quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Ao redor também arde

 

 

Quando arde à nossa volta

O calor sufoca

O fumo não deixa respirar.

Quem fica cercado pelo fogo

Ou descobre fuga e rápido reage

Ou as forças se extinguem

E o corpo vacila e cai.

Este incendio não acontece

Só na minha “tapada”

Há outros pinhais e matos

Que se pensavam protegidos

E o fogo também aí lavra.

Temos de estar em prevenção permanente

Cuidar dos terrenos que são nossos

E ser solidários com os outros

Eles precisam da nossa ajuda

O apoio deve ser constante

Porque este fogo aparece do nada

E sem aviso

E o Cancro

Não é combatido só com água.

 

domingo, 16 de fevereiro de 2025

A Esperança não engana

 

 

Se existe tanto céu por cima de mim como posso desesperar?

Nunca conhecerei o bastante a Deus

Mas sei que Ele me conhece

Aí reside a minha esperança

Ela, a esperança

Me desassossega e desinstala  

Me inquieta e remexe 

Mas é a embarcação que me transporta no mar da minha vida

Ela me guia no caminho de uma procura constante da fé.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Conversando sobre amizades.

 

 

A amizade pode ter valor diferente

Mas sempre permanece

Há amizades que nunca se esquecem

Daquelas que já não se cruzam

Mas que sabemos ser eternas

As da escola

Da vida militar (no caso de quem o foi)

Amigos que ficam de formações

O amigo vizinho de cama no hospital

Os profissionais de saúde

Que são anjos da guarda

Aqueles que imigram, mas sempre te visitam

E há os que…

Vemos e falamos todos os dias

Mas nunca o foram

Também nunca o disseram

Nós é que pensamos que podiam ser

Algumas custam a fazer

As amizades

Outras custam mantê-las

Sou muito amigo dum tinto do Douro

Só vem a minha casa com algum custo

E nunca vem sem eu pagar

Porque tenho de pagar por esta ligação?

Há amizades que valem o sacrifício.

 

 

 

 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

A Luta Continua

 

 

Na tempestade não perdi o caminho

Em dias de temporal contínuo

Sempre me aguentei

Sem alforge nem sandálias

Mas de firme esperança nunca descalço.

Empunhando o bastão da fé

As ravinas são vales frondosos

Firme no cajado do amor

O deserto se torna aconchego.

Viver feliz mesmo sofrendo

Por nunca me saber só

É loucura saudável nesta viagem

Que me permite viajar sem capa

A capa do coitadinho

Do doente estigmatizado.

Esse traje nunca vesti

Por muito oferecido que fosse.

Nunca escondi o meu rosto

No jejum sempre sorri

Sozinho nunca vencerei a guerra

Com ajuda esta batalha ganhei

Para outras que forem surgindo

Estamos aí.

E como disse anos atrás

Não… ainda não morri.

 

 

Marcas de Vida

 

 

Tens cabelos brancos.

Mas porquê, avô

Caiu muita neve

na estrada por onde vou.

 

Tens tantas rugas na cara.

Mas porquê, avô?

Bateu muito sol

na estrada por onde vou.

 

Tens olhos baços.

Mas porquê, avô?

Pousou muito nevoeiro

na vida que por mim passou.

 

Tens as mãos com tantos calos.

Mas porquê, avô?

Tive de trabalhar duro

na vida que por mim passou.

 

Tens um coração tão grande.

Mas para quê, avô?

Para guardar toda a gente

que por mim passa ou passou.