sábado, 8 de novembro de 2025

Cultivar o pão nunca comido

 

 

Escrevo do lado invisível da imaginação

Nas sombras da noite de baça luz

Na parede por dentro da escrita

Ergo o candeeiro à altura dos olhos

E vejo os pés descalços que correm

Atrás da vida que sempre lhes foge

Por entre os dedos de grossos calos.

Como a paveia da erva atrás do segador

Ficam também aqueles que morrem

Sem nunca terem provado o pão que semearam

Imaginai o que nunca tivestes nas mãos

Além das alfaias do trabalho escravo

Correi pois atrás do merecedor sonho

Desta ceifa terrestre que vos ceifa a vida

E que viver vos parece castigo

Porque viver é mais que aquilo

Que na vida vos é concedido.

 

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