emana
Adormecida”.

sábado, 18 de julho de 2015

A música do amor

O amor também se toca
Até se pode dançar
Fora eu melhor executante
Melhor saberia amar.
Amar como bom músico
Tocar a música do amor
Sentir sua vibração
Nas cordas do coração
Ter teclas no pensamento
Ser dueto em sinfonia
O solo não é para todos
Ter suave enleamento
Num amor sempre musicado
Alegre andamento
Amor bailado
Por um par a compasso
Dançando num estreito abraço
Quando o amor se envolve
Em melodia que dissolve
A dureza duma vida
Quando o amor é bem tocado
Há música que nunca finda.

sábado, 11 de julho de 2015

Morrer vivendo

O ontem já foi futuro
Dos dias que atrás ficaram.
Tempo de trabalho
Esforço e preocupação
Felicidade sem preço
Graça ilimitada
A família que cresce nos filhos
Filhos que vemos crescerem
Vidas em construção
Família
Casa edificada a manter.
Dificuldades vencidas
Numa luta de titãs
Preces que sempre ouvidas
A comunhão de ideias
O estímulo das vitórias
Numa vida de memórias
Que vão dizendo de nós
Quando nos vemos avós
E no tempo que pára jamais
Ai de quem ficar parado
Amarrado ao passado
Pensando sobreviver
Acaba sempre por morrer
Passando na vida ao lado.

sábado, 4 de julho de 2015

Chegou de viagem?

A pergunta surge
Depois dos abraços efusivos
De feitas as perguntas
Por quem não se vê há muito
E é conhecedor dos últimos acontecimentos.
De passagem pelo local
A barbearia onde desde os anos 70 sou cliente
Dois “barbeiros” em plena actividade
Os irmãos “Toninho” e “Quim”
Alguns clientes em espera
Na alegria por me verem “bem”
Param o trabalho e surgem as constatações.
- Ó menino está impecável
Aspecto porreiro
Então como têm corrido as coisas?
Um dos clientes em espera
Vendo tanta alegria na recepção pergunta:
- Chegou de viagem?
Os amigos “barbeiros”embaraçados emudeceram
Tomei a palavra e respondi.
- Não amigo, não cheguei
Porque ainda não parti.
Saí despedindo-me rapidamente.
A seguir na Barbearia Central
O tema foi uma história
Por certo nunca a da “carochinha”.


                                                                                                            2 de Julho 2015

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Orfandade

Se ela vem pela morte
Dos pais que se perderam
Sofres na vida o corte
Uma ferida que com sorte
Se cura, com remédios que ficaram

Com os pais ainda vivos
Há filhos que órfãos são
São gritos aflitivos
Que soam como gemidos
De agonia no coração

Ser órfão com pais ao perto
Não há situação pior
O manto põe a coberto
Um sulco no peito aberto
No que é órfão de amor

sábado, 30 de maio de 2015

Cair na metáfora

“Um dia cais do cavalo”.
E muitos caem
Sem nunca terem montado
Caem simplesmente.
Há os que ficam no chão
E seguem na vida apeados
Firmes e aprumados
Outros há que tentam montar de novo
Sem nunca mais pensar em quedas
Sustentam-se no lombo da besta
Agarrados às crinas.
As quedas são variadas
Com mortais e piruetas…
- A doença, o trabalho (falta dele),
A morte de alguém querido…
Os cavalos são muitos…
Alguns de raça possante, velozes e tentadores…
Montados por cavaleiros de olhos vendados.
Na metáfora bíblica
Foi Paulo o estatelado
Deve ter batido de cabeça
Mudou de vida
De proceder
O cavalo dele era a forma de viver.

domingo, 17 de maio de 2015

Fogo que queima

Quando o fumo se avista
Todo o alarme dispara
A Cirene lança o lamento
O bombeiro se prepara
A labareda assa o pensamento.

Sobe a temperatura
O ar baço asfixia
Faúlhas esvoaçantes são
A vegetação que crescia
É negra cinza no chão.

Batalha dura e constante
Labaredas que consomem
Na realidade é ilusão
Por mais medidas que se tomem
Continua em chamas o coração.

Nem a jorros a água medeia
Na luta contra o horror
Que sem cessar queima a alma
Se a mangueira for de amor
O grande incêndio se acalma.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Sem sentidos

Encontrei o que não queria
Procurando o que precisava
Ouvi o que não devia
Sem querer escutar nada.
Vislumbrar de olhos vendados
O que não vejo à luz do dia
É tatear espinhos afilados
Provar o outro lado da alegria.
Inalar a miséria do mundo
Tem gosto de atroz terror
É entrar num poço bem fundo
Cair entre fungos e bolor.
Ter os sentidos alerta
Fingindo não estar atento
É viver de porta aberta
Ser asilo no sofrimento.
Se um dia a visão me faltar
E o ouvido for perdendo
Resta-me a vida apalpar
Cheirar melhor o que vou tendo.

sábado, 11 de abril de 2015

Dilema

Carreguei nos ombros nus
A densa bruma matutina
Tarefa imposta por uma noite mal dormida
Peso do qual me desfiz
Quando o sol rompeu pela tarde.
Dos olhos
Grossas lágrimas
Tanino da verde árvore
Ao corte submetida.
Nos pés arrastava
O desgosto das coisas não feitas
E o ressentimento dum passado sofrido.
Na minha cabeça
Um torvelinho agudo
Massacrando com estrondo
Qual mar nas rochas partido.
O andar em frente é recuo no tempo
Quando no recuo o sonho é mantido.
Até quando esta sede de força
Para quando a força implorada.
Esperar o sossego da noite
É dar o peito à metralha diária
Num sentir de corpo baleado
Numa vida que nunca de guerra
Mas pelejada por muitas batalhas.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

A face da hipocrisia

Entre seja bem vindo
Pela porta se faz favor
Quem entra pela janela
É ladrão salteador

Não finja se me não suporta
Não diga ser meu amigo
Não quer entrar pela porta
Não entre pelo postigo

Ter o telhado de vidro
É ter a vida iluminada
Ter escudo protetor
É abrigo na pedrada

Não finja nem se esconda 
Quando não quer assumir
Não vive nunca sorrindo
Quem vive sempre a fugir

Assobiar para o lado
Sem ligar ao que vai mal
Assim se vai enganando
Sendo hipócrita sem moral.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Leve viagem

Causa pouco transtorno
E fica menos pesado
Viajar em pensamento.

A bagagem é dispensada
Não é precisa comida ou bebida
É abolido o passaporte
Livremente andando
O regresso depende do pensante.

Os pensamentos são as asas do avião
O barulho dos motores
São o silêncio feito
Não causa enjoo nem vertigens
Por mais alto e longe que vá.

A turbulência da aterragem
É uma porta que bate
Um grito alegre de criança
É a veracidade da terra à vista.

Começo de nova viagem a projetar
Mesmo que seja em pensamento.
Causa menos transtorno
Fica menos pesado
Podendo viajar sozinho.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Ao pai

Para aqueles
Que como eu o são
Para todos os que foram
E agora não…
Os contrastes.
O maravilhoso dom
Não dos progenitores
Pais por vocação
De cabeça e coração
Os amados
Estimados
Reconhecidos e nunca abandonados
Novos e mais idosos
Ricos na doação
Os que legam aos filhos
A herança do amor
O valor da dedicação.
Obrigado Pai
Pela graça de o poder ser.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

O tiro pela culatra

Quando o tiro sai pela culatra, sai pelo lado errado
Se o tiro sai pelo lado errado, ele pode acertar no atirador
É isso.
Vou pousar a arma
Não saindo ileso mas com vida de uma catástrofe
Não quero morrer de um tiro saído da minha espingarda.
Mais silêncio
Abafar opiniões
Pensar, sempre
Concluir é dever
Falar, dizer
Se calhar não
Há sempre alguém que usa a bala disparada para me atingir.
Tempos ouve em que a minha armadura era mais resistente.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Para quê dizê-lo

Não é por muito dizer que mais o revelo
Por muito falar que mais o sinto
As palavras são dispensadas
Se é mel e não absinto
Ele está nos gestos na expressão
Se faço dele o meu viver
Germina no meu coração
É a flor rubra que posso oferecer
Me faz aninhar no teu colo
Asilar-me em teus meigos braços
Sem cadeias me faz cativo
Enleado por doces laços
Vivê-lo é valiosa experiência
Felicidade é podê-lo manter
Privar-me da sua existência
Precoce forma de morrer
É fonte de paz e serenidade
Alegria e prezado valor
É sustento e ar respirado
É sangue é lágrima
É Amor.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Pedido

Dá-me Senhor, a liberdade e subtileza da água dos rios
Que circunda obstáculos e segue segura o seu caminho.

Oferece-me a força do vento que fustiga os montes
E a esperança do dia que sempre volta.

Faz-me sereno como a fresca aragem
E a mansidão azul do firmamento.

Concede-me Senhor a ousadia das árvores que cortam o espaço
E a luz cortante dos raios na trovoada.

Bafeja-me Senhor com o calor do sol
E a leveza das altas nuvens.

Ensina-me as belas melodias do canto das aves
E a rir como as estrelas na escura noite.

Dá-me a humildade da erva rasteira
Que revendesse mesmo depois de pisada.

E nunca deixes de me dirigir o Teu olhar
Que me guia com amor no caminho da vida.

sábado, 31 de janeiro de 2015

Morar num coração

Com a porta entreaberta
Fui entrando
Sem pressão ela se abriu
Eu fui ficando
Meu desejo era morar
Sem me instalar
No conforto interior
Sem aluguer pagar
A renda é o amor
Que tenho para dar
Ainda hoje sou inquilino
Com a porta sempre aberta
Faço morada certa
Não vivo lá sozinho
Mas sei bem coabitar
Enquanto souber viver
Conjugando o verbo amar.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Teimosos remos

Que esperar se ela me foge
Que fazer se a não tenho
Aguentá-la e carregá-la
Pira escaldante ardente lenho.

Das fraquezas faço força
Persisto e vou avançando
Num casco por marés gasto
Nas rotas que vou tomando.

 Vem o vento aperta o frio
Acerca-se a tempestade
Não fora um brilhante ponto
Negra noite era a realidade.

Nos portos que vou acostando
Amarras débeis são segurança
Que me fazem ver na praia
Vestígios de alguma bonança.

O timão é o meu guia
Nesta barca que a cada dia
É açoitada por mar alterado

No porto que eu atracar
Avançarei sem remar
No rumo por Deus traçado.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Mudança de ano ou ano de mudança?

Passada que está a euforia
Esfriados os ânimos
Terminadas as festas que nem todos puderam ter
Partilho um pensamento
Uma conclusão
Nada de científico
Mas deixa sempre a interrogação.
Foi o novo ano que veio
Ou eu é que fui ao seu encontro?
Das muitas mensagens recebidas
O que sempre agradeço
Em todo o seu conteúdo que não deixa de ser normal
Porque usual; constava:
“Que o novo ano te traga saúde, alegria e felicidade”.
“Que dois mil e quinze traga a paz e bem estar que o mundo carece”
“Que o ano novo nos traga tudo de bom”
Mensagens houve que me desejavam ainda um ano com mais dinheiro.
Ah, se o novo ano me fizesse essa benesse…
Eu tentaria viver mais algum tempo e pagar-lhe- ia com juros.

Só que pensando bem cheguei à conclusão
Que o ano não veio
Eu é que fui ao seu encontro
E que ele vai ter para mim
Aquilo que eu levar até ele

Se eu sou tristeza: Ele não me dará alegria.
Se eu faço guerra: Ele não me dará a paz.
Se eu transportar todos os meus defeitos: Por certo ele não será só virtudes.
Até o dinheiro, se entrei em Janeiro teso:
O novo ano dar-me-á
O pouco que for esgravatando.