Não estou em saldo porque não estou à venda
Mas conheço-me minimamente e sei os defeitos que tenho
Sou feito deles. Todos temos alguns
Ainda bem que assim é, pois assim se vão dividindo
O que mais me incomoda em mim e nos outros
Não são os defeitos, mas a falta de qualidades
As minhas qualidades são reconhecidas, por poucas
pessoas que convivem comigo
Os meus defeitos são apontados por muitos que não me
conhecem
Em mim os piores são os invisíveis
O que mais se manifesta e me causa problemas, é
A falta de paciência
Não vem à tona por qualquer motivo
Só faz barulho depois de muito provocado
A paciência vai-se com os tiros da insistência, no que
não faz sentido
A paciência esgota-se, com o bombardeio constante
Por ter que fazer o que não quero porque não posso
Causado por outro defeito que me vai permitindo andar
por cá
E só porque não se vê por vezes é esquecido
Não por mim
Mas porque quem usa e abusa do defeito da teimosia
Tenho um amigo que brincando diz
«Come que tu gostas»
Como se conhecesse os gostos de cada um
Eu mesmo gostando nem sempre posso comer
Então quando afrontado pelos sapos engolidos
Salta para a cena a falta de paciência
No silêncio provocado pela reação do meu defeito
Nem o coaxar dos “Batráquios” se ouve
Foste desagradável, isso ouve-se
Por quanto tempo durará este defeito, não sei
Se calhar um dia vou esquecer-me dele
Mo esquecimento também pode ser defeito
E esse, não é exclusividade minha.