sábado, 24 de junho de 2023

A limpar a "Sagrada Família"

 

 

Ao fazê-lo pensava:

Como é possível ao fim de um ano acumular tanto bolor?

Refiro-me a uma linda imagem da Sagrada Família talhada em pedra, que temos em casa desde há uns anos.

Ia limpando e refletia: (deixando a imagem de lado, e imaginando)

Toda a família é sagrada, mas nem em todas se pode utilizar esta forma de limpeza, o que seria bem mais fácil, diga-se.

O lixo que as famílias vão deixando encrostar é bem mais difícil de limpar.

Há escovas e detergentes que não se querem usar, e as reentrâncias são muitas e por vezes impenetráveis.

Voltando à imagem de pedra:

Ao limpar o São José, reparei no seu rosto sério, mas resignado que parecia dizer:

Mau, olha o respeitinho, não se toca na barba de um homem sem haver confiança suficiente e respeito.

Ao limpar Maria vi uma mulher linda que me dizia:

Por favor, não magoes meu filho.

Depois com muito cuidado, ouvindo ainda as palavras de Maria, limpei o rosto de Jesus.

Continuava risonho e sereno.

Não acusou o roçar do pelo da trincha que o ia limpando.

Não se riu mais do que o sorriso já estampado na imagem, o que me levou a concluir:

Jesus não reage a cócegas.

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