sexta-feira, 23 de julho de 2021

Contingências

 

 

Vejo o escorrer da vida

Quando em dia de chuva

Olho os escorridos vidros de uma janela.

Sinto a vida a pingar

Quando descuidado e de peito aberto

Assumo ao exterior do meu abrigo.

Vejo a vida voar

Quando a imagino no alto

À boleia nas asas de uma gaivota.

Sinto o ruir da existência

No abafado trovão ensurdecedor

Que se despenha no alto mar.

Vejo os cruzamentos da vida

Do interior gradeado

Na prisão dos limites impostos.

Sinto o tenaz aperto

Da vida agrilhoada

Numa liberdade só dita.

Vejo e sinto o viver num cadinho

Que na fornalha derrete a matéria

Para moldar uma nova vida.

 

 

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