sábado, 29 de janeiro de 2022

Atemorizadores com medo

 

A felicidade de quem hasteia a bandeira do medo

É ver a plebe agachada

Que sussurra geme e sofre

E tolhida nunca diz nada

O senhor anuncia trevas

E travessia de deserto

Que o melhor é o trilho do pântano

Porque o oásis não está perto

A estrada que nos deixaram

Foi um caminho pedregoso

Carregar o fatalismo é obrigatório

Diz o iludido poderoso

Quem fará melhor que eu

Quem questiona o meu lugar

O dia há-de sorrir

Quando a sombra da noite acabar

Nas hostes o medo acampou

E o senhor feliz desgoverna

Cuidado senhor cuidado

Que a letargia não será eterna

Se ao longe se mexe um sobrolho

E o efeito hipnótico passar

É lançado o alerta geral

Porque o sono pode acabar

Da lixeira se ergue um corpo

Cambaleante e estremunhado

Ainda não disse nada

Mas deixa o papão borrado.

 

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