terça-feira, 12 de abril de 2022

Tempo para falar com o tempo

 

 

Sentei-me à esquina do tempo tentado a falar-lhe se me desse tempo

Devo ter dormitado no tempo da demorada espera

Passou por mim e nem o senti

Será que já regressou?

Bati inutilmente à porta do tempo

Esperei, mas ninguém me responde

Como o poderei encontrar?

Foi-me dito que ele só fala com quem lhe dá valor

Com quem sabe conviver com ele e não o despreza

Se me desse a oportunidade de me retratar

Enquanto espero vou avaliando o que dele perdi

Recuperando hoje o desperdício do passado

Por não saber o que ele me reserva futuramente

O que sempre valorizei no tempo

 É ele não fazer aceção naquilo que concede

Todos o temos por igual embora haja quem diga não o ter

Uns simplesmente passam por ele

Outros gastam-no ignobilmente

Havendo também quem o respeite sabendo aproveitá-lo

Aquele que o perde nunca mais o encontra

Vou sentar-me à porta dele

Até ele me apanhar na esquina e dizer não ter tempo para mim

Quando ele esteve sempre aí e eu não o parei.

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