A chuva martela nas telhas
Por cima da minha cabeça.
Na minha secretária improvisada
Com as costas a oeste resguardadas
Olho a este sem parede
Para onde a inclinação do telhado
Faz cair as gotas da chuva
Hoje transformadas em cascata.
Ao longe os choupos parecem dizer-me adeus
Com os ramos num bailado frenético
Ao som de música ininterrupta
Em que o vento é autor e compositor
A trovoada que não ouço, mas vejo no clarão dos raios
Associou-se na borrasca
As faíscas parecem flashs de máquina
Querendo fotografar este dia de céu carregado e negro.
As ervas no campo agitadas e erguidas
Sorvem a água que não cessa de as fustigar.
Entre o barulho da chuva e do vento
O lúgubre tocar do sino na torre da igreja
Dá sinal de que alguém partiu.
Par quem fica e sente a perda
Dia negro de coração despedaçado
De olhar toldado pelas lágrimas
De pernas bambas e mãos trémulas
Porque estes dias menos claros
Em que as vidas desabam como a chuva
Deixam a nossa alegria de viver
Inevitavelmente mais triste.
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