quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Isto será viver?

 

Para mim que estou de fora é sempre mais fácil, mas deixa que te pergunte.

Porque não foges dessa casa em ruínas?

Porque não sacodes o bolor que se entranha no teu corpo?

Porque não abandonas as paredes bafientas que te humedecem a alma?

Porque não paras e te perguntasse se é vida o que vives?

Gostas do que tens?

O que tens dá-te vida?

Há prisões em que as grades são bem mais flexíveis, e as saídas precárias mais livres que a tua liberdade.

O que te pode ligar a alguém quando o respeito não existe?

Quando o azedo fel destilado é a única comunicação?

A constatação destas não vidas causam-me enorme tristeza

As ofensas verbais são afiadas facas que ferem e mutilam

Agridem sem confronto físico

Mas a dor da chicotada linguística magoa mais que forte paulada

O que te obriga a uma ligação assim que a não possas cortar?

Não morras aos poucos

Há muito mais vida para além desse triste viver.

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