Voo rasante

 

O rapaz teria vinte, vinte e cinco anos se tanto.

Na roda de amigos ele ufano dizia:

“Ó pá, ela é um «avião». Estivemos juntos numa festa e ela mostrou interesse e uma disposição enorme para passar a noite comigo em minha casa, eu é que acalmei as coisas, dizendo que se calhar ainda não era tempo.

Como eu conheço o «aeroporto» (o rapaz) constatei que pouco depois o «avião», encontrou pista livre e aterrou mesmo onde queria.

Não tendo nenhum conhecimento de aeronáutica, posso até errar na apreciação, mas julgo haver aviões com mais capacidade de voo e até com mais amplo lugar para a bagagem, mas cada um viaja como quer.

O «avião» lá ia fazendo as suas viagens e regressava normalmente ao «aeroporto», até que um dia, depois de levantar voo, não sei se por condições atmosféricas ou avaria, não voltou ao «aeroporto» onde fazia escala. Deve ter encontrado outro aeroporto com pista livre, e melhor piso (ou não) para aterragem, por lá ficou, e nunca mais foi visto o «avião» no «Aeroporto» cá da zona.

Não demorará muito o «aeroporto» (o rapaz) que conheço, deve também começar a procurar novo «avião» para aterrar na sua pista, se, entretanto, não houver greve do pessoal de terra.