sexta-feira, 12 de abril de 2019

Tempo para falar com o tempo

Sentei-me à esquina do tempo tentado a falar-lhe se me desse tempo
Devo ter dormitado no tempo da demorada espera
Passou por mim e nem o senti Será que já regressou?
Bati inutilmente à porta do tempo
Esperei, mas ninguém me responde
Como o poderei encontrar?
Foi-me dito que ele só fala com quem lhe dá valor
Com quem sabe conviver com ele e não o despreza
Se me desse a oportunidade de me retratar
Enquanto espero vou avaliando o que de perdi
Recuperando hoje o desperdício do passado
Por não saber o que ele me reserva futuramente
O que sempre valorizei no tempo
É ele não fazer acessão naquilo que concede
Todos o temos por igual embora haja quem diga não o ter
Uns simplesmente passam por ele
Outros gastam-no ignobilmente
Havendo também quem o respeite sabendo aproveitá-lo
Aquele que o perde nunca mais o encontra
Vou sentar-me à porta dele
Até ele me apanhar na esquina e dizer não ter tempo para mim
Quando ele esteve sempre aí e eu não o parei.

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