A chuva martela nas telhas
Por cima da minha cabeça.
Na minha secretária
improvisada
Com as costas a oeste
resguardadas
Olho a este sem parede
Para onde a inclinação do
telhado
Faz cair as gotas da chuva
Hoje transformadas em
cascata.
Ao longe os choupos parecem
dizer-me adeus
Com os ramos num bailado
frenético
Ao som de música ininterrupta
Em que o vento é autor e
compositor
A trovoada que não ouço, mas
vejo no clarão dos raios
Associou-se na borrasca
As faíscas parecem flashes de
máquina
Querendo fotografar este dia
de céu carregado e negro.
As ervas no campo agitadas e
erguidas
Sorvem a água que não cessa
de as fustigar.
Entre o barulho da chuva e do
vento
O lúgubre tocar do sino na
torre da igreja
Dá sinal de que alguém parte.
E fazem pensar naqueles que sempre foram
E estiveram na frente da luta
Sim porque os soldados mesmo
que sejam da paz
E anunciem o Deus da paz
Infelizmente também sofrem
Dia negro de coração
despedaçado
De olhar toldado pelas
lágrimas
De pernas bambas e mãos
trémulas
Porque estes dias menos
claros
Em que as vidas desabam como
a chuva
Deixam a nossa alegria de
viver
Inevitavelmente mais triste.
E eu que tanto queria sorrir
E viver a vida alegremente
Não consigo sentir alegria.
Perdoa-me Senhor pela minha teimosia
Mas continuarei sempre a procurar-Te