sábado, 30 de setembro de 2017

Sei Sim

Sei que me queres sem eu merecer
Sei que me amas sem te pedir
Sei que me ouves sem nada dizer
Sei que me falas sem te ouvir.

Sei que não sou ser perfeito
Sei ter ainda muito a andar
Sei que com esforço e mudando o jeito
Sei que posso a paz alcançar.

Sei que ao viver esta vida
Sei estar sempre a partir
Sei que este é meu caminho
Sei que dele não devo fugir.

Sei ter em Ti o meu refúgio
Sei nos Teus braços poder-me aninhar
Sei que perdoas quando me esqueço
Sei que desejas que queira mudar.

Sei ter em Ti um Pai que me acolhe
Sei que amparas o meu sofrer
Sei que nunca me abandonarás
Sei porque sei em Ti eu crer.

sábado, 16 de setembro de 2017

As cinzas da vida

Na mitologia grega a Fénix era uma ave que ao fim de uns tempos entrava em combustão, mas que renascia das próprias cinzas, e poderia existir durante milhares e milhares de anos.
Isso deveria acontecer também àquilo que reduzimos a cinza e guardamos, mas não: porque essas cinzas só duram o tempo que aprouver a quem as guardou.
Esta introdução vem a propósito daquilo que ouvi numa argumentação, entre duas pessoas, quando do velório de um familiar. Dizia um dos senhores com ar de quem sabe e domina a matéria.

- “Tens de concordar comigo. Primeiro porque a cremação é uma forma muito mais higiênica, no que diz respeito ao ambiente.
Segundo porque evita a preocupação de andar a correr para o cemitério.
Terceiro, as cinzas guardam-se num qualquer frasco, e duram toda a vida.” (fim de citação)

Pois… as cinzas de um morto duram toda a vida.
Pelo menos a vida de quem as guarda até que alguém o queime tambem.
As cinzas do meu pai, da minha mãe, esposa ou filhos num recipiente fechadas, duram uma vida.
E aí sim, é que é uma vida de categoria e sossegada.
Não comem nem bebem, não precisam de cuidados de qualquer espécie, não reivindicam qualquer direito, impecável.
Volto à introdução.
Se essas cinzas entrassem em combustão como as cinzas da Fénix e voltassem à vida, o sábio da argumentação familiar do defunto, arrepender-se-ia e gritaria…
Merda, mais valia tê-lo sepultado.

sábado, 2 de setembro de 2017

"Só sei que nada sei"

No entanto sei que a frase não é minha.
Sem ser grego nem filósofo
Sei também não ma chamar Sócrates.
Mas cada vez sei menos
Sobre os outros
E pior ainda nada sei sobre mim
Em certa altura da vida
Pensei que tinha aprendido alguma coisa
Puro engano
Cada vez sei menos
Já nem sei se me conheço
E tudo aquilo que abraço
Será a prática do constante fazer
Ou o saber daquilo que faço?
Pensava saber ler no tempo
Aquilo que o tempo me dava
O tempo não se deixa ler
Por isso deixei de saber
O que o tempo me ensinava.
Pensava saber como estar na vida
Mesmo sendo ela madrasta
Mas no que a vida hoje me mostra
Diz-me que nada sei
Sabendo como ela é nefasta.
Mesmo querendo aprender nada sei
Constato a cada instante
Vou teimando e querendo saber
Pois mais vale tarde aprender
Que morrer ignorante.