sábado, 14 de maio de 2022

Viver peregrinando

 

 

De andarilho, de caminheiro e de peregrino, de todos temos um pedaço.

Em todas as condições damos passos,

mas como podem estar distantes os nossos passos!

O andarilho, sempre o vemos na estrada, dia e noite na estrada.

O andarilho não sabe por que caminha, como caminha, nem para onde caminha.

Vai perdido. Os passos repetem-se sem sentido e sem direção.

Vive na estrada para fugir de si mesmo e dos outros.

É movido pela angústia, pela rejeição, pela ausência, por conflitos.

O caminheiro acredita nas suas forças e na descoberta de novos caminhos.

Faz do caminho uma conquista pessoal.

Abre para si mesmo um caminho que espera seja melhor.

«Caminhante não há caminho, o caminho faz-se ao caminhar.»

Facilmente o desânimo atravessa o caminho do caminheiro e tira-o do caminho.

O peregrino sabe que o caminho lhe é dado por uma liberdade maior.

Por isso, veste-se de humildade, deixa-se guiar,

despe-se de si mesmo para encontrar um ser maior.

O peregrino vai ao encontro da fonte, da luz, da paz, deixa-se encantar e conquistar.

Existe alguém maravilhoso, algum bem, que quer descobrir, encontrar.

Esse amor que o seduz pode constituir o princípio, o meio e o fim da sua vida.

Assim é a experiência mística cristã: funda a nossa vida desde o princípio até ao fim.

Acreditar na paz, neste tempo armado, é ser peregrino.

Sem comentários:

Enviar um comentário