quarta-feira, 19 de junho de 2019

Tenho cancro sim. E depois?

Vieste de mansinho e entraste
Alojaste-te sem permissão
A tua presença não desejada
Foi motivo de preocupação.
De mangas arregaçadas
E olhar fito no futuro
Galguei barreiras nunca esperadas
Quando frágil me fiz duro.
Indesejado inquilino que eras
Avancei até seres processado
Ganhei a questão sem recurso
Um dia foste despejado.
Deixaste os sinais com que vivo
A casa jamais foi igual
As paredes continuam ao alto
Os alicerces suportam o que é mal.
Vieste mansinho e ficaste
Mas nesta disputa a dois
Avanço firme no caminho
Tenho cancro sim. E depois?

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Tenho Cancro. E agora?

Não deixo de ser quem era
Os dias nem sempre são primavera
Mas o inverno é também estação
E fazer um favor a mim mesmo
É não desistir de sorrir e viver
O sofrimento destrói se eu deixar
Por isso eu próprio vou encontrar
As armas para o enfrentar
Os outros até podem chorar por mim
Mas superar é minha tarefa
Sou vulnerável mais do que julgava
Não chegando isso a ser mau
Sendo vulnerável sou mais flexível
Capaz de me adaptar
Essa a minha verdadeira força
Lutar e sempre avançar sorrindo
Agradecendo o dom concedido
E enquanto me for permitido
Viver uma plena vida vivida.
“Tenho cancro. E agora?”