terça-feira, 14 de setembro de 2021

Dia de Inverno

 

A chuva martela nas telhas

Por cima da minha cabeça.

Na minha secretária improvisada

Com as costas a oeste resguardadas

Olho a este sem parede

Para onde a inclinação do telhado

Faz cair as gotas da chuva

Hoje transformadas em cascata.

Ao longe os choupos parecem dizer-me adeus

Com os ramos num bailado frenético

Ao som de música ininterrupta

Em que o vento é autor e compositor

A trovoada que não ouço, mas vejo no clarão dos raios

Associou-se na borrasca

As faíscas parecem flashs de máquina

Querendo fotografar este dia de céu carregado e negro.

As ervas no campo agitadas e erguidas

Sorvem a água que não cessa de as fustigar.

Entre o barulho da chuva e do vento

O lúgubre tocar do sino na torre da igreja

Dá sinal de que alguém partiu.

Par quem fica e sente a perda

Dia negro de coração despedaçado

De olhar toldado pelas lágrimas

De pernas bambas e mãos trémulas

Porque estes dias menos claros

Em que as vidas desabam como a chuva

Deixam a nossa alegria de viver

Inevitavelmente mais triste.

 

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