Ao fazê-lo pensava:
Como é possível ao fim de um ano acumular tanto bolor?
Refiro-me a uma linda imagem da Sagrada Família talhada em pedra, que temos em casa desde há uns anos.
Ia limpando e refletia: (deixando a imagem de lado, e imaginando)
Toda a família é sagrada, mas nem em todas se pode utilizar esta forma de limpeza, o que seria bem mais fácil, diga-se.
O lixo que as famílias vão deixando encrostar é bem mais difícil de limpar.
Há escovas e detergentes que não se querem usar, e as reentrâncias são muitas e por vezes impenetráveis.
Voltando à imagem de pedra:
Ao limpar o São José, reparei no seu rosto sério, mas resignado que parecia dizer:
Mau, olha o respeitinho, não se toca na barba de um homem sem haver confiança suficiente e respeito.
Ao limpar Maria vi uma mulher linda que me dizia:
Por favor, não magoes meu filho.
Depois com muito cuidado, ouvindo ainda as palavras de Maria, limpei o rosto de Jesus.
Continuava risonho e sereno.
Não acusou o roçar do pelo da trincha que o ia limpando.
Não se riu mais do que o sorriso já estampado na imagem, o que me levou a concluir:
Jesus não reage a cócegas.
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