segunda-feira, 30 de abril de 2012

Privilégios

Gratificante é nunca estar sozinho
Privilegio que me é concedido
Pela cruz nem um queixume
Também porque neste caminho
Por Cireneus estou envolvido.
Na hora do sofrimento
Quando a palavra é amargo agraço
Destilar amargura é pouca valia
Porque surge um novo alento
Transmitido num forte abraço.
Pela voz eu não conheço
O Cireneu que vem ajudar
A distancia de pouco conta
Quando recebemos com apreço
A força que um abraço pode dar.
É tempo de ser esperança
De crer na solidariedade
Na força da mão amiga
Que ajuda na subida
Para uma vida de verdade.

Falsa partida

O "até já" foi mesmo breve,
Depressa aqui voltei
Há coisas que explicadas
Ficam mais complicadas
E há outras que eu não mudarei.
O corte ainda não foi desta
A via-sacra vai começar
Até vir o veredicto
No meu querer acredito
Até o dia D voltar

domingo, 29 de abril de 2012

Domingo 29 Dia D

 Coisas há que são inadiáveis
Temporária é a paragem
Terminada é a espera
 O ponto é de viragem
Não fecho para balanço
 A falência não foi declarada
 Parou a laboração
 Mas aporta não fica fechada
 Agradeço a colaboração
De quem ajudar se dignou
A consumir um produto
Que rico a mim me deixou
 Quisera ser mais expressivo
 E proceder de outra forma
 Mas… do que não sei não digo
 Dou-me bem com esta norma
 O presente já passou
O futuro é amanhã
 É o ponto de viragem
A todos um até já.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Companheiros na Desdita

Amigos:
 Como vós entrei no corredor
Mas avanço sem temor
No corredor da vida não da morte
Mas por obra do acaso ou escolha feita a dedo
 Nunca morrerei de medo
E recuso falar de sorte.
 O discípulo segue o Mestre
E nesta vida terrestre
 Juntos vamos seguir
 O Seu exemplo maior
 Que nos torna a vida melhor
 E na desventura sorrir.
 Aos amigos na desdita
Que esta mensagem permita
Um abraço com fervor
O vosso nome não cito
Mas na rima não omito
 Que tem a palavra amor.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Ventoso Navegar

Se o vento forte fustiga
 Quem desafia-lo ousa
 Não é o vento que nos castiga
 É a mágoa que nele pousa
 Se o vento me pega forte
 E me consegue derrubar
 Venha de sul ou de norte
Só por sorte não vou afundar
 Enquanto foi suave brisa
Nunca me fiz seu amigo
 Agora sofro na pele
 Se não encontro um abrigo
Deixa ò rocha robusta
Que em ti me possa abrigar
 Acostando a ti o meu barco
Até o vento amainar
Já não tenho velas nem mastro
 Baixa a noite foge o dia
Entra a agua que me encharca
Fico ao leme que é meu guia
 Ao longe uma luz vislumbro
 Realidade ou miragem
 Espero seja seguro porto
Que me leve a nova viagem
 Por Deus ò vento parai
Dai tréguas a quem vos teme
Meu barco navegar deixai
Permiti seguir no leme

Na Pista da Vida

 Entrei um dia na pista Não circulei de imediato
 Mas tinha a corrida em vista.
Por mecânicos sempre assistido
 A performance foi melhorada
Com ajustes de forma regular
Cedo comecei a circular.
Entrei em várias corridas
 Como era novo o motor
Corria em pista molhada com piso escorregadio
 Com frio ou com calor.
 Estar em pista era meu lema
Ficar parado é não saber que a pista nos faz correr
Não entrar nela é maior pena
De quem na pista faz seu viver.
 Mesmo andando em marcha lenta
 Estar em pista é ser ousado
Por noção que o motor rebenta
Não faço louca corrida
 Mas nunca fiquei parado.
 Algumas vezes entrei nas boxes para pequena reparação
 Sem perder a corrida de vista
Rapidamente entrava em pista
 Retomando a circulação.
 Até que um dia zás…estourou
 Ao longe a meta a que se destina
Entrar nas boxes não é solução
Sendo grande a avaria maior a reparação
 E o carro entrou na oficina.
Sem haver peça de origem
Uma outra está preparada para fazer a substituição
 Se não der para de novo correr
 Mas ficar em circulação
Não deixarei minha pista
 Porque é ela o meu viver.
 Mesmo que páre de vez se lembrar o que corri
Na alegria que senti
Enquanto na pista fiz vida
 Regozijo alegremente por viver eternamente
Na nova pista da vida.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Sala de espera hospitalar

O local é próprio para…
Histórias macabras
Lamentações
Suspiros de tédio
Cansaço da espera
Silenciosos gritos
Ansiedade mal contida
Conversa em surdina
Ouvidos mais ou menos atentos
Vasculha constante no fundo das carteiras
Sorrisos forçados
Dormitação embalada pelo ar saturado
Sapateado nervoso
Manuseamento de telemóveis
Avisos de silencio
Entradas repentinas de ar fresco
Queixas da assistência na saúde
Desabafos espontâneos
Olhares de interpelação
Orações de súplica
Alegria na chamada
O local é próprio para…
Esperar, olhar e ver sentindo.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

A minha praia

Pode parecer mentira, mas quando era mais novo era muito mais abastado. Nesse tempo possuía muitos bens.
Tinha montes e montes de sonhos.
A minha terra era linda
Campos e mais campos a perder de vista.
Tinha os meus vizinhos.
Os meus amigos.
Agora comecei a entrar em dificuldades.
Os montes foram aplanados.
Os sonhos; Alguns foram e são vividos.
Outros estão bem acomodados à espera de oportunidade.
A minha terra já não é terra, é cimento e alcatrão.
Os vizinhos hoje já não são meus, são só vizinhos, e alguns nem chego a conhece-los, são vizinhos de ocasião.
Os amigos, esses sim, ainda tenho, e digo meus.
Pois, mas não são todos aqueles a quem digo olá.
Os meus amigos são amigos, sempre, e são meus.
Mas saudades a sério tenho sim é da minha praia.
Perdia. Deixei de a frequentar, ocupar, visitar.
Fiquei sem a minha praia.
Hoje é pertença de outros donos, adquirida por usucapião.
Está muito mudada aquela que foi a minha praia.
Se por acaso hoje a olho de longe, nem a reconheço.
Nunca aprendi a nadar, por isso nunca entrei nela de qualquer forma, nem mergulhei de qualquer maneira.
Aquela que foi a minha praia era maravilhosa.
Tudo que a compunha extasiava.
A areia, rochas e pedrinhas, a água e a espuma, tudo era lindo.
Deleitava-me a olha-la, e mesmo de noite quando a visitava, eu via a minha praia reflectida no luar, do escurecido céu, ou no cintilante brilho das estrelas.
Adormecia a olhar no firmamento a minha praia.
Com o corpo dormente enterrado na fina areia.
E sonhava. Sonhava com uma terra linda.
Construída de montes e montes de sonhos, em que nem todos os amigos eram meus vizinhos, mas em que os vizinhos eram amigos.
Que bom era sonhar.
Que bom era ter de novo a minha terra.
Que linda era a minha praia.
Como lamento tê-la perdido.

domingo, 15 de abril de 2012

Sentir que estou amarrado

Na conturbação destes dias mais recentes, um grande amigo me dizia:
-Álvaro, tem que se agarrar a alguma coisa.
Tem que se agarrar……….
Minha resposta. Já estou há muito tempo agarrado.
Pensando mais calmamente na minha réplica, cheguei à conclusão que feita sem pensar, ela foi correctamente apropriada, porque não foi eu que me agarrei, mas há muito que fui agarrado, e que vivo amparado.
Não fui eu que O escolhi, foi Ele que me escolheu.
Um filho não escolhe o pai, é o pai que o acolhe e ama.
Se o filho dá conta desse amor, também vive para o pai, e tudo fará para merecer o seu amor.
Coisas há a que me sinto amarrado, porque com a ajuda do Pai, me consegui desprender de outras que me prendiam, e não deixavam que Ele me agarrasse. Hoje sinto-me agarrado por Deus meu Pai, por Maria Sua mãe. Agarrado a uma família assente em sólidos alicerces.
Na comunidade agarrado aqueles que o são de facto.
Agarrado aos amigos que me dão o prazer da sua amizade.
E com muita liberdade, agarrado a uma vida, que quero sempre vivida, em que o limite é, o começar sempre de novo.

sábado, 14 de abril de 2012

Ai Deus...

Por onde ides amada minha
Que minha vista não alcança
O caminho que tomais
É margem de ténue esperança.
Não vos afasteis agora
Ficai comigo na luta
Para vencer o inimigo
Nesta batalha tão bruta.
Já ouço ao longe o tropel
Que em meu corpo massacra
Já sinto na minha pele
A espada que me ataca.
Amada minha ficai bem perto
Sede meu escudo e couraça
Comigo bebei de peito aberto
Amargo fel em tosca taça.
Se na luta comigo ficais
Nossa será a vitória
Pelo alento que me dais
Coroada sereis de glória.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Aprendizagem

Há situações que nos ensinam:
A medir sem metro
Pesar sem balança
Ter capacidade sem sermos capazes
Olhar vendo
Vendo sem precisar olhar
Descobrir beleza no que nos parecia aterrador
Tirar valor precioso do que pobre se achava
Ouvir escutando
Quem nos mimoseia com palavras não ditas
Ou escutar sem ouvir quem nos fala sem nada dizer
Buscar forças ao interior da fraqueza
Não fraquejar quando a fuga é tentação apetecida
Estar de pé quando o corpo moleja
Comer o que sempre de testou
Rir da nossa tristeza
Vivendo a sério o dia de hoje
Para viver melhor o dia de amanhã.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Aviso

Não… eu não morri.
Um boato nunca é confirmação
Dizer porque alguém disse
Pode ser leviandade
Afirmar o que se não sabe
Jamais será razão
Para a mentira se tornar verdade

Não… eu não morri.
Ainda nem fiz o aviso
E porque sempre estive avisado
É em pleno juízo
Que afirmo em qualquer lado
Maior é a vida que me espera
Que aquilo que já vivi
Porque a vida é sempre
Projecto inacabado

Não … eu não morri.
Mas todos nos cruzamos com a morte
Mas nesse cruzamento
Sempre saí vencedor
Há quem alegue ser sorte
Porque jogo em cada momento
O trunfo que vale o amor

Não… eu não morri.
Pois viver é obrigação
Se vida para mim é dom
Vou caminhar nesta luz
Só fará sentido a cruz
Se houver ressurreição

Não… eu não morri.
Acreditem não morrerei
Se o “Mestre”morre para eu viver
Não viverei para morrer
Até porque eu não avisei