quarta-feira, 30 de abril de 2014

Contingências

Vejo o escorrer da vida
Quando em dia de chuva
Olho os escorridos vidros de uma janela.

Sinto a vida a pingar
Quando descuidado e de peito aberto
Assumo ao exterior do meu abrigo.

Vejo a vida voar
Quando a imagino no alto
À boleia nas asas de uma gaivota.

Sinto o ruir da existência
No abafado trovão ensurdecedor
Que se despenha no alto mar.

Vejo os cruzamentos da vida
Do interior gradeado
Na prisão dos limites impostos.

Sinto o tenaz aperto
Da vida agrilhoada
Numa liberdade só dita.

Vejo e sinto o viver num cadinho
Que na fornalha derrete a matéria
Para moldar uma nova vida.

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