quarta-feira, 4 de setembro de 2013

No castelo abandonado

Recolhido a um canto, do inóspito aposento
Tolhido de medo pela escuridão existente
Não ousa mover-se temendo perder-se no labiríntico interior
Entra em aterradora histeria pensando nos monstros medonhos
Que as portas fechadas encerram.
As ameias que servem de pontos de vigia
São a entrada da pouca e coada luz
Que projecta sombras fantasmagóricas
O firmamento, esse, é um luzeiro só
Brilhante e provocador diante de tanta miséria.
Pobre mendigo…
Consciente da paupérrima situação
Faz uma oração na ânsia de atingir o alto
“Ouvi Senhor a minha súplica”
Como tivesse elevado a voz ouve o eco rezando
Por momentos regozija sentindo-se acompanhado
Contente por poder repartir um pouco da sua miséria
Nada, sozinho no seu castelo tão pobre quanto ele.
No lento caminhar da noite vai descobrindo o seu espaço
Sente-se dono de um mundo completamente desconhecido
Um castelo…
Um rei sem súbditos
Só ele, rei e senhor
Um mundo regido pelo medo que o impede de se movimentar
E o eco continua rezando
“Ouvi Senhor a minha súplica, atendei-me no meu propósito”
Um castelo pelo medo que me tolhe
Pela troca terei a minha liberdade
Sempre serei pobre, mas livre do peso
Do medo que não quero como companhia
Neste castelo que não quero meu.

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