terça-feira, 20 de agosto de 2024

O boato, a mentira e a língua

 

 

Contavam-me em tempos uma jocosa história em que entrava um branco, um preto e uma banana.

Durante a narração, várias peripécias em que versava o preto e o branco, mas o contador da história nunca falava da banana, o que me levava a perguntar no fim: 

“Então e a banana?”. Estrondosa gargalhada e o conselho maldoso do sítio onde meter a dita.

O que me proponho hoje contar é a história do boato da mentira e da língua.

“Ainda o sol não rompera as espessas nuvens, já o “boato” se pusera a pé. 

Arranjou-se bem arranjado para mais um dia de intenso labor, encheu os pulmões de ar e saiu à rua disposto a fazer jus ao seu nome.

Entrou no café da esquina, tomou assento no meio de grande aglomerado de pessoas e lá deposita a sua peçonha. 

De seguida passa pela barbearia para se pôr mais apresentável para um encontro na praça principal.

No extremo oposto da aldeia, já com o sol a brilhar, a “mentira” acorda sobressaltada, porque já devia estar na rua a cumprir a sua missão escabrosa, e não pensem ser fácil o seu trabalho. 

Maquilha-se cuidadosamente para melhor parecer e ela aí vai ao encontro daquele que mais apoio lhe dá na sua tarefa, o “boato”.

Depois de se cumprimentarem, a “mentira” toma pelo braço o “boato” e bem juntinhos decidem empreender o caminho de sempre, destilando o seu veneno.

Passam pelas escolas, entram nos locais de trabalho, infiltram-se em vários lares, colocam-se no centro da política, no seio dos sectores desportivos e tomam assento nas reuniões de alguns grupos; depois acampam em toda a aldeia, e assim repousam de tanta canseira, para fresquinhos, na manhã seguinte, começarem nova campanha.”

Aqui acaba a história. 

Da língua eu não falei. 

Quem tiver coragem faça a pergunta e depois faça com ela o que entender. 

Eu já decidi o que fazer.

 

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