segunda-feira, 31 de maio de 2021

A força na fragilidade

 

 

Os ramos da existência

São agitados por fortes ventos

Oscila perigosamente

A árvore que me fiz

As raízes fragilizadas cedem

As folhas que caiem

Choram pisadas pelo tempo

A intempérie acampou em mim

Buscando a guarida que não sou

Meu corpo é permeável tenda

Que pouco abriga

Só no meu querer ainda mora

Uma réstia de alento protetor

Que calo assustadoramente

Num ruído que enlouquece

O aroma a fogo queima o pensamento

O negro do céu é fumo pestilento

O ar inalado chamusca a alma

Abrasando as entranhas

Desta árvore que vai sendo carcomida

Sempre em busca de se firmar

Ao que a pode manter de pé

 

 

domingo, 30 de maio de 2021

Cair Metafóricamente

 

 

“Um dia cais do cavalo”.

E muitos caem

Sem nunca terem montado

Caem simplesmente.

Há os que ficam no chão

E seguem na vida apeados

Firmes e aprumados

Outros há que tentam montar de novo

Sem nunca mais pensar em quedas

Sustentam-se no lombo da besta

Agarrados às crinas.

As quedas são variadas

Com mortais e piruetas…

- A doença, o trabalho (falta dele),

A morte de alguém querido…

Os cavalos são muitos…

Alguns de raça possante, velozes e tentadores…

Montados por cavaleiros de olhos vendados.

Na metáfora bíblica

Foi Paulo o estatelado

Deve ter batido de cabeça

Mudou de vida

De proceder

O cavalo do qual caiu, era a forma de viver.

 

 

 

sábado, 29 de maio de 2021

O valor da vida

 

 

Pensam ser os donos do mundo

Eles são os todo-poderosos

Que mandam arrasar ruas e praças

Destruindo cidades e povos

Roubando o pouco que já resta aquém nada tem

Numa ceifa de vidas inocentes

Numa raiva suicida

Num maléfico desejo de sangue

Vivem nos grandes palácios

Repousam em sumptuosas camas

Enquanto as vítimas do seu ódio

Jazem em almofadas de sangue

Soterrados nas ruínas do que foi o seu viver

Para os senhores do mundo

Vale pouco a vida do outro

Quando são alvo de chacinas animalescas

Mas o valor do homem

Não cabe numa qualquer calculadora.