quarta-feira, 23 de julho de 2025

Contingências

 

 Vejo o escorrer da vida

Quando em dia de chuva

Olho os escorridos vidros de uma janela.

 

Sinto a vida a pingar

Quando descuidado e de peito aberto

Assumo ao exterior do meu abrigo.

 

Vejo a vida voar

Quando a imagino no alto

À boleia nas asas de uma gaivota.

 

Sinto o ruir da existência

No abafado trovão ensurdecedor

Que se despenha no alto mar.

 

Vejo os cruzamentos da vida

Do interior gradeado

Na prisão dos limites impostos.

 

Sinto o tenaz aperto

Da vida agrilhoada

Numa liberdade só dita.

 

Vejo e sinto o viver num cadinho

Que na fornalha derrete a matéria

Para moldar uma nova vida.

2 comentários:

  1. Álvaro. Entrar no teu silêncio escrito deixa sempre uma mensagem humana, dura mas com a esperança de quem nunca desiste. Obgdo amigo…

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