terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Que fazer da vida?

Alguma coisa terá que se fazer da vida, nem que seja só vivê-la, o que já não será pouco, menos será não merecê-la. Viver é como quem corre atrás do bem que se quer muito, é coragem, é audácia. Viver é construir, viver é fecundar. Viver contra as adversidades é viver em cheio, é ter vida cheia, cheia de problemas mas de alegrias e vitórias também, porque a pressão que me fazem aqueles que deviam estar comigo é o oxigénio para a minha corrente sanguínea, é a armadura que me permite ir à luta, e lutar em todas as frentes. É aí que eu vejo que a minha pequenez confunde os grandes gigantes que se propõem a sufocarem-me. É aí que eu vejo que, «quando me sinto fraco é que sou forte», porque ficam sempre do meu lado outros anões que se agigantam quando vêm em meu auxílio, e eu não prescindo da sua presença.
«O Senhor é minha luz e salvação aquém temerei? O Senhor é o protector da minha vida de quem hei-de ter medo?»
Se quero fazer alguma coisa da vida não preciso falar muito, o silêncio é de prata, e silêncio precisa-se. Por isso preciso de me calar mais, de ver melhor e calar. Calar principalmente quando o que digo é nada. Calar quando só faço barulho. Calar quando não tenho razão e saber calar quando a tenho. Calar quando estou calado porque só com o meu olhar eu falo mesmo não dizendo nada. É preciso calar quando falo alto, e falar sem medo se o que digo concorre para o bem de todos. Calar para ouvir quem devo. Calar para ouvir melhor. Calar e aceitar o que Deus quer de mim e aquilo que me quer dar. Calar para melhor servir. Fazer sem falar. Falar calado. Calar para dizer bem.
Silêncio precisa-se, precisa-se também de homens e mulheres com coragem para o fazer. Porque, “alguma coisa terá de se fazer da vida.”


José Álvaro Rocha

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