sexta-feira, 14 de março de 2014

A força da voz

Primeiro sumida distante e impercetível
Depois de sacudida a algazarra interior
Despertei o silêncio que dormia
Passei à escuta
Começando a ouvir o seu clamor
Já não era um sussurro
Era uma voz que me trata a murro
Que sempre me chama pelo nome
Que sacode e faz bater o coração
Uma voz que atravessa meu peito
Ressoa como tambor estridente em minha mão
Uma voz que me fala no sino da torre
Voz que me abala no fragor do vento
Que me desperta em cada voz que morre
Que me dita a vida nas margens do tempo
Uma voz que me impele no caminho não feito
A voz do homem na luta diária
Tristeza de quem procura sem jeito
Voz que ri como lei primária
Uma voz que brota do seio da terra
Mais audível perto do chão
A voz gritante da farta miséria
A voz da fome não só de pão
Uma voz que grita em cada criança
Que gela nas veias com estupor
Voz que agita o fervor da esperança
Que reacende o fogo do amor
Uma voz que por vezes é calma
Bela meiga e acariciante
Uma voz que ouço sempre bem perto
Se dela não me faço distante.

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