terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

A foça da voz

 

 

Primeiro sumida distante e impercetível

Depois de sacudida a algazarra interior

Despertei o silêncio que dormia

Passei à escuta

Começando a ouvir o seu clamor

Já não era um sussurro

Era uma voz que me trata a murro

Que sempre me chama pelo nome

Que me sacode e faz bater o coração

Uma voz que atravessa meu peito

Ressoa como tambor estridente em minha mão

Uma voz que me fala no sino da torre

Voz que me abala no fragor do vento

Que me desperta em cada voz que morre

Que me dita a vida nas margens do tempo

Uma voz que me impele no caminho não feito

A voz do homem na luta diária

Tristeza de quem procura sem jeito

Voz que ri como lei primária

Uma voz que brota do seio da terra

Mais audível perto do chão

A voz gritante da farta miséria

A voz da fome não só de pão

Uma voz que grita em cada criança

Que gela nas veias com estupor

Voz que agita o fervor da esperança

Que reacende o fogo do amor

Uma voz que por vezes é calma

Bela meiga e acariciante

Uma voz que ouço sempre bem perto

Se dela não me faço distante.

  

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