quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Rica miniatura

Na pequena miniatura está lá tudo
A cor o estilo
O saber a inteligência
O amor o brilho
O querer a irreverência
A pressa a correria
A expressão no olhar
A inocência a espontaneidade
O franzir do sobrolho
Até no piscar do olho
A digna e pura vaidade
A teimosia constante
O riso contagiante
O querer convincente
O não da contestação
O meigo beijo que adoça
O sim com todas as letras
A argúcia da contemplação
A impaciência na conclusão
O admirar da natureza
Os vinte meses mexidos
Nos sentidos desenvolvidos
O seu doce chamamento
A alegria a cada momento
A companhia amorosa
A força do seu amor
Está tudo na Leonor.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Longe e tão perto

Longe, muito longe
Fica o que não vejo
Ver é o meu desejo
Fechando os olhos já sinto
A presença reconfortante
Do olhar que a cada instante
Me instiga dá alento
Indicando o que é certo
O que era longe fica perto
Tão perto que entra e fica
Faz morada habitação
Terminus à solidão
Dentro é limpeza e asseio
É ar purificador
Traz alegria o amor
Que na mesa é alimento
Pão que sacia purifica
E o que era longe, muito longe
Está tão perto e perto fica.

sábado, 22 de setembro de 2012

Grato pelo cuidado

Obrigado
Pelo cuidado e preocupação
Acredita não te minto
Mas se não crês no que sinto
Faz a tua constatação
Obrigado
Pelo cuidado premente
Já tenho o rumo traçado
Mesmo que pareça parado
Olho sempre mais à frente
Obrigado
Pelo cuidado esmerado
Mas à força que me assiste
Nenhum mal lhe resiste
Por ela estou blindado
Obrigado
Pelo cuidado espelhado em ti
O futuro pertence a Deus
Mas seguindo os desígnios Seus
Não quero ir por aí.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Dois mil e doze

Ano da luta
Lutar sem causar dano
Sem crispação ou rancor
Armas activas mas sem disparos
Lutar mas não guerrear
Combater sorrindo
Rir sem ter ganho a batalha
Lutar rindo e pensar na vitória
Estar na frente da batalha
Sabendo da protecção à retaguarda
Dos flancos protegidos
Mas sempre sujeito à queda
Lutar mesmo caído
Estar caído na vertical
Sem fugas nem desvios
Lutar reagindo ao desânimo
Lutar contra para estar a favor
Sentir alento na refrega
Lutar por amor até na dor
Lutar por forças no tempo frágil
Encontrar no calor da luta
O objectivo
A felicidade almejada
Poder vencer mesmo vencido
E nunca parar de lutar.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Em busca da luz

No amarelo da cor
Nas pétalas tons laranja
Significa felicidade Vitalidade entusiasmo e calor
A energia positiva que vem do astro rei
São o alimento do “Hilianthus annus”
A que chamamos girassol.
A natureza dá o exemplo
Assim eu o seguisse
Sempre na busca da luz
Girando constantemente na procura
Posicionando-me sempre na direcção do sol
Imitando a flor no seu afã diário
Que também se fecha entristecida
E se curva sobre si
Com a chegada das trevas.
Quando surge de novo o sol
Eis o alimento esperado
Chega de novo a alegria
E no rodar procurando a luz
O homem qual flor no mundo
Robustece e ganha vida
Quando se faz amor
E se abre como o girassol.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Ai que flores

Lindas são as flores que nunca tive
Majestosos jardins
Nunca por mim regados
Cores vivas sempre imaginadas
Inebriante prefume
Nunca inalado
Formoso ramo em grotesca mão
Frágeis pétalas por olhares despidas
Verdes folhas em seco caule
Limitada irrigação de seiva
Por ventos fortes agitadas
Varadas pelo temporal
Resistem como abrasador fogo
As flores que nunca tive.

domingo, 9 de setembro de 2012

O comboio em andamento

Não silvou o apito
Nem foi levantada a bandeira
Mas teve início a viagem.
Tendo entrado no comboio
Tomei o meu lugar
Não de forma muito cómoda
Pois sabendo o dia do começo
Desconhecia por completo o dia de chegada.
Entretanto… pouca terra, pouca terra, pouca terra.
Muito lentamente rodando nos carris
Avança o comboio da vida.
Há apeadeiros que não são de paragem obrigatória
Já nas estações a paragem é ilimitada
Dá para conhecer bem o lugar
Fazer amizade com as pessoas
Contar da minha viagem
Do local de partida
E imaginar qual o fim da linha.
Neste comboio instalado
Sou maquinista e revisor
Eu sou quem limita a velocidade
Quem faz soar o apito com maior ou menor ruído
Mas quando apeado numa estação
Novas experiências, novos contactos
Até entrar de novo na linha.
Refaço a minha bagagem
Não nas malas de que abdiquei
Mas na minha disposição Espiritual
E tomo de novo o comboio.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Sonho ou pesadelo

O mar estava longe, a areia desaparecia da minha vista, o peixe aparecia à tona parecendo dançar ao sabor das ondas. A água era límpida, a bandeira azul já era vermelha, o que impedia o banho mas era substituído pelo espétaculo do bailar das águas. E eu qual Pedro (enquanto se manteve a fé) caminhava sobre o mar ao encontro de algo que não sabia o quê, no sonho, mas que eu acordado sabia bem o que era. Desapareceu o mar e apareceu um grande túnel, escuro como Breu. Fui avançando aos tropeções cambaleando como um bêbado em último grau. Pelo caminho era agarrado por fortes braços que tentavam impedir a minha progressão, mas a custo ia avançando. Chegado a um ponto que já me permitia ver o fundo do túnel, vislumbrava figuras horrendas que chamavam por mim a todo os pulmões, e com as bocas escancaradas não faziam prever nada de bom, não sabia se me queriam comer, ou se já me tinham comido e abriam as mandíbulas na mastigação. Tateei o rosto, o tronco e os membros, e pude constatar que ainda não era a mim que comiam, mas já tinham apanhado algum incauto esses filhos da noite. Como o medo não me tolhe nem em sonhos, avanço até à saída do escuro túnel e para surpresa minha as escabrosas figuras tinham desaparecido, dando lugar a um oásis silencioso, onde pude dormir tranquilo até sentir um ligeiro abanão e um sussurro que me diz: Zé, levanta-te são horas. Horas de quê? De acabar com o pesadelo e entrar no sonho, ou terminar de sonhar e entrar no pesadelo? Certo é que para ter belos sonhos nem precisamos estar nos braços de Morfeu, mas para enfrentar todos os pesadelos que nos assolam, aí sim temos de estar alerta, escancarar o pestanório, e ter todos os sentidos em ação. Acreditando plenamente no que diz o poeta, «o sonho comanda a vida», vamos vivendo no sonho, de mudança daqueles que só nos criam pesadelos mesmo connosco acordados, fazendo-nos crer que são sonhos pensando que andamos o dormir.