sexta-feira, 6 de setembro de 2024

O nada de que sou feito

 

 

Só quando o telhado ruiu

Descobri a proteção das estrelas

As paredes ficadas ao alto

Não convencem como casa

Oiço o vento agoniante

Que assobia lúgubre e pressagioso

A chuva corre como pranto

Em lágrimas que me encharcam

Atenuando a aridez que me mirra

No deserto da minha busca

Não há uma gota refrescante

O oásis que eu esperava

Foi miragem alucinante

O caminho imaginado

É penosa travessia

As minhas vestes em farrapos

São o coração dilacerado

De raízes abaladas

Oscila a árvore que me fiz

Procurando no chão que sou

Descubro a fragilidade

Os abalos de média escala

Vão abrindo algumas crateras

Os surdos gemidos

São a lava que me queima

Mas entre um e outro tremor

Há calmaria que baste

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