terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Deixem-me sonhar

Foi este o pedido feito pelo treinador de futebol, José Torres, uns anos a trás aquando do campeonato europeu em França.
A frase ficou célebre, porque o pedido feito era o de alcançar algo que a grande maioria achava ser impossível.
E como sonhar não é um privilégio só para ricos, e o governo ainda não se lembrou de o taxar, eu, ainda me vou dando ao luxo de sonhar, e nos meus sonhos, aquilo que parece uma tarefa difícil nunca se mostrou impossível.
É por isso que eu sonho.
E por vezes sem estar a dormir eu sonho, com um rio calmo de cristalina água, onde não chegou ainda a poluição, que até eu sem saber nadar, me atiro num desejado e profundo mergulho, com confiança, porque os outros, os que sabem nadar e se encontram já no rio, me ajudam, e levam com cuidado até à foz.
Foz esta que não é no mar, mas numa imensa clareira sem fim, onde milhares de homens e mulheres, idosos e crianças, juntos entoam um hino suave, e todos sem excepção, cantam com harmonia e vibrante entusiasmo, e quando a música chega ao fim, não se ouvem gritos histéricos nem assobios de aplauso, mas a alegria vê-se estampada no rosto de todos os seres que cantaram, contagiando assim a minha vontade de participação, mas não consigo emitir qualquer som, faço um desumano esforço puxando a plenos pulmões, mas não consigo, só vejo e ouço, é então que penso sonhando… se calhar não preciso abrir muito a boca nem mover os lábios, nem puxar pelas cordas bocais, porque o hino, esse hino, tem que ser cantado com o coração.
Que bom seria se o sonho não acabasse, pelo menos até eu aprender a música, até conseguir trauteá-la minimamente, para poder entrar no coro sem desafinar, fazendo ouvir a voz do coração, dirigido por um cérebro genial, limpo de todas as imundícies poluentes, para que se possa mergulhar no rio do meu sonho, rio calmo e de cristalina água.
Explicação? Nunca a procurei para os meus sonhos.

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